"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

sábado, 8 de maio de 2010

MÃES BRASILEIRAS TÊM MENOS FILHOS


08.05.2010

O perfil das famílias brasileiras mudou. Se antes a fotografia da família reunida mostrava um casal rodeado por filhos, agora não mais que dois cercam os pais. Uma das consequências da diminuição no tamanho das famílias é redução da pobreza.

Esta “sinergia” entre fecundidade e pobreza foi analisada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o estudo, a taxa de fecundidade no Brasil vem caindo desde 1960, quando a mulher tinha, em média, 6,3 filhos.

Mudanças sociais, como a inserção no mercado de trabalho e o aumento do nível de escolaridade das mulheres, provocaram uma queda da taxa de fecundidade para 2,6 filhos em 1996. Hoje, a mulher tem, em média, 1,9 filho.

Paralelamente às mudanças dos arranjos familiares, os dados do IBGE revelam queda também no percentual de pobres no Brasil, que, à exceção de pequenas oscilações, se manteve em torno de 40% até 1993. Entre 1995 e 2003, os níveis de pobreza estavam em 35%. Nos últimos sete anos, contudo, houve uma queda consistente que alcançou 22,7% em 2007.

Além do impacto nas mortalidades materna e neonatal, o IBGE avalia que a redução da taxa de fecundidade permite que as mães obtenham uma inserção mais produtiva no mercado de trabalho e menor carga de trabalho doméstico.

“Antigamente, os arranjos familiares consistiam no homem, sustentando a família, e uma mulher trabalhando muito, mas sem gerar renda e cuidando de muitos filhos", explica o pesquisador do IBGE José Eustáquio Diniz. "Quando você tem uma família pequena, a mulher tem mais tempo para estudar e para se inserir no mercado de trabalho. Então você passa a ter uma família com um casal contribuindo, e não apenas o homem, e menos filhos. Isso é um fator que ajuda muito na redução da pobreza.”

O IBGE constatou que a diminuição do número de filhos por família atingiu não apenas as áreas urbanas, mas também as rurais. Em 1996, a fecundidade urbana era de 2,3 filhos e a rural de 3,5. Dez anos depois, caiu para 1,8 filho e 2 filhos, respectivamente.

Entre as mulheres com 1 a 3 anos de estudo, a taxa caiu de 3,6 filhos para 2,8 filhos entre 1996 e 2006. Já entre as mulheres com 9 a 11 anos de estudo, a fecundidade passou de 1,7 filhos para 1,6 no mesmo período.

Aliado à mudança no perfil das famílias, o crescimento econômico com distribuição de renda, apoiada na política de valorização do salário mínimo e no programa Bolsa Família, acelerou a queda dos níveis de pobreza no Brasil. “Quando você junta crescimento econômico, distribuição de renda e condições demográficas favoráveis, isso tem um impacto enorme na redução da pobreza. O Brasil nunca teve uma queda tão grande da pobreza como nos últimos seis, sete anos”, diz o pesquisador do IBGE.

Diniz faz, no entanto, um alerta. As projeções do IBGE indicam que, a partir de 2025, foi deflagrado um processo mais rápido de envelhecimento da população, o que significa aumento do número de idosos e, consequentemente, impacto na Pevidência Social.

“Temos de aproveitar os próximos 10, 15 anos para erradicar a pobreza, porque depois que o país envelhecer as condições vão ficar mais difíceis. As condições demográficas já não serão favoráveis. Estamos no momento certo para promover maior qualidade de vida para a população brasileira”, argumenta.

Dilmanaweb.com.br

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