05.05.2010
Médico e paciente devem discutir tipos e indicações de analgesia para o parto
Anestesias regionais como os bloqueios neuroaxiais (peridural, raquianestesia e combinada raqui-peridural) são as mais utilizadas
A anestesia para o parto depende de técnicas diversas e o médico anestesiologista deve explicar às gestantes como funciona todo o processo de analgesia, e quais são as indicações para cada caso.
Segundo Carlos Othon Bastos, membro da Comissão Científica da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP) e ex-presidente do Comitê de Anestesia em Obstetrícia da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), as anestesias regionais, entre as quais se destacam os bloqueios neuroaxiais (peridural, raquianestesia e combinada raqui-peridural) são as mais utilizadas. Quando aplicadas adequadamente, são capazes de abolir completamente a dor de qualquer fase evolutiva do trabalho de parto, inclusive no parto normal.
" O parto normal, com a utilização de técnicas adequadas de analgesia espinhal, apresenta inúmeras vantagens para o binômio materno-fetal" , afirma o anestesiologista.
Bastos acrescenta, ainda, que a anestesia diminui a sobrecarga cardiorrespiratória materna, que pode se tornar bastante intensa na progressão do trabalho de parto.
" Ao aplicar a anestesia, reduzimos a liberação de catecolaminas e outros hormônios e substâncias ligadas ao estresse e à dor, o que repercute de forma positiva sobre o concepto, contribuindo para a manutenção de adequado fluxo sanguíneo útero-placentário" .
Para Carlos Othon Bastos, um recente marco na anestesiologia foram os diversos estudos favoráveis e a consequente proliferação do uso de opióides espinhais na década de 90, permitindo a redução significativa da concentração e da dose de anestésicos.
" Estes fármacos possibilitam a abolição da dor, porém mantêm o tônus motor e o equilíbrio necessários para um bom andamento do parto" , explica.
Um equívoco bastante comum é achar que a anestesia pode prejudicar a dilatação do colo do útero durante o trabalho de parto.
" Se realizada de forma adequada, com fármacos em quantidades e concentrações ideais, a anestesia regional interfere de forma mínima e, às vezes, até mesmo benéfica na evolução da dilatação do colo uterino. Assim, causamos diminuição insignificante da força motora, mantendo a capacidade da parturiente de atuar de forma ativa para o nascimento do concepto através dos esforços expulsivos" , pondera.
O especialista lembra que apesar dos benefícios da peridural, há algumas contra-indicações. Mulheres que apresentem distúrbios adquiridos ou congênitos de coagulação, ou portadoras de algumas cardiopatias e doenças neurológicas, não devem se submeter a esse procedimento anestésico. Nestes casos, é necessário disponibilizar métodos alternativos de analgesia, como técnicas sistêmicas, para que não se privem do alívio da dor.
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