Gravidez na adolescência pode aumentar riscos de morte de bebê durante o parto
De acordo com a equipe de pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, foram realizadas 10.72 entrevistas
Mãe e bebê após parto em sala de cirurgia
Engravidar na adolescência, ser vítima de violência doméstica e adoecer são causas que podem aumentar os riscos de morte do bebê logo após o nascimento, é o que diz um estudo publicado nos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. O estudo foi conduzido pela pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), Elaine Fernandes Vilellas de Oliveira, e foi publicado na edição de março de 2010.
Segundo os pesquisadores, foi realizado um levantamento para a coleta de dados, que é integrande do Estudo da Morbi-mortalidade e da Atenção Peri e Neonatal da cidade do Rio de Janeiro, desenvolvido com amostra de mães que deram à luz em maternidade do município. De acordo com a equipe de pesquisa, foram realizadas 10.72 entrevistas. No total, eles atestam que foram selecionadas 47 instituições: 12 compuseram o primeiro estrato amostral, correspondendo a 34,8% dos partos; 10, o segundo estrato, correspondendo a 34,4% dos partos; e 25, o terceiro, com 30,8% dos partos. Ainda segundo eles, as perdas contabilizaram 4,5% do total de partos ocorridos, sendo os principais motivos a alta precoce da mãe ou sua recusa em participar da pesquisa.
Os autores revelam que " das 9.041 puérperas que permaneceram no estudo, 22% eram adolescentes, com idade entre 12 e 19 anos. Dentro desse grupo, a proporção de mães que tiveram filhos antes dos 16 anos foi de 2,5%. A média de idade foi de 17,4 anos para as mães adolescentes e 26,3 para puérperas entre 20 e 34 anos" . Em relação aos óbitos, " foram identificadas diferenças importantes: as mães das crianças que vieram a falecer apresentaram maior frequência de cor da pele preta ou parda, de episódios de agressão física na gestação, de morbidades pré-gestacionais e durante a gestação" . Ainda quanto à escolaridade e à idade da mãe, segundo a pesquisa, " as médias foram mais baixas dentre as puérperas que tiveram, como desfecho, os óbitos dos seus bebês" .
Para os autores, " os resultados obtidos reafirmam, no município do Rio de Janeiro, a contribuição de fatores socioeconômicos, assistenciais e psicossociais, das características maternas e da criança na determinação dos óbitos fetais e infantis" . Além disso, " as desigualdades raciais tornam-se expressão de disparidades sociais, sendo fatores condicionantes da maior dificuldade de acesso aos serviços e cuidados de saúde. O efeito protetor em relação ao óbito neonatal para os filhos de mulheres brancas é fato documentado na literatura, ainda quando controlado pelas condições socioeconômicas" .
No entanto, eles garantem que foi verificada " uma tendência maior de óbitos no primeiro ano de vida à medida que diminuía a idade materna, apresentando um efeito direto sobre os óbitos pós-neonatais e um efeito indireto, intermediado por outras variáveis, sobre os neonatais" .
Fonte: Isaude.net
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