(Imagem: Arjun)
Há 12 anos – exatamente em um 12 de outubro – nascia no planeta o ser humano de número 6 bilhões. A Organização das Nações Unidas celebraria o fato naquela ocasião, a par de repetidos alertas sobre um combate à pobreza insistentemente negligenciado em todo o mundo.
Transcorrida pouco mais de uma década, ganhamos a companhia de um bilhão de peregrinos. Somamos agora 7 bilhões os que seguimos navegando pelo espaço, levando conosco conquistas, desventuras e sonhos.
Certamente mais sonhos. A começar pelos jovens, sonhadores em potencial, e que são hoje 1,8 bilhão – 90% dos quais vivendo em países em desenvolvimento. O resto de nós leva mesmo é experiência, além de nossa velha e mirrada porção de sonhos. Ainda assim, deixamos muito a desejar. Afinal, desigualdade tem sido o nome da medida para distribuirmos as riquezas, que perdem sentido se não compartilhadas com justiça.
Estudo do Instituto Mundial de Pesquisa sobre Desenvolvimento Econômico, da Universidade das Nações Unidas, aponta que a riqueza global está em poder de apenas dois por cento da população do mundo. O que não representa novidade alguma. O economista Lester Thurow escreveu que, quando o assunto é o nível e a distribuição do patrimônio líquido privado, ou riqueza comercializável, “não é preciso ser muito cínico para chegar à conclusão de que a maioria dos países não dispõe desses dados porque não quer saber como é desigual a distribuição da riqueza”. E acrescentou: “Conhecer os números reais significa levantar imediatamente a questão política da desigualdade”. E isto poderia gerar “pressões políticas”, levando os governos a fazerem algo para mudá-los.
A revista New Scientist acaba de publicar artigo, onde matemáticos revelam a existência de uma “super-entidade”, composta de 147 empresas intimamente inter-relacionadas (a maioria bancos), que controla 40 por cento de uma rede integrada por mais de 43 mil empresas transnacionais. “Em outras palavras”, prossegue a matéria, “elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60 por cento de todas as vendas realizadas no mundo todo”. Em tempo: o referido estudo partiu da análise de uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.
E já que falamos em publicações especializadas, não custa trazer aqui a informação mais recente da revista Forbes, segundo a qual a lista de bilionários bateu recorde este ano: estão relacionados ali 1.210 detentores de uma fortuna total e impensável, estimada em 4,5 trilhões de dólares.
“Você acredita em bancos, não acredita?” – perguntou em certa ocasião ao repórter que o entrevistava, um especialista em finanças, que arrematou em seguida: “Isto é bom, porque, em última análise, o dinheiro não é garantido por nada mais do que a sua confiança, hábito e fé – uma forma de fé tão poderosa e essencial quanto a fé religiosa”.
Confiança, hábito e fé. Resta saber a qual das três fontes temos recorrido para buscar fôlego e celebrar a chegada do sétimo-bilionésimo irmão. Se é que, na verdade, não estamos mais interessados em ajudar a apagar as velinhas do bolo para carregá-lo conosco, deixando à maioria dos convivas apenas as migalhas.
FONTE: EDUARDO LARA REZENDE
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