A dificuldade em construir um palanque competitivo para a pré-candidata do partido, Dilma Rousseff, à presidência da República, não é um problema exclusivo do PT do Paraná.
Mas, se o PT paranaense sofre com o risco de ter que lançar uma candidatura própria de última hora para não ficar sem palanque em caso de insucesso da aliança com Osmar Dias (PDT), em outros estados é a existência de mais de um pré-candidato da base de apoio ao governo Lula que cria a ameaça de racha e enfraquecimento do palanque.
A aliança nacional entre PT e PMDB é a principal causa de conflito em, pelo menos, oito estados, onde a candidatura própria peemedebista cria palanque duplo ou possibilidade de racha com candidaturas do PT ou de outros partidos da base.
O impasse sobre a candidatura de Ciro Gomes (PSB) à presidência, também pode dificultar a formação de alguns palanques petistas. Da costura que o PT conseguir fazer nos estados, também pode ser definido o futuro dos palanques regionais de José Serra (PSDB), já que há estados onde até os três principais pré-candidatos são da base de Lula. Nesses locais, o PSDB espera o racha para formar sua aliança.
Um estado em que PMDB e PT certamente não estarão juntos é no Rio Grande do Sul. O PMDB lançará o ex-prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, contra o ex-ministro Tarso Genro (PT).
Mas dessa disputa o PSDB não irá se aproveitar, já que também terá candidatura própria, da governador Yeda Crussius, candidata à reeleição. Já na Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba e, principalmente, no Mato Grosso do Sul, a existência de mais de um candidato da base de Lula pode criar o palanque de Serra.
Candidato à reeleição, André Puccinelli (PMDB) condiciona a apoio a Dilma ao palanque único da aliança no Estado, mas o PT ainda alimenta a pré-candidatura de Zeca do PT. Puccinelli tem a simpatia do PSDB e poderia formar palanque para Serra, hipótese reforçada com a pré-candidatura de seu vice, Murilo Zauith (DEM) ao Senado.
No Ceará, tanto PT como PSDB simpatizam com a reeleição de Cid Gomes (PSB), mas a presidente estadual do PT, Luiziane Lins, prefeita de Fortaleza, não admite o apoio do irmão de Ciro Gomes à candidatura ao Senado de Tasso Jereissati (PSDB), ameaçando melar a aliança e lançar candidato próprio ao governo, empurrando Cid para o palanque de Serra.
Em Pernambuco, Bahia, Acre, Espírito Santo e Paraíba, o desentendimento entre PT e PMDB pode beneficiar o palanque de Serra, que já declarou apoio a Jarbas Vasconcelos (PMDB) contra o atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), favorito de Dilma.
Na Bahia, os tucanos torcem pelo rompimento entre Jaques Wagner (PT) e Geddel Vieira Lima (PMDB), para ganhar o apoio do peemedebista. Caso contrário, Serra vai de Paulo Souto (DEM). Situação semelhante à do Acre, onde o PSDB pode abrir mão da candidatura própria para se aliar a Rodrigo Pinto (PMDB), contra Tião Viana (PT).
No Espírito Santo e na Paraíba, o PSDB estuda apoiar o candidato do PSB contra o PMDB, que terá apoio do PT nestes estados. Se conseguir compor, no entanto, o PT pode complicar o palanque de Serra.
O PT ainda tem problemas de palanque duplo em Minas Gerais, onde o ex-ministro Patrus Ananias e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel disputarão prévias partidárias, mas ainda há a candidatura posta do ex-ministro Hélio Costa (PMDB). No Maranhão, o partido está divido entre Rosena Sarney (PMDB), Jackson Lago (PDT) e Flávio Dino (PCdoB).
Tucanos estão mais enxutos
Com uma coligação bem mais enxuta no plano nacional (três partidos de oposição, PSDB, DEM e PPS, contra 10 da base de Lula) o PSDB tem menos problemas para montar os palanques de José Serra pelos estados.
Mas também não deixa de enfrentar as suas dificuldades. Como acontece no Maranhão, onde o partido não cogita apoiar Roseana Sarney, mas conversa, até, com o candidato do PCdoB, Flávio Dino. O partido também pode ir com Jackson Lago, do PDT.
Mas os principais problemas tucanos estão em Santa Catarina, Goiás, Amazonas e Rio de Janeiro, além da Paraíba e do Espírito Santo, onde o grupo do pré-candidato José Serra torce para que ocorra um racha dos partidos que integram a base de de sustentação do presidente Lula.
Em Santa Catarina, o palanque de Serra é incerto. Dos três principais candidatos, apenas a senadora Ideli Salvati (PT) já sabe de que lado estará na eleição nacional.
Dário Berger (PMDB) e Angela Amim (PP) ainda aguardam definição de seus partidos. O PMDB de Santa Catarina é um dos diretórios estaduais contrários a aliança nacional com o PT e defensores da candidatura própria do partido.
No Amazonas, o partido deve apoiar o candidato do PSB, Serafim Côrrea, mas o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio conversa com o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR), que terá o apoio do PT.
Em Goiás, o pré-candidato tucano, Marconi Perillo sofre resistência do DEM de Ronaldo Caiado e o PSDB nacional poderá ter de intervir para impor uma composição.
Problemas para Serra no Rio e no sul do País
No Rio de Janeiro, um dos estados em que a candidatura de Dilma Rousseff é mais forte, com o apoio do governador e candidato à reeleição Sérgio Cabral (PMDB), o PSDB está envolvido em problemas.
O PSDB apóia a pré-candidatura do deputado federal Fernando Gabeira (PV), mas tem que dividir o apoio do partido com a senadora Marina Silva, além de administrar a resistência do pré-candidato do PV a se aliar ao DEM de César Maia, que reivindica uma vaga na chapa para o Senado. Gabeira já cogita desistir da candidatura se tiver que se aliar ao DEM.
Integrante da direção nacional do PSDB, o senador Álvaro Dias avalia que a região Sul é um dos espaços onde o pré-candidato do PSDB à presidência da República José Serra poderia ter conseguido ampliar seus espaços se tivesse feito as composições desejadas.
Álvaro avalia que no Rio Grande do Sul, se a governadora Yeda Crusius não tivesse insistido na candidatura, Serra teria conquistado o PMDB para seu palanque.
Com popularidade e desempenho eleitorais baixos, Yeda, com sua pré-candidatura, impediu que o PSDB ganhasse o apoio do ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça e de todo o PMDB do estado. Lá, os peemedebistas devem seguir a aliança nacional do partido com o PT.
Santa Catarina, Álvaro avalia que o PMDB deve estar no palanque de Serra, mas a aliança poderia juntar outros partidos, como o PP, onde a pré-candidata Ângela Amin ainda não se definiu.No Paraná, Álvaro lembra que se o ex-prefeito de Curitiba Beto Richa tivesse permanecido na prefeitura, o senador tucano seria o candidato ao governo e Serra poderia ter o apoio do PMDB e do PDT. "Eu não gosto de falar sobre o Paraná, mas o Estado poderia ter dado ao Serra um dos mais fortes palanques no país", resumiu.
Autor:Roger Pereira
Fonte:Paraná On Line
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