"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

ENTRE TAPAS E BALAS

Lupi no Senado: ministro foi chamado de mentiroso e não soube responder se recebera diárias em viagem ao Maranhão

Mesmo depois de Carlos Lupi passar por uma série de constrangimentos no Senado, o silêncio da presidente Dilma Rousseff em relação às denúncias de irregularidades no Ministério do Trabalho demonstrou ontem que o ministro ganhou uma sobrevida. Na avaliação de auxiliares de Dilma, no entanto, a situação de Lupi permanece delicada.Dilma esperava que Lupi apresentasse "elementos materiais" para comprovar sua versão de que não teria viajado às custas do dono de uma rede de organizações não governamentais contratadas pelo Ministério do Trabalho. Isso não ocorreu. Não bastasse, o ministro também deu demonstrações de fragilidade política.Em seu depoimento na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, Lupi foi abandonado pelos correligionários, que chegaram a defender seu afastamento. Foi destratado pela oposição, que o taxou de mentiroso, e deixado à própria sorte na Casa pelo principal partido governista, o PT. O ministro ainda enfrentou a ira do "independente" PSD, por sua intervenção na composição do Conselho Curador do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).Pelo menos por enquanto, porém, Dilma resiste a demiti-lo. Uma ala do governo busca convencê-la a não alimentar a rotina de afastamentos após denúncias feitas pela imprensa. O Executivo também teme que uma demissão atrapalhe a votação em segundo turno da proposta de emenda constitucional (PEC) que prorroga a Desvinculação das Receitas da União (DRU), prevista para ocorrer na próxima semana na Câmara dos Deputados.Por outro lado, Lupi também não está disposto a se afastar. Prefere seguir no tiroteio até que a reforma ministerial prevista para janeiro o tire do posto. A não ser que, até lá, apareça alguma denúncia muito grave.Ontem, em seu depoimento, ele passou por novos constrangimentos. Foi assim com o questionamento do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) acerca do recebimento de diárias na viagem ao Maranhão. Sem saber responder, disse apenas achar que recebeu. Minutos depois veio a confirmação de que recebera R$ 1.736,90 pelos quatro dias fora de Brasília, em uma viagem de cunho ministerial e partidário. Foi, assim, obrigado a responder: "Se tiver irregular, vou devolver".A viagem é um dos focos da crise, tendo em vista a revelação feita pela revista "Veja" de que Lupi utilizou nessa viagem um avião cedido pelo empresário Adair Meira, dono de ONGs que têm contratos com a Pasta. Sobre o assunto, o ministro acabou por envolver seu ex-assessor Ezequiel Nascimento, responsável, segundo ele, pela organização da viagem. "Fui de carona com o Ezequiel. Como ele pagou, compete à companhia aérea e ao Ezequiel (prestar esclarecimentos). Não pedi aeronave, não solicitei. Quero saber do que estou sendo acusado." Nascimento, de acordo com integrantes do PDT, não está disposto a assumir a culpa, por ter apenas atendido a um pedido do ministro para que providenciasse um avião.Lupi disse ainda que não mentiu sobre o episódio na semana passada, ao afirmar que não conhecia o empresário Adair Meira. "Não disse que não o conheço, disse que não tinha relação. Perguntar se tem relação é diferente se tem amizade. Não sou amigo dele, não tenho relação pessoal com ele. O que me foi perguntado pelos deputados é da relação pessoal e eu não tinha essa relação."O tom mais ameno e menos espalhafatoso do ministro no Senado, porém, não atenuou nem mesmo a disposição de seus correligionários em pedir que ele se afastasse do cargo. "Politicamente, não temos mais condições de estar nesse ministério. Devemos nos apear desse ministério porque o partido político é muito importante, mas mais importante do que isso é a confiança que deve existir em um homem público", disse Pedro Taques (MT) a Lupi, para quem "o PDT deve se afastar do ministério porque não detém mais a confiança da sociedade".Cristovam Buarque (DF) foi na mesma linha: "A ideia seria o PDT apear do governo, não indicar ninguém para o cargo, mas também não ir para a oposição. A saída do ministério permitiria nos reaglutinarmos em busca de uma identidade partidária que está perdida."A pedido do ministro, porém, a legenda chegou a cancelar uma reunião da Executiva que tomaria uma posição oficial - provavelmente para pedir seu afastamento. "A postura agora é aguardar os acontecimentos. O partido não vai, nesse curto prazo, tomar uma decisão. Não queremos constranger nem a presidente nem o ministro. Não vai ter deliberação. Cabe à presidente Dilma decidir o futuro do ministro", afirmou o presidente em exercício do PDT, deputado André Figueiredo (CE).

FONTE:PORTOGENTE/BLOG DIA A DIA

Nenhum comentário:

Postar um comentário