"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

quinta-feira, 15 de julho de 2010

EUROPA REDUZ EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO.

O BRASIL NA CONTRAMÃO DO MUNDO
Autor(es): Agencia o Globo/Danielle Nogueira e Ramona Ordoñez
O Globo - 15/07/2010

Depois dos Estados Unidos, ontem foi a vez de a Europa recomendar a suspensão temporária de novos projetos de exploração de petróleo e gás em águas profundas por causa do vazamento da BP no Golfo do México. O acidente, ocorrido em 20 de abril, já é o maior desastre ambiental da história da Indústria do petróleo. Na contramão, o Brasil acelera seus projetos e hoje o presidente Lula inaugura oficialmente a produção na camada pré-sal do Campo de Baleia Franca, no Sul do Espírito Santo. Ontem, o comissário de Energia da União Europeia, Guenther Oettinger, propôs a suspensão temporária de novos projetos de exploração no Mar do Norte, no Mar Negro e no Mediterrâneo.

Produção de petróleo no pré-sal começa. Europa e EUA reconsideram



Um dia antes de o Brasil iniciar oficialmente a produção de petróleo na camada pré-sal do Campo de Baleia Franca, a 85 quilômetros da cidade de Anchieta, no sul do Espírito Santo, o comissário de Energia da União Europeia, Guenther Oettinger, propôs ontem uma suspensão temporária de novos projetos de exploração de petróleo e gás em águas profundas no Mar do Norte, no Mar Negro e no Mediterrâneo. A recomendação segue a proibição determinada nos Estados Unidos, em resposta ao vazamento iniciado em 20 de abril no poço do Golfo do México, operado pela BP. A Noruega, maior produtor europeu e que não integra o bloco, também proibiu a exploração em águas profundas do Mar do Norte.

- A indústria deve testar três vezes suas práticas, programas de treinamento e tecnologias. As empresas precisarão convencer os órgãos reguladores de que fizeram as verificações necessárias e reforçaram a segurança - disse Oettinger após encontro com representantes de 22 companhias petrolíferas em Bruxelas.

A suspensão proposta pelo comissário da UE ocorreria enquanto os órgãos reguladores americanos e da UE examinam o que causou o acidente da BP. A decisão, porém, cabe a cada um dos 27 Estados do bloco.

Já o comissário de Meio Ambiente da UE, Janez Potocnik, reconheceu que uma análise das regras ambientais do bloco revelou falhas.

- Parece que temos duas opções: ou aplicamos instrumentos específicos (para a perfuração offshore) ou ampliamos o escopo de nossas ferramentas já existentes - disse.

Na contramão da suspensão de novos projetos em águas profundas, o Brasil inicia oficialmente hoje a produção no pré-sal em reservas no Espírito Santo descobertas em dezembro de 2008. Segundo a Petrobras, o poço produzirá 13 mil barris de petróleo leve por dia e a previsão é que atinja a capacidade máxima, de 20 mil barris/dia, ainda este ano. O projeto adotará tecnologias pioneiras para operar nas condições geológicas do pré-sal.

Analistas divergem sobre suspensão

As opiniões sobre a paralisação temporária da exploração em águas profundas são divergentes. Há cerca de 15 dias, problemas operacionais durante a perfuração do segundo poço no pré-sal, na Bacia de Santos, levaram a seu fechamento.

Edmar de Almeida, do Grupo de Energia do Instituto de Economia da UFRJ, reconhece que houve falhas graves da BP, mas afirma que o Brasil deve manter seu programa no pré-sal.

- Risco sempre tem. Mas uma moratória é uma resposta política à pressão popular. Além disso, a produção nas bacias brasileiras não está caindo como na Europa. Estamos apenas no início da festa. Portanto, o Brasil não tem que entrar nessa onda. O que deve ser feito é investir em tecnologia para mitigar riscos - afirma.

O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, garantiu que as normas de segurança adotadas no Brasil estão entre as melhores do mundo e, portanto, não vê motivos para a suspensão de futuros projetos em águas profundas no país.

- A nossa legislação de segurança operacional é considerada uma das mais modernas do mundo. Soubemos dessa notícia pela imprensa (suspensão em outros países) e por enquanto não temos a intenção de adotar medida semelhante - afirmou Lima, completando que o acidente da BP, após a conclusão das investigações, também será levado em conta para aperfeiçoamento da legislação.

O professor do Instituto de Economia da UFRJ Hélder Queiroz criticou a falta de mais informações sobre as regras de segurança por parte da ANP e do Ministério de Minas e Energia.

- A ANP precisa mostrar à sociedade o que temos, e se vai ser preciso mudar algo ou não. E se for, quais medidas serão necessárias para reforçar - disse Queiroz.

Já a procuradora federal Telma Malheiros, responsável pela criação do escritório de licenciamento das atividades de petróleo e nuclear do Ibama - atual Coordenação de Petróleo e Gás do instituto -, defende que o Brasil altere seu modelo de gestão das bacias petrolíferas, de modo a incorporar a avaliação ambiental dessas bacias.

- O Brasil não deveria autorizar novos projetos de exploração em águas profundas enquanto não tiver uma avaliação estratégica ambiental de suas bacias. Só assim teremos um mapeamento com áreas onde a atividade petrolífera não pode ser conduzida pelo elevado risco que um vazamento poderia provocar. E essa exigência deve ser imposta pelo governo.

Radicalmente contrário à exploração do pré-sal, o diretor de campanhas do Greenpeace, Sergio Leitão, frisa que o Brasil vai na contramão dos esforços mundiais para reduzir as emissões de CO2. Para ele, os bilhões que serão investidos no pré-sal deveriam ser aplicados em pesquisas para desenvolver energias alternativas.

Um comentário:

  1. acredito que o pre sal tem que ser explorado mas de maneira balaceiada com varias fontes renováveis que existem no Brasil, a não exploração pode deixar a versão para o exterior que nao estamos nem ai para o petroleo em nossa area forçando uma possivel migração de empresas da europa e
    Eua para o Brasil temos que produzir petroleo para exportar e com o dinheiro investir em fontes de energia renovaveis deixando a economia Brasileira mais gorda, e um Brasil mais Alfabetizado, seguro, saudavel enfim um país de primeiro mundo e exemplar.

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