"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

quarta-feira, 5 de maio de 2010


05.05.2010

Os Milagrosos Raios da Radioterapia

* Dr. William E. N. Soares - Médico especialista no uso das radiações ionizantes (Radioterapia) International Member of American Society for Therapeutic Radiology and Oncology Corresponding Member of European Society of Radiology - Diretor Clínico do Instituto de Oncologia San Giovanni (Aracaju-Se) - Membro da Academia Sergipana de Medicina - soares.w@hotmail.com

Tudo começou graças às milagrosas descobertas dos Raios-X por Wilhelm Conrad Roentgen, em 8 de novembro de 1895, da Radioatividade em 1 de março de 1896 por Henry Becquerel e do elemento radioativo Radium pelo casal Curie, em 26 de dezembro de 1898.

De acordo com o que nos ensinou o Professor Dr. Carlos Peres, do Mallinckrodt Institute, de Missouri-EUA, " a Radioterapia é uma especialidade médica focada no tratamento de pacientes com neoplasias malignas e ocasionalmente doenças benignas, com o uso de radiações ionizantes."

São objetivos da Radioterapia: " Conseguir através de feixes de irradiação, com medidas precisamente conhecidas e com o mínimo possível de lesão para os tecidos vizinhos, irradiar o tumor ou controlar a doença, com elevada qualidade de vida ou prolongar a sobrevida, minorando o sofrimento, com custo competitivo." (Dr. C. Peres)

Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), 2/3 dos pacientes com câncer utilizarão a radioterapia em alguma fase do tratamento da sua doença, quer de maneira exclusiva ou associada a outras modalidades de terapia oncológica.

A resposta dos tecidos às radiações depende de diversos fatores, tais como a sensibilidade do tumor à radiação, sua localização e oxigenação, assim como a qualidade e a quantidade da radiação e o tempo total em que ela é administrada.

A curabilidade local só é atingida quando a dose de radiação aplicada é letal para todas as células tumorais, mas não ultrapassa a tolerância dos tecidos normais. Portanto, o aumento da precisão no tratamento com doses concentradas no tumor resultará em maior preservação de tecidos e órgãos sadios próximos ao local irradiado, reduzindo os efeitos colaterais ao paciente. É cada vez maior o número de pessoas que ficam curadas com esta forma de tratamento.

O uso terapêutico da radiação é um processo complexo que envolve algumas etapas antes do tratamento, como a simulação e o planejamento, indispensáveis para o sucesso da técnica; além disso, o trabalho é realizado em equipe: o médico radioterapeuta, o físico e o técnico em radioterapia, trabalhando sempre em conjunto e harmonia.

A prescrição da radiação é baseada nos seguintes princípios:

) Avaliação da extensão tumoral através de exames clínicos e de imagem.

) Conhecimento das características específicas de cada tumor a ser tratado.

) Definição dos objetivos terapêuticos (adjuvante, exclusivo, curativo, paliativo).

) Avaliação periódica do paciente e seguimento do mesmo (resposta, tolerância, sequelas agudas ou tardias).

Há duas maneiras de se utilizar a radiação contra o câncer:

.Teleterapia: . A teleterapia representa cerca de 80% dos tratamentos com radiação ionizante. Nessa forma de radioterapia a fonte de radiação é externa ao paciente. Sua aplicação é ambulatorial e dependerá do tipo do câncer e da profundidade na qual se encontra o tumor. Aparelhos avançados, como o acelerador linear permitem o combate de tumores profundos, com altos índices de sucesso, ultrapassando os resultados obtidos com as velhas " Bombas de Cobalto" . O acelerador linear funciona de maneira muito semelhante a um aparelho de raios-x, ou seja, a radiação somente é produzida quando o aparelho é ligado a uma fonte de energia elétrica. Existem duas maneiras de se administrar externamente radiação a um paciente: A) A chamada radioterapia convencional ou padrão, é a que exige menos recursos de tecnologia, e B) a mais moderna, que requer a utilização de tomografias, programas sofisticados de computação, e modelagem do feixe de radiação, é conhecida como radioterapia conformacional tridimensional. Esta técnica permite que doses mais altas de radiação sejam liberadas no tumor, leito tumoral ou órgão doente, minimizando, ao mesmo tempo, danos agudos ou tardios aos tecidos vizinhos e proporcionando aos pacientes maiores chances de cura e menos efeitos adversos do tratamento. É por estes motivos que a radioterapia conformacional tridimensional é a modalidade técnica de radioterapia mais empregada nos melhores centros de tratamento de câncer.

.Braquiterapia: é uma forma de radioterapia na qual a fonte de radiação é colocada no interior ou próxima ao corpo do paciente. A braquiterapia quando associada à teleterapia aumenta sobremaneira o sucesso terapêutico de diversas formas de tumores malignos, em especial do câncer do colo uterino, cuja incidência é alta no Brasil. Atualmente usam-se equipamentos de braquiterapia ultramodernos e robotizados, que liberam Alta Taxa de Dose (HDR - High Dose Rate). Este tratamento é feito ambulatorialmente, evitando que o paciente fique internado no hospital.

A radioterapia é um método de tratamento local e/ou loco- regional, podendo ser indicada de forma exclusiva ou associada aos outros métodos terapêuticos. Em combinação com a cirurgia, ela pode ser realizada antes, durante ou após o ato cirúrgico. Também pode ser indicada antes, durante ou logo após a quimioterapia.

A radioterapia pode ser ainda radical (ou curativa), quando se busca a cura total do tumor; remissiva, quando o objetivo é apenas a redução tumoral; profilática, quando se trata a doença em fase subclínica, isto é, não há volume tumoral presente, mas possíveis células neoplásicas dispersas; paliativa, quando se busca a remissão de sintomas tais como dor intensa, sangramento e compressão de órgãos; e ablativa, quando se administra a radiação para suprimir a função de um órgão, como, por exemplo, o ovário, para se obter a castração actínica.

Concluindo, graças aos seus milagrosos raios, a radioterapia atualmente tem um papel fundamental na cura de muitos cânceres, como a doença de Hodgkin, o linfoma não-Hodgkin em estágio inicial, o carcinoma epidermóide de pele, da cabeça e do pescoço e da região anal, o seminoma (um câncer testicular), o câncer de próstata, do colo uterino e de mama, em estágios iniciais, o câncer do pulmão não pequenas células, também em estágio inicial, o retinoblastoma, o meduloblastoma (um tumor cerebral ou da medula espinhal) e diversos outros tumores.

Para os cânceres de laringe e de próstata em fase inicial, a porcentagem de cura é essencialmente a mesma, tanto para a radioterapia quanto para a cirurgia. Para alguns cânceres, a melhor terapia é uma combinação de cirurgia, radiação e quimioterapia. A cirurgia e a radioterapia tratam o câncer que se encontra confinado localmente, enquanto a quimioterapia destrói as células cancerosas que escaparam para além da região local.

Fonte: MS

Nenhum comentário:

Postar um comentário