“Mercado” falava em inflação mas só queria juros
“É melhor subir logo a taxa de juros, porque se atua rapidamente para conter a inflação e é possível parar o movimento de alta logo. Como este ano é político, as pressões sobre o Banco Central aumentam – é bom lembrar que sempre existiram, mas que, em alguns momentos, ficam mais explícitas, mas ele tem decidido com autonomia a trajetória dos juros. A pressão inflacionária está muito forte. Neste começo de ano, a inflação ficou muito maior em todos os índices. Algumas razões dessa alta são sazonais, como os reajustes escolares, mas realmente deu um salto. As projeções estão acima da meta e os sinais de crescimento econômico são fortes.”
O comentário acima, de março deste ano, é de Miriam Leitão mas, justiça seja feita, era repetido por todos os “grandes” comentaristas de economia. Era o pano de fundo sobre o qual ocorreram as (vitoriosas) pressões pelo aumento da taxa de juros. A inflação ia passar de 6% ao ano, estava fora de controle, assim diziam os “gênios do mercado”.
O humilde amigo aqui, dizia, já no final de janeiro que as tais pressões inflacionárias vinham especialmente das altas dos alimentos e dos reajustes de tarifas e preços – caso dos ônibus e das mensalidades escolares – que nada tinham a ver com a taxa de juros do BC estar alta ou baixa. ” É lobbypelos juros, nada mais.Não há pressão inflacionária alguma que seja significativa e projetável no tempo. O terrorismo econômico é uma arma, pura e simplesmente, para ganhar mais dinheiro. O medo da inflação é o que usam para isso”.
Estamos em agosto, saíram os índices de inflação de julho: 0,01% pelo IPCA, que serve para a taxa oficial de inflação. Repetiu junho, quando fora de zero. O INPC, que mede a variação dos preços para famílias com renda de um a seis salários mínimos, foi, de novo, negativo: -0,07%, ante -0,11% no mês de junho. O acumulado do ano está um nada acima do mesmo período de 2009 e, considerados os 12 meses corridos, fica até abaixo.
Mas os juros subiram. Ficou mais difícil investir e mais difícil empregar, embora nem assim os números nestes setores sejam desanimadores. Mas já não há euforia. Euforia mesmo é a dos financistas que ganharam mais 2% sobre o Tesouro – nós – sem que seja provável que nem um pedacinho disso lhes seja comido pela inflação.
Os terroristas da economia, a turma que tem saudades do FHC, sabem que o medo é sua arma.
Tijolaço
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