O estudo, feito por dois pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, indica que Marte teve, há cerca de 3,5 bilhões de anos, um ciclo hidrológico semelhante ao existente atualmente na Terra.
O ciclo, de acordo com estudo publicado neste domingo (13/6) na revista Nature Geoscience, incluía o acúmulo de água no subterrâneo e a formação de nuvens, chuvas, rios e um oceano que cobria mais de um terço da superfície marciana.
O oceano teria tido um volume de 124 milhões de quilômetros cúbicos de água. O volume é menos de dez vezes o existente atualmente na Terra, mas ainda assim suficiente para formar uma camada de água com 500 metros de profundidade por todo o planeta vermelho.
O estudo, feito por Gaetano Di Achille e Brian Hynek, é o primeiro a combinar a análise de características relacionadas à agua, incluindo depósitos de deltas e milhares de vales de rios, de modo a investigar a ocorrência de um oceano sustentado por uma hidrosfera global no passado marciano.
Mais da metade dos 52 deltas de depósitos de rios identificados no novo estudo – cada um dos quais com numerosos vales – marcavam os limites do eventual oceano, uma vez que tinham aproximadamente a mesma elevação.
Dos deltas, 29 estavam ligados ao oceano ou a diversos lagos adjacentes de grande volume. Os pesquisadores combinaram dados obtidos por diversas missões das agências espaciais norte-americana (Nasa) e europeia (ESA).
Outro artigo, publicado simultaneamente no Journal of Geophysical Research, feito por Hynek e Monica Hoke, também da Universidade do Colorado, descreve a identificação de 40 mil vales formados por rios em Marte. O número é cerca de quatro vezes maior do que havia sido identificado previamente.
Os vales eram fontes de sedimentos carregados pelas correntes e levados aos deltas adjacentes ao suposto oceano. “A abundância de vales implica uma quantidade muito expressiva de precipitação. Isso praticamente acaba com a dúvida de que Marte teve chuva em seu passado”, disse Hynek. E um oceano era necessário para sustentar essa precipitação.
“Uma das principais questões que gostaríamos de ver resolvida no futuro é para onde foi toda essa água”, disse Di Achille. Segundo ele, futuras missões ao planeta – como a Maven, da Nasa, com lançamento previsto para 2013 – devem ajudar a responder tais dúvidas e aumentar o conhecimento a respeito da história da água marciana e da possível existência de algum tipo de vida no passado do planeta.
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