Entrevista completa com José Ronaldo de Carvalho
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A trajetória política de José Ronaldo de Carvalho é inegavelmente vitoriosa. Eleito vereador, deputado estadual e federal e prefeito de Feira de Santana, ele parte agora para o maior desafio eleitoral de toda carreira, disputar uma vaga no Senado.
Em entrevista a equipe do Blog da Feira, Ronaldo falou sobre a maratona de viagens pela Bahia, criticou duramente o governador Jaques Wagner, apontou o favorito a se eleger deputado federal na disputa entre Borges Júnior e Fernando Torres e também disse o que espera de Tarcízio Pimenta nesse processo eleitoral.
Nessa conversa, Ronaldo deixou clara a intenção de alçar vôos cada vez mais altos e afirmou que não pensa em governar Feira de Santana novamente, para encerrar, ele ainda respondeu se é ou não dono de uma faculdade na cidade de Paripiranga.
Leia abaixo a entrevista completa
Blog da Feira ? Como tem sido a rotina de viagens pelo interior do estado? Que avaliação o senhor faz dessa maratona?
José Ronaldo de Carvalho ? Desde que saí da Prefeitura tinha dito a mim mesmo que tiraria um mês de férias, coisa que só fiz uma vez na vida. Mas não consegui tirar os 30 dias, tirei apenas cinco. Aí começou a eleição da UPB e eu me envolvi totalmente. Depois que saí da Prefeitura consegui fazer uma viagem de 15 dias, fora disso, todos os dias têm sido viagens de trabalho, encontros, discussões e troca de ideias políticas. Isso foi crescendo, evoluindo e hoje digo que visitei todas as regiões da Bahia. Um número superior a 150 municípios. Alguns de porte regional visitamos mais de uma vez e sempre discutindo, debatendo, ouvindo as pessoas e tomamos uma decisão. Depois da decisão tomada continuamos viajando e mantendo os contatos que têm evoluído cada vez mais. O que acontecia quinta, sexta, sábado e domingo, agora é de segunda a segunda. Está acontecendo normalmente e tem me deixado satisfeito e vamos continuar. A partir de 5 de julho o que tem acontecido em ambientes fechados vai passar a ser em ambientes públicos.
BF - Nessa andança, qual cidade lhe pareceu mais simpática e em qual recebeu melhor acolhimento?
JRC - Eu diria que simpática foram todas. Não senti receptividade negativa em nenhuma delas, muito pelo contrário.
BF - Ainda assim, tem alguma que se destacou? Chamou a atenção de alguma forma?
JRC - Essas coisas você vai, debate, é o mundo político. Nesse período as pessoas estão tendo a oportunidade de falar de se expressar. Então, nós não falamos imediatamente. As pessoas das próprias cidades têm se manifestado, apresentado aquilo que eles entendem que é importante para o seu município. Isso tem servido em nível da candidatura do Executivo, no caso o Governador, para um aprofundamento e, até mesmo, um projeto de governo. Essas pessoas têm colaborado para isso. Na hora que você abre um diálogo e permite que as pessoas se expressem, essa coisa flui com mais naturalidade. Em nenhum momento chegamos lá para dar uma palavra e nos retirarmos. Foi uma coisa feita em perfeita sintonia com as comunidades e em todas elas não foi uma visita isolada na casa de uma pessoa, de uma autoridade, político... Foram com participações de autoridades e políticos, mas em ambientes coletivos.
BF -? E a terra natal, Paripiranga?
JRC - Estive em Paripiranga nesse período em um seminário que foi promovido na faculdade local. Um amplo debate sobre perspectivas para a região nordeste da Bahia. Como foi um ambiente, inclusive, com participações de pessoas da Bahia e de Sergipe, tanto do mundo acadêmico quanto do mundo político e social, tornou-se uma coisa de amplitude muito regional. Não abordei a questão político-partidária. Nos contatos telefônicos, em conversas individuais tenho encontrado uma boa receptividade. Está programado voltarmos lá agora no final de junho. A partir daí vão acontecer mais conversas políticas.
BF - Dessas regiões que o senhor andou - já conhecia a Bahia, claro, mas agora está andando, está sentindo - quais as regiões mais problemáticas? Qual é que está mais necessitando da presença do Estado?
JRC - Queixas do governo todas as regiões têm apresentado. Os itens saúde e segurança pública tem sido uma constante, um debate muito intenso das comunidades em todas as regiões. O Oeste da Bahia, o Extremo Sul, o Sul, a região de Irecê, estas regiões tem apresentado muitas reclamações contra o governo, da omissão do governo. Nessas regiões as queixas têm sido mais fortes até que nas outras.
BF - Qual a perspectiva de votos no estado e em Feira especificamente?
JRC - Nunca em minhas eleições, desde quando fui vereador, deputado estadual, federal e prefeito, eu nunca fiz previsão de votos. Voto é uma coisa secreta, então, fazer previsão é até deselegante. Agora, quando fui vereador, fui o mais votado. Nas minhas candidaturas para deputado estadual sempre tive boas votações; na minha terceira eleição a deputado estadual, a votação triplicou. Quando fui candidato adeputado federal, a minha votação triplicou sobre a última de estadual que já tinha triplicado. Como prefeito, fui eleito no primeiro turno com 60%, a segunda com 70% e nesses 70%, se não me falha a memória, tive 172 mil votos, em 2004. O que sinto na rua, nos contados com as pessoas, é muito carinho. Até pessoas que não votaram comigo para prefeito, deputado, me abraçam e dizem, ?agora vou votar com você. Não votei antes, porque tinha amizade com fulano, beltrano, que também era candidato; não era porque achava que você não merecia. Mas agora é uma candidatura que pessoas de Feira não estão disputando, então quero dizer que vou votar em você para esta eleição?.Tenho ouvido isso com uma freqüência enorme na região de Feira de Santana. Tenho tido alguns contatos em Salvador, inclusive encontros em entidades e as pessoas vêm a mim e perguntam, ?é você que é Zé Ronaldo de Feira de Santana? Vou votar no senhor?. Essa semana houve um evento em Ilhéus, estávamos eu e Paulo Souto, e entre alguns contatos que tivemos - chegamos pela manhã e o último contato programado era para às 17 horas, um debate com a sociedade, sobrou meia hora. Eu conhecia Ilhéus, já tinha ido três ou quatro vezes e passava em frente à igreja da cidade e achava muito bonita. Nunca tinha tido a oportunidade de parar em Ilhéus, porque sempre fui a seminários, encontros e nunca tinha tipo a oportunidade de ir ao bar Vesúvio, aí pedi a Paulo Souto, que já morou em Ilhéus, para me levar à igreja e ao bar, que são vizinhos. Quando descemos do carro, tinha um grupo de uns 20 estudantes em frente à igreja e eles correram e abraçaram Paulo Souto, tiraram fotos... aí se aproximou um cidadão na hora em que eu estava subindo a escada da igreja e perguntou se eu era Zé Ronaldo. O cara em um gesto simpático, extremamente agradável me deu um abraço e disse, ?tinha muita vontade de lhe conhecer. Você é o meu voto de senador?. Tomei um susto. Ilhéus é distante daqui, cidade de porte médio. Tenho ouvido isso no Extremo Sul, Oeste, não vou nem falar na região Norte, a Sisaleira, a da Chapada Diamantina, porque essas pessoas visitam muito Feira e aí comentam...Vou dizer, vou ter tantos votos? Não vou. Não sei. Quantos votos vou ter na Bahia? Não sei. Agora, senador é como eleição de governador, só que não tem segundo turno. Governador, os dois mais votados, se não atingir 50 mais 1 vão para o segundo turno. Senador não, os dois mais votados são os eleitos. Eu espero estar entre os dois mais votados.
BF - E se houver outro candidato nessa chapa PSDB / DEM, é melhor ou vai dificultar um pouco as suas possibilidades de vitória?
JRC - Eu entendo que é bom ter outro candidato. Acho que se você tem sete candidatos e passa a ter oito, se tem oito e passa a ter nove, são mais candidatos. Divide mais. Na minha cabeça é assim. Agora, tem gente que também acha que entende de política, que eu não entendo, e acha que se não tiver, melhor. Eu não sei, eu estou cuidando da campanha. Trabalhando como um todo, não só na minha. Quero disputar o pleito eleitoral. Essa coisa de ficar antes da eleição fazendo muita conta, projeção, nem sempre bate.
BF - O senhor considera deselegância as declarações de Jutahy Júnior, ao dizer que quando fez aliança com Paulo Souto ele pessoalmente teria perdido 50 mil votos? Isso foi desagradável aos ouvidos dos democratas?
JRC - Não li isso. Também não estou dizendo que ele não disse. Mas, nas conversas que ele tem tido comigo ultimamente, tem me dito que está muito satisfeito com os contatos no interior, com a receptividade e tem feito projeções de votos, que o tornará, sem dúvidas, um deputado com mais votos que na eleição anterior. Agora, o que ele disse desde o início é que a coligação seria na chapa majoritária, porque ele entendia que era bom para o PSDB, para Serra, para Paulo Souto, para Zé Ronaldo, era bom para todos. Porque isso aí seria uma soma de todos nós e eu acho que é uma soma de todos nós. Tinha uns que entendiam que a chapa proporcional de deputado federal ou estadual deveria ser um chapão, todos coligados. Justiça seja feita, ele pessoalmente, membro do PSDB, sempre entendeu que deveria ser separado.
BF - E o senhor particularmente, acha que na proporcional deve ser formado um chapão ou deviam mesmo sair separados?
JCR ? Acho que isso aí é um assunto superado. Sempre em minhas colocações entendia que deveria ser uma chapa coligada em todos os sentidos, mas isso é uma coisa que não é decidida por uma única pessoa. As pessoas têm o direito de se manifestar, de dar opiniões e serem ouvidas. Enquanto eu acho que tinha que ser, o cidadão que está sendo candidato lá pode achar que não é e ele tem o direito de falar; como o que acha que deve ser, também tem o direito. Você nunca vai conseguir consenso em um processo desse de coligação e chapa proporcional, nem aqui nem lá, nem em lugar nenhum. Essas discussões estão acontecendo também do outro lado. A nossa foi apressada nos últimos dias, porque a nossa convenção é a primeira.
BF - Em declarações dadas nos últimos dias o deputado Gaban disse que o PSDB da Bahia pensava pequeno e por isso só tinha dois federais e um deputado estadual; aconteceram declarações também do PPN, enfim, imputa-se a Jutahy a declaração lembrada na pergunta anterior. De alguma forma esse ambiente, o senhor acha que cria um relacionamento ruim entre os partidos?
JRC - Qualquer discussão política pública de qualquer partido em qualquer coligação é claro que provoca, naquele momento, algum desencontro. Por exemplo, comenta-se na imprensa que quando César Borges estava discutindo com o PT, para fazer uma coligação com Wagner, o que dificultou a sua ida para o PT foi que não conseguiu fazer a coligação e que Geddel garantiu fazer. Comenta-se que o PSC não quer coligar na chapa proporcional com o PMDB ou com outros partidos. Outros entendem que deve coligar. Comenta-se que o PC do B não quer coligar com o PP, mas aceita coligar com o PT. Então, têm essas coisas em todos os lados políticos.
BF - Como o senhor avalia a ida de Fernando de Fabinho, Jairo Carneiro e Eliana Boaventura para o governo Wagner, já que eles eram aliados ao DEM? Acha que com eles ao seu lado seria mais fácil?
JRC - Isso aí é coisa do passado. Já faz alguns meses e acho que esse assunto, no momento, não contribui mais para o debate, já foi muito debatido na época.
BF - O senhor falou da crítica social nas cidades da Bahia referente ao governo Wagner, mas em uma opinião pessoal, qual é a avaliação do governo Lula?
Zé Ronaldo ? A minha opinião sobre o governo Wagner é muito ruim.Um governo de ações muito fracas. Quando eu digo isso de Wagner, que fez uma campanha toda dizendo que era amigo do presidente, que era isso e aquilo outro... o que está acontecendo na Bahia..., se você pegar um carrinho e for a Pernambuco vai ficar com os olhos bem abertos e vendo o que está acontecendo em Pernambuco e não está acontecendo em nosso Estado. Um exemplo muito prático: a BR 101 - que corta Feira de Santana e corta a Bahia em larga escala, da divisa de Sergipe até a divisa do Espírito Santo, são muitos quilômetros, vem sendo trabalhada a duplicação do Rio Grande do Norte em direção à Paraíba. O presidente esteve aqui quinta-feira (10) e lançou um trecho dentro do estado de Sergipe, em direção a Alagoas, lançaram um edital vindo do Rio de Janeiro, Espírito Santo, que entra na Bahia 20 km, chega no entroncamento de um município chamado Mucuri no extremo sul - conheço o município, estive lá recentemente e as pessoas estão debatendo muito isso na região -, o edital pára e o trecho da Bahia, que vai de Sergipe ao Espírito Santo até hoje não foi lançado absolutamente nada. Isto é omissão do Governador. Recentemente foi feita uma pesquisa nacional mostrando que um dos maiores entraves do desenvolvimento da Bahia é o nosso porto. Aí alguém pode dizer, ?mas isso também era no passado?. Não,. Está muito mais grave agora, porque a Bahia ganhou alguns projetos de desenvolvimento, que não foram desse governo, a Ford, a Continental, a Firestone, a Pirelli de Feira de Santana, que se agigantou muito, e outras empresas mais, a soja, que precisa justamente desse porto. E aí não houve briga nenhuma do governo baiano para aproveitar sua amizade com quem ele chama de ?meu compadre?, para resolver esse problema. Enquanto isso, Pernambuco está fazendo um porto. Outro exemplo prático: o BNDS, Banco de Desenvolvimento que empresta dinheiro para as empresas serem implantadas, ampliadas. Que está acontecendo? A Bahia sempre recebeu em nível de nordeste brasileiro em torno de 60% dos investimentos e hoje está abaixo de 20%. Pernambuco que era em torno de 20% está em torno de 48%. O Ceará que era em torno de 16% está superior a 35%. Isso é omissão do governador. É aquela história, é meu compadre, não vou brigar com ele. As coisas que estão acontecendo, vão para os outros lugares. Os outros têm mais habilidade. Não são compadres e por isso, talvez estejam usando a força do estado, a função do governador para atrair os investimentos.
E o governo Lula, acho que tem uma boa avaliação; está aí nas pesquisas. O governo Wagner em uma última pesquisa deu 38% de ótimo e bom e Lula 75%. Uma pessoa que tem 75% de ótimo e bom está aceita pela população. Isso responde qualquer colocação minha.
BF - Sua candidatura está focada em quais propostas?
JRC - Toda a minha vida trabalhei em uma linha de defesa do municipalismo. Quando eu era vereador já trabalhava nessa linha. Como deputado estadual, tive a oportunidade de trabalhar em alguns projetos como relator defendendo nessas linhas também. Inclusive a última lei que mudou o ICMS na Bahia eu era líder [do governo Paulo Souto na Assembléia] e trabalhei muito nesse processo. Na Câmara Federal fiquei dois anos e fiz parte da Comissão da Lei de Responsabilidade Fiscal. Também na Câmara discutimos essa questão da Saúde, que o município deveria gastar 15%. E olhe que já tinha previsto até ser candidato a Prefeito. Fui um dos que mais defendi essa proposta na Câmara Federal, quando isso estava sendo debatido e me lembro que o Município ficou com 15%, o Estado com um percentual e a União, ficou fora, porque se jogou para uma regulamentação. Na época fui voto vencido, porque queria que fosse decretado o percentual do governo federal no momento e até hoje isso não foi aprovado na Câmara Federal, esta sendo debatido há quase 10 anos. O governo federal nunca teve boa vontade para isso. Agora os democratas e o PSDB fecharam questão. Só vota alguma coisa lá depois que votar isso, a chamada Emenda 29. Que é que essa Emenda diz? Que o Governo Federal tem que gastar no mínimo, no Ministério da Saúde, 10% do orçamento. Na hora que o Governo gastar no mínimo 10% do orçamento com a saúde, pode ter certeza que este país vai melhorar a saúde. Como senador, essa vai ser uma das bandeiras bem forte que defenderei lá e, evidentemente, defender a questão dos municípios.
BF - Que tipo de atitudes o senhor aguarda aqui em Feira de Santana do prefeito Tarcízio Pimenta? Espera que ele arregace as mangas, vá para o campo buscar votos para o senhor também? Faço esse questionamento porque vez por outras surgem comentários de que o senhor e o prefeito não têm um bom relacionamento, que podem estar prestes a um rompimento. Diante desse tipo de comentário, que por certo o senhor deve ouvir também, qual é a postura que aguarda do prefeito nessas eleições?
JRC - Esses comentários surgiram antes mesmo que eu saísse da Prefeitura. Já tem um ano e meio e parece até que diminuíram. Nas vezes que tenho tido contato com o prefeito, tem sido até poucos, porque estou viajando muito, quando converso por telefone ou a gente se encontra não tenho sentido dele distanciamento desse processo. Você pergunta se ele vai participar desse processo; eu acho que ele está participando.
BF - Caso não seja eleito este ano, quais são os planos?
JRC - Sinceramente não nasci na política e não transformei a minha vida em uma bandeira de que isso é o que resolve ela. Vocês conhecem a minha história política. Claro que estou buscando a vitória, mas se ela não aparecer vai ser respeitada evidentemente a decisão soberana do povo. Mas eu espero que ela venha. Se não aparecer, vou levar a minha vida normal como tenho levado agora. Tem um ano e meio que estou fora de mandato e nunca me faltou trabalho um dia sequer. Acho que vai continuar assim sem faltar. Aprendi na minha vida que se sou eleito e se sou eleito ao lado de companheiros em outras missões, sou parceiro dos resultados das urnas. Se as urnas me derem para ser oposição, sou oposição. Quando me elegi deputado a primeira vez, fui oposição quatro anos e fui tentado muito durante os quatro anos para me tornar governo e nunca aceitei. Na eleição seguinte ganhamos para deputado e governador, fui governo. Nesse período que Wagner ganhou, fui oposição. Se ganharmos a eleição seremos governo, mas tocando a vida.
BF - Muita gente considera a sua candidatura ao Senado arriscada, acha que ganharia muito mais fácil se fosse candidato a deputado federal. Como o senhor avalia isso? Esse é o maior desafio eleitoral em sua vida?
JRC - Não. Acho que quando a gente se candidata, toda eleição é um desafio; não existe eleição sem desafio. Quando fui candidato a deputado estadual, minha primeira eleição, muita gente dizia ?mas rapaz você não vai ter êxito. Você é vereador em Feira...? Muitos que eram vereador em Feira se candidataram e não tiveram êxito. As vezes tiveram até depois, quando chegaram a ser Prefeito e tal.., mas saí da Câmara de Vereadores de Feira direto para a Assembléia. Aí fui oposição e diziam que eu tinha que ir para o governo, porque se não, iam arrancar minhas bases pelo interior e eu fui oposição e mantive os meus votos. Quando passei a ser federal, aí as pessoas falavam ?mas rapaz, federal é o dobro dos votos?, e fui eleito. A única eleição que as pessoas não colocavam comentários de dúvidas foi a minha reeleição para Prefeito. Na primeira ainda aparecia... Eu acho que eleição é disputa, a luta da busca eleitoral. Lula conseguiu na quarta tentativa. Estou confiante e tenho sentido uma receptividade encantadora por onde tenho passado.
BF - Fernando Torres e Antônio Carlos Borges Júnior. Temos em Feira de Santana dois candidatos do DEM a Deputado federal. Uma avaliação do senhor sobre esses dois nomes, a lógica do partido em chamar esses dois nomes, a conveniência e as chances.
JRC - São importantes para o grupo político essas candidaturas. Uma não interfere na outra. São campanhas que podem muito bem ser feitas, como foram feitas a de Jairo Carneiro e Fernando de Fabinho. Acho que naquela eleição Jairo não se elegeu não foi por causa de problema de voto em Feira. Aquela história de fazer cálculo que é complicado. Todo mundo dizia que naquela eleição 70 mil votos elegeriam, então muita gente trabalhou para 70 mil votos. Me lembro que quando estava faltando 20 dias, um deputado federal que é danado para acertar, chegou, tinha uma roda de políticos conversando, e disse que 70 mil não iria mais eleger. Foi um ti ti ti na hora. Perguntaram por que ele estava dizendo aquilo e ele disse que tinha feito as contas, refeito e 70 mil não mais elegeria na nossa coligação. Foi dito e certo. Perguntaram, você acha que é quanto e ele disse 75 mil e deu 75 mil. Isso eu gravei, porque ele falou com uma convicção. O Jairo faltou pouquinhos votos para 70 mil. E quando os que estavam ali saíram correndo atrás, o espaço já estava bem apertado, muito complicado. Houve aquela questão dos últimos 15 dias das eleições, muita gente começou a mudar o voto para governador e também as pessoas conseguiram alguns votos na questão de deputados na coligação do lado do governador. Um fato bem parecido aconteceu em 1990, quando Antônio Carlos Magalhães foi candidato e o adversário foi Roberto Santos. Antônio Carlos cresceu, aí foi o inverso, nos últimos 30 dias muitos deputados ganharam votos.
BF - Fernando Torres e Antônio Carlos Borges Júnior repetem mais ou menos o cenário de Fernando de Fabinho e Jairo Carneiro?
JRC - Acho que sim.
BF - Não há conflito?
JRC - Acho que não, mesmo porque o que eles me falaram é que um até conversou com o outro.
BF - O grupo vai pedir voto para os dois candidatos.
JRC - Claro. Se o cidadão votar em Fernando é Fernando se deseja votar em Antônio Carlos é Antônio Carlos.
BF - O senhor apontaria em qual dos dois como favorito?
JRC - Fernando Torres é deputado estadual, está nesse processo há bem mais tempo. Evidentemente se você tem um mandato e está no processo há muito mais tempo, teoricamente falando, a tendência é que este tenha mais voto que o outro.
BF - Qual a opinião do senhor sobre o projeto Ficha Limpa, que inclusive na quinta-feira (10) o TSE determinou que vai valer para essas eleições?
JRC - Na prática já estava existindo. Na eleição de prefeito, centenas de candidatos foram excluídos do processo pelos TREs, pelo TSE. Muitos candidatos foram substituídos nas últimas 72 horas antes da votação. Na Bahia tivemos dezenas de casos desses; no Brasil, centenas. Na prática, o Tribunal já estava atuando nessa linha.
BF - Em comentários de bastidores, que também podem ser chamados de fofocas, dizem que o senhor é dono de uma faculdade. O que diz desse tipo de comentário?
JRC - São comentários que surgem, quando se quer denegrir a imagem de uma pessoa. Eu gostaria sim, muito, de ser dono de uma faculdade, mas não sou. A terra que eu nasci, uma cidade que hoje já cresceu, mas sempre foi um município pequeno, porém próspero; sempre foi produtor, o maior produtor de grãos do sertão da Bahia. O rapaz que é dono da faculdade começou com uma escolinha em Paripiranga há mais de 20 anos. A escolinha foi progredindo e um dia, eu era deputado estadual, ele era funcionário do Banco do Brasil e me disse que ia pedir demissão. Tomei um susto enorme e disse que todo mundo na terra queria ser funcionário do Banco do Brasil, como ele ia pedir demissão. Ele disse que ia pedir, porque o Banco estava atrapalhando a vida dele. Queria crescer com a escolinha e o Banco não estava dando tempo. Pediu, foi para dentro da escolinha que era pré-escola, transformou em escola fundamental e foi crescendo. Um dia cheguei em Paripiranga e ele me disse que ia criar uma Faculdade na cidade. Tomei um susto, quando ele disse isso. Tempos depois ele me ligou e perguntou se eu tinha ido lá e eu respondi que não e ele pediu para quando eu fosse reparar em determinado local e lá estava um prédio construído, muito bonito. Ele me convidou para a aula inaugural. Participei da abertura fui paraninfo diversas vezes. Talvez pela minha história os alunos me convidem, mas dono não sou. Na minha candidatura à reeleição para Prefeito teve gente que foi lá, filmou, tirou fotos da faculdade para colocar em horário eleitoral como se eu fosse dono. Depois não sei porque, acho que se convenceram que eu não era e não colocaram nada no horário eleitoral. Talvez porque o dono da faculdade seja de origem muito humilde, assim como eu sou(esse comentário é feito). Assim como eu fiz uma carreira política, graças a Deus decente, chego por esse interior e o que ouço por ter sido prefeito de uma cidade como Feira de Santana e ter as contas aprovadas sem ressalva, caso único nesse Estado, e as pessoas comentarem. As pessoas também comentam que o rapaz de origem humilde é um vencedor na Educação. Ele é muito respeitado em Brasília. Em uma das minhas idas lá ele disse que ia criar o curso de Direito e eu disse que não duvidava mais. Já está formando a primeira turma agora. Há dois anos encontrou comigo e disse que ia criar o curso de Medicina, aí eu também disse que não duvido mais. Ele já está criando as condições.
BF - Um Senador é geralmente visto como um executivo, um auxiliar do executivo e essa candidatura demonstra que o senhor tem realmente uma vocação de executivo. Já passou muito tempo como deputado, mas os oito anos como Prefeito revelaram a sua vocação e o senhor fala com muita propriedade sobre administração pública. Então, o senhor gostaria de voltar a ser Prefeito de Feira de Santana?
JRC - Não. Isso não tem passado pela minha cabeça.
BF - Seu projeto é mesmo ser Senador... No caso de não ser eleito, se já disse que vai ficar mesmo assim na política, não é o seu projeto voltar à Prefeitura?
JRC - Não.
BF - E o Governo do Estado?
JRC - Aí são circunstâncias. Se você for olhar a história da política baiana, essa questão de governadores, tem muita gente que se planejou e nunca chegou nem perto.Tem outros que nem pensavam e chegar a ser. Essa coisa de Governador, Prefeito, além da luta da própria pessoa, acho que tem algumas outras coisas que contribuem.
BF - O Brasil ganha a Copa do Mundo da África? JRC - Eu acredito. Estou sentindo muita responsabilidade nos jogadores. Estão realmente com muita determinação. Para ganhar a Copa, uma seleção unida e determinada, acho que são fatores muito importantes.Se tirarem a vaidade, não ficarem pisando em salto alto, o Brasil tem chance. FONTE BLOG DA FEIRA |
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