"Bacia das almas"
Por Dora Kramer
Ainda que o PDT não tivesse recuado oficialmente da ameaça, era evidente que o partido não sairia da base aliada ao governo com demissão ou sem demissão de Carlos Lupi do Ministério do Trabalho.
O motivo é o mesmo que mantém o PR firme, a despeito do esperneio por causa da demissão da cúpula do Ministério dos Transportes. É a razão pela qual não se altera o humor do PMDB mesmo depois da queda de três correligionários ou tampouco se abalam os nervos do PC do B que, houve um momento, pareceu disposto a cair (fora) junto com Orlando Silva.
Para os partidos seria melhor que não houvesse denúncias, mas, uma vez ocorrido o desastre, tanto faz como tanto fez: a eles importa pouquíssimo quem os represente. O importante é que estejam representados, cada qual com seu quinhão da máquina pública para usar e, não raro, abusar.
E quem lhes garante a prerrogativa? Ninguém que esteja ocupando uma cadeira ministerial: é a presidente da República. Ela detém por delegação a guarda da chave de tudo o que lhes interessa. A questão é entre Dilma e os partidos.
Levada em conta essa premissa, haveria uma boa economia de tolices ditas sobre o "risco" de essa ou aquela legenda deixar a base aliada.
Defecções podem acontecer. Mas nunca no primeiro ano de governo nem a razoável distância de eleições, muito menos na ausência de algo ou alguém que represente expectativa concreta - e de preferência segura - de poder. Enquanto a canoa ao mar for uma só, a maioria estará nela.
Até a ditadura que estava bamba desde o episódio da bomba do Riocentro, em 1981, só veio a sofrer abandono do lar por parte do PDS no último ano do governo João Figueiredo quando, então, a oposição já se articulava pela aprovação das eleições diretas e, depois, em torno da candidatura de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.
Por razões altas ou baixas, os políticos que estão na base não vão a lugar algum. Os fisiológicos votam com o governo sempre que têm seus anseios atendidos; os ideológicos da mesma forma permanecem fiéis por convicção; e os independentes (os há) votam a favor quando concordam e se opõem quando discordam. É isso mesmo, simples assim.
Fonte: Jornal "O Estado de S. Paulo"
Ainda que o PDT não tivesse recuado oficialmente da ameaça, era evidente que o partido não sairia da base aliada ao governo com demissão ou sem demissão de Carlos Lupi do Ministério do Trabalho.
O motivo é o mesmo que mantém o PR firme, a despeito do esperneio por causa da demissão da cúpula do Ministério dos Transportes. É a razão pela qual não se altera o humor do PMDB mesmo depois da queda de três correligionários ou tampouco se abalam os nervos do PC do B que, houve um momento, pareceu disposto a cair (fora) junto com Orlando Silva.
Para os partidos seria melhor que não houvesse denúncias, mas, uma vez ocorrido o desastre, tanto faz como tanto fez: a eles importa pouquíssimo quem os represente. O importante é que estejam representados, cada qual com seu quinhão da máquina pública para usar e, não raro, abusar.
E quem lhes garante a prerrogativa? Ninguém que esteja ocupando uma cadeira ministerial: é a presidente da República. Ela detém por delegação a guarda da chave de tudo o que lhes interessa. A questão é entre Dilma e os partidos.
Levada em conta essa premissa, haveria uma boa economia de tolices ditas sobre o "risco" de essa ou aquela legenda deixar a base aliada.
Defecções podem acontecer. Mas nunca no primeiro ano de governo nem a razoável distância de eleições, muito menos na ausência de algo ou alguém que represente expectativa concreta - e de preferência segura - de poder. Enquanto a canoa ao mar for uma só, a maioria estará nela.
Até a ditadura que estava bamba desde o episódio da bomba do Riocentro, em 1981, só veio a sofrer abandono do lar por parte do PDS no último ano do governo João Figueiredo quando, então, a oposição já se articulava pela aprovação das eleições diretas e, depois, em torno da candidatura de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.
Por razões altas ou baixas, os políticos que estão na base não vão a lugar algum. Os fisiológicos votam com o governo sempre que têm seus anseios atendidos; os ideológicos da mesma forma permanecem fiéis por convicção; e os independentes (os há) votam a favor quando concordam e se opõem quando discordam. É isso mesmo, simples assim.
Fonte: Jornal "O Estado de S. Paulo"
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