"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

domingo, 29 de janeiro de 2012

A MARCHA DO SAL

Caiu, finalmente, o véu de mistério que envolvia a ida do ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho,às belas praias de Cabuçu. Frequentadas ,todos os anos ,por milhares de feirenses de todas as classes sociais, este belo e movimentado pedaço do litoral baiano, despertou e atiçou a inteligência e o senso midiático de políticos feirenses,muito provavelmente com o Deputado Carlos Geilson(PTN) à frente que ,juntamente com vereadores e ex-vereadores do DEM(Justiniano, Lulinha, Genésio Serafim , puseram-se a marchar na companhia do ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho e do Vice-Prefeito(DEM) do atual Alcaide feirense Tarcízio Pimenta, de mesa em mesa,de barraca em barraca, a distribuir abraços, sorrisos e tapinhas nas costas para todos os banhistas e potenciais  eleitores futuros.

Como era facilmente previsível,José Ronaldo, que segundo" pesquisas" anunciadas por alguns como tendo origem em Ondina, por outros como sendo elaboradas para efeitos de sondagens e que tem como ponto preciso e claro a imprecisão científica, goza de uma esplendorosa aprovação que beira percentuais em torno de 70% da preferência dos feirenses considerando a sua provável candidatura ao Paço Municipal no pleito de 2012,que já está a bater às nossa portas , considerando que estamos há,apenas, 8 meses da sua realização. Estes índices estratosféricos apontados por estas abençoadas e muito benvindas "pesquisas", confere ao ex-prefeito condições de "invencibilidade" que podem configurar-se inadequadas como estratégia de marketing a médio prazo. 
Vejamos um pouco de história a  ilustrar movimentos semelhantes, descontadas, naturalmente, o contexto, as intenções, a situação de dependência e os aspectos culturais da Índia Gandhiana:

"...no dia 12 de março de 1930,  o Mahatma Gandhi e vários discípulos, iniciaram uma marcha em protesto ao domínio britânico na Índia. A caminhada, de quase 400 quilômetros, durou 25 dias em direção ao litoral. Gandhi e seus seguidores paravam de cidade em cidade para descansar, conseguindo assim mais simpatizantes. O protesto foi incitado pelo fato de que, naquela época, os indianos eram obrigados a comprar produtos industrializados do Reino Unido, sendo proibidos inclusive de extrair sal em seu próprio país".
Refere-se este texto à célebre Marcha do Sal encetada pelos seguidores do Mahatma , com o objetivo claro, preciso, pensado e orquestrado com a ajuda de Bopal, Nehru e Ali Jinah, líderes políticos indianos,(lembrar que Ali Jinah era muçulmano), que pretendiam criar fato político que caracterizasse a imperiosa necessidade de libertação da Índia do jugo britânico. A mais importante característica desta marcha, foi a UNIDADE de todos os hindus buscada através da identidade cultural e do aberto e desafiador esforço de mobilização.

Bem diferente da Marcha do Sal , comandada por Gandhji, a Marcha de Cabuçu, bem pensada, na essência, mas estruturada de forma a privilegiar e excluir futuros postulantes a cargos públicos , foi encabeçada pela dupla PTN/DEM e assumiu características excludentes. Não podemos negar a perspicácia do radialista deputado.A sua influência política se acentua cada vez mais, entretanto, não é possível esquecer que os seguidores do "ronaldismo" dispõem de um leque de Partidos Políticos, que precisam ser levados em conta na formatação dos interesses políticos da futura coligação. Qualquer forma de privilégio e /ou de dirigismo, podem tornar-se  nocivos para a futura Coligação. Assim, a marcha de Cabuçu surge como uma peça de publicidade inteligente que, entretanto ,não une e promove divisão. O recado claro desta caminhada é a tentativa de "eleitoralizar" o líder com direção pré-estabelecida. Bom seria que houvesse uma agenda clara dos movimentos do líder e ao alcance de todos. Só venceremos as poderosas forças as quais nos opomos com unidade e coesão interna. Temos o "pedreiro",falta-nos o "cimento". Urge organizar a luta sem a construção de privilégios.
A unidade de partidos deve traduzir uma unidade de objetivos e todos devem ser tratados de forma isonômica. O acesso ao líder, às caminhadas do líder, às intervenções políticas do líder,os elementos teórico-ideológicos e os pontos programáticos da campanha para eleição e materialização do projeto da Coligação, devem ser tornados um bem comum e nunca, nunca jamais, privilégio a converter-se em votos e deformar as futuras bancadas.

Custei em acreditar que seria possível esta estratégia divisionista, de forma tão prematura. Confirmei-a, então, ao abraçar o bravo e combativo vereador Roberto Tourinho(PV) numa Associação de Bairro, que, voltando de bermudas do litoral cabuçuense, disse-me num compreensível entusiasmo: " a caminhada nas Praias de Cabuçu,foi um sucesso!".É preciso lembrar que Roberto Tourinho não é candidato à reeleição e a sua observação, de uma honestidade intelectual estonteante, caiu-me como um raio de luz a iluminar os obscuros meandros da política.

Não devo render-me ao desânimo. Devo continuar a alimentar as minhas utopias. 

De que vale um ser humano sem sonhos e sem utopias?

OLDECIR MARQUES- MÉDICO(PPS)

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