Por que o Brasil deve retomar a Petrobras – 2
A Petrobras não é um fim em si mesma, mas um meio de afirmar os interesses brasileiros. Ela é uma empresa, com boa parcela de investidores privados que vêem, como é natural, o lucro como finalidade. Ela própria, pela sua natureza empresarial, tem o dever de buscá-lo.
O que a diferencia, como empresa estratégica é que isso deve ser feito de forma alinhada ao lucro que o país terá em desenvolvimento.
A abertura irresponsável da economia do país, iniciada no Governo Collor, quando se somou ás privatizações em massa realizada desde o início do Governo FHC quase representou a destruição da indústria nacional. E, com ela, dos empregos, do desenvolvimento científico-tecnológico e da capacidade, até mesmo, de que uma mudança de rumos na política industrial encontrasse capacidade interna de corresponder à demanda gerada por uma nova orientação nacional desenvolvimentista.
O gráfico que ilustra o post demonstra bem isso. Embora as compras da Petrobras no mercado brasileiro tenham saltado 398% entre 2003 e 2009, subindo de US$ 5,2 bilhões para US$ 25,9 bilhões, e este ano as compras nacionais devam chegar a quase 78%, as dificuldades são muitas.
A Petrobras, com a dinâmica própria de uma empresa, quer autorização para reduzir estes percentuais – que hoje tem regulamentação legal – e acelerar a exploração de diversas áreas petrolíferas. E, como a indústria brasileira vive a ainda a herança maldita do neoliberalismo – que o nosso empresariado tanto aplaudiu – e tem dificuldades de atender nos prazos e condições ideais, só a presença do Estado pode equacionar este impasse de maneira adequada para o Brasil.
A possibilidade de o Governo exercer a opção de compra das ações não subscritas no processo de aumento de capital da Petrobras e elevar a sua participação para algo em torno de 40% – o que é ainda menos que antes de FHC – é uma forma não apenas de que o país se beneficie mais dos lucros que virão com a exploração do pré-sal, mas de assegurar mais fortemente o controle da empresa.
Se, ao contrário, o Brasil for “menos dono” da Petrobras, como é da Vale, a lógica a ser seguida é unicamente a empresarial. E aí, como fez (e faz) a Vale com as suas encomendas de navios, as compras vão ser lá fora.
Esta é a diferença entre o Governo Lula e o que foi o de FHC. Esta é a diferença entre Dilma e Serra.
Blog do Brizola Neto
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