"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

quarta-feira, 12 de maio de 2010

ENTREVISTA DE DILMA NO PAINEL RBS/RGS


Universidades devem formar bons professores, afirma Dilma
12.05.2010

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A pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, participou hoje do Painel RBS, programa multimídia da Rede RBS, no Rio Grande do Sul. Ela tratou de vários temas durante aproximadamente uma hora e meia de entrevista.

Para ela, o aborto é uma questão de saúde pública. A petista afirmou que a educação de qualidade será atingida quando os professores tiverem formação continuada e as universidades públicas forem focadas no desenvolvimento de pesquisas e inovação.

Ouça reportagem sobre a ENTREVISTA DE DILMA NO PAINEL RBS.

Leia os principais pontos da entrevista:

Educação
Acredito que seja uma das questões mais importantes para o Brasil. Nessa agenda, uma questão é decisiva: a volta da avaliação do aprendizado e a introdução de tecnologias modernas e melhores práticas educacionais. Mas tem outro ponto chave, que é a formação dos professores. Tem que ter formação continuada. Precisa ser requisito da formação universitária e um piso salarial, que hoje é de R$ 1.024 e ainda não é suficiente. O Brasil vai ter que evoluir nisso. E aí precisamos ter avaliação do professor, que não é contra ele, e sim para ajudá-lo na carreira.
As nossas universidades devem formar bons professores. Muitos não querem a pedagogia porque paga-se mal. Mas a universidade é também centro de pesquisa. A universidade tem que ser pública e gratuita para formar engenheiros, químicos e biólogos. Primeiro, tem que apostar na educação de forma pesada e usar a universidade para criar valor e inovar.

Diferenças entre Lula e Dilma
Para nós, dar continuidade significa avançar, porque construímos as condições para avançar. A dona de casa sabe disso, só tem condições de gastar caso tenha criado condições de investir.
Convivi com o Lula e geri os programas do governo. O que sou diferente do Lula é que o meu horizonte de oportunidades é muito maior. Tem um estudo do Ipea que diz que se pode acabar com a pobreza extrema até 2016. Por isso, devemos colocar metas claras. Criamos as condições para isso e temos todas as condições de sair de país emergente para ser país desenvolvido.

Aborto
Nenhuma mulher defende ou diz que quer fazer, porque é uma violência contra ela. Graças a Deus, não tive que fazer, mas conheci quem fez e entrava chorando e saía chorando. Essa não é uma questão pessoal minha, sua ou da Igreja. É saúde pública. A legislação prevê casos, e acho que nesses casos que tratam de condições adversas de gravidez, como a violência, e risco de vida não é possível deixar que mulheres das classes populares utilizem métodos medievais, como agulha de tricô, chás absurdos e outras práticas. Enquanto isso, alguns têm acesso aos serviços de saúde. A legislação brasileira é muito clara.
Um governo não tem que ser a favor ou contra um aborto. Precisa ser a favor de uma política pública, e eu acho que não existe mulher pró-aborto. Na sensibilidade da mulher, o aborto é uma agressão física e a mulher recorre a isso num desespero.

Cargos de confiança
Não acho que indicações políticas sejam fonte de corrupção e nem acho que ela [a corrupção] existe por isso. No que depender de mim, as indicações terão critérios técnicos. Sempre defendi isso e vocês noticiaram muito isso. Considero que no Brasil vamos ter que aprimorar muito os requisitos técnicos para ocupação de cargos em todas as áreas. Sem isso não tem como aceitar.
Nós aumentamos o preenchimento de cargos públicos com concurso público, na saúde e na segurança pública, por exemplo. De fato, começamos a alteração da composição da máquina. Mas não se faz isso do dia para noite. Eu encontrei isso no PAC, e as empresas diziam: eu não tenho engenheiro. Essa foi a fala mais corriqueira no PAC, porque tínhamos perdido a cultura de investir.

Política externa
O que achamos fundamental, foi colocado na política externa nos últimos anos, o multilateralismo. Dar preferência para os parceiros principais, mas abrir negociações com outros. O Brasil teve uma postura forte no G-20, assumiu a liderança necessária e no caso dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) existe hoje uma parceria que vai se provar importante para as alianças internacionais.
O Brasil é fator de estabilidade na América Latina. E todas as atitudes em questões de atrito se mostraram corretas, a atitude não bélica. O Brasil não é visto como superpotência, é visto como respeitador.

Irã
Assisti à questão do Iraque e lembro que, naquela época, o presidente [Lula] disse: a minha guerra é contra a fome e não concordo com guerra no Iraque. A prudência do Brasil se mostrou acertada. Não havia armas de destruição em massa.
O Irã tem mais de 70 milhões de pessoas, e naquela região ele tem papel significativo.
A posição do Brasil é que não é bom quando se isola uma pessoa, um país ou um movimento social. Deve-se estabelecer um canal de diálogo, e isso ajuda a colocar algumas exigências. Vi duas manifestações do presidente contra as armas nucleares e contra a posição do Irã de extermínio dos judeus.

Coalizão de governo
Temos uma profunda convicção. O Brasil vai precisar de coalizão para ser governado. A realidade política exigirá coalizões. Mas ela deve ocorrer pelo conteúdo programático, que é claro: crescer, distribuir renda, manutenção da nossa soberania. Com todos aqueles que participaram dessa coalizão, não houve discrepância em relação a isso. Há uma confluência em torno do projeto.

Aposentados
É uma questão séria no Brasil. Para 70% dos aposentados, houve reajuste real, porque eles recebem com base no salário mínimo. Em relação aos outros, reconhecemos as perdas, tanto que enviamos ao Congresso um reajuste de 6,14%. Esse valor estava dentro do nosso reconhecimento de recuperação da perda e levava em conta as nossas disponibilidades de receita. Chegamos até a 7%. Não tenho como avaliar o impacto do 7,7%. Esse aumento de 6,14% foi feito em acordo com as centrais sindicais.
Não tomaremos nenhuma medida demagógica para ganhar eleição. Não precisamos e não fazemos.

Guerra contra o crack
É um grande risco para as futuras gerações. O combate ao crack precisa ser duro para acabar com as redes. A Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança têm que delimitar o território da guerra para fazer o território da paz, nessa cadeia que vai do atacadão ao varejinho.
O segundo ponto é a prevenção. Estive na segunda-feira com o presidente Lula, e ele me informou que está fazendo uma grande esfera de prevenção. Mas tem que ter apoio. Eu faria [uma mudança no Código Penal].

Seleção Brasileira
Eu era a favor do Ganso e do Neymar, porque eles dão alegria. Mas, depois que se escolheu a seleção, eu estou com o Brasil.

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