"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Fator humano em enchentes

Artigos publicados na Naturedestacam a influência da emissão de gases promovida pela industrialização no aumento da ocorrência de eventos climáticos extremos (Nature)

Fator humano em enchentes

17/2/2011

Agência FAPESP – O excesso de chuva em áreas urbanizadas pode ter efeitos dramáticos para as populações locais, como se vê todo verão em alguma região do Brasil. Dois novos estudos destacam que gases estufa produzidos pela industrialização têm aumentado significativamente a probabilidade de precipitação pesada e o risco de enchentes.

As pesquisas, que reforçam a importância da contribuição humana em eventos hidrológicos extremos, tiveram seus resultados publicados na edição desta quinta-feira (17/2) da revista Nature.

Trabalhos anteriores haviam apontado que a influência antropogênica no aquecimento global podia ser responsável em parte pelo aumento nas chuvas. Entretanto, por causa da disponibilidade limitada de observações diárias, a maior parte dos estudos até hoje examinou apenas o potencial de mudanças na precipitação em comparações entre modelos climáticos.

Em um dos artigos agora publicados, Francis Zwiers, da Environment Canada, e colegas analisaram os índices de precipitação em áreas continentais no hemisfério Norte de 1951 a 1999.

De acordo com os pesquisadores, os aumentos induzidos pelo homem na emissão de gases que causam o efeito estufa contribuíram para o aumento nos eventos de precipitação pesada observados em cerca de dois terços das áreas analisadas.

Os resultados foram baseados na comparação de mudanças observadas e simuladas em modelos da precipitação extrema na última metade do século 20. Mudanças na precipitação projetadas pelos modelos – e, consequentemente, os impactos de mudanças futuras na precipitação extrema – podem ter sido subestimadas porque os modelos aparentemente subestimam o aumento observado na precipitação por causa do aquecimento”, destacaram os autores.

No outro estudo, Pardeep Pall, da Universidade Oxford, e colegas centraram nas enchentes ocorridas no Reino Unido em outubro e novembro de 2000, o outono mais úmido na Inglaterra e no País de Gales desde 1766, quando os registros começaram a ser feitos.

Os cientistas produziram milhares de simulações em computador para como deveria ter sido o tempo no período em questão, tanto em condições realísticas como caso não tivesse ocorrido qualquer emissão de gás estufa.

O resultado é que, de cada três casos, em dois as simulações indicaram que as emissões antropogênicas no século 20 aumentaram o risco de enchentes nos dois países em mais de 90%.

Entretanto, os pesquisadores ressaltam que ainda não se conhece com exatidão a magnitude da contribuição humana aos eventos extremos e que mais estudos são necessários para aumentar o conhecimento no tema.

Os artigos Human contribution to more-intense precipitation extremes (doi:10.1038/nature09763), de Seung-Ki Min e outros, e Anthropogenic greenhouse gas contribution to flood risk in England and Wales in autumn 2000(doi:10.1038/nature09762), de Pardeep Pall e outros, podem ser lidos por assinantes da Nature emwww.nature.com.

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