Tenho lido em alguns jornais e na blogosfera alguns questionamentos sobre o papel da Oposição. Uns chegam a perguntar: o que aconteceu com o PSDB? O partido perdeu o rumo? Foi vencido pela força do marketing lulista-petista-dilmista?
Na verdade, nada disso ocorreu… A grande arte da propaganda moderna é tentar construir uma realidade – nem sempre exata ou conectada com o que está acontecendo. Em outras palavras, muitas vezes o marketing passa a falsa percepção de que tudo está mal num lugar, para forçar a leitura de que tudo está bem em outro.
Não é, repito, definitivamente, o que ocorre no ninho socialdemocrata. Vou lembrar aqui apenas alguns números, para mostrar a musculatura de nossa legenda. Embora não tenha vencido a eleição presidencial de 2010, o PSDB foi o partido que mais elegeu governadores – oito — e governa mais de 47% da população.
Vejam como a sabedoria popular procura equilibrar o poder: deu a Presidência da República ao PT, que é obrigado a governar sob uma coalizão de vários partidos, mas colocou praticamente metade dos brasileiros e alguns dos estados mais populosos e estratégicos sob Governos da Oposição, em sua maioria, como os números mostram, do PSDB.
Em São Paulo, o partido conquistou 20 anos de governo, com a eleição de Geraldo Alckmin, o que confirma a aprovação pública da gestão tucana, com lideranças do peso de Franco Montoro, Mário Covas e José Serra, entre outros. Em Minas Gerais, a liderança do senador Aécio Neves colocou o partido à frente de um dos maiores colégios eleitorais do País, de forma inconteste, também com grande aprovação popular. Isso sem falar em outros estados de expressão governados por nossa legenda, como Pará, Paraná, Alagoas, Goiás, Roraima e Tocantins.
Hoje, mais de um milhão e 300 mil pessoas estão filiadas ao partido, deixando o PSDB atrás apenas do PMDB e PT, praticamente empatado em terceiro com o PP.
O legado e as conquistas que estão sendo ora desfrutados têm, em grande parte, sua origem nas ações do PSDB, uma legenda que se orgulha de ter até hoje um caráter social de centro-esquerda.
Ao longo do mandato presidencial, sob a égide de Fernando Henrique Cardoso, o Plano Real estabilizou a economia, acabou com a hiperinflação e permitiu o crescimento da economia brasileira de 2,3% ao ano, em média. Isso iniciou o processo de criação da nova classe média, com a redução da miséria e da pobreza. Ocorreram as privatizações, que precederam a modernização de diversos setores antes controlados apenas pelo Estado, como as telecomunicações, que garantiram a concorrência e forçaram o aumento da oferta de serviços mais acessíveis.
Mas um dos grandes feitos do partido foi a construção da primeira rede de proteção social, com a criação de programas sociais pioneiros, como o Bolsa-Escola, o Auxílio Gás e o Bolsa-Alimentação, posteriormente unidos em um só programa: o Bolsa-Família. Os genéricos foram outra conquista de nossa gestão. Sem falar no “saúde da família” e tantos outros.
Além disso, houve o início da reforma do Estado, com a implantação, por exemplo, do Ministério da Defesa, da Advocacia-Geral da União e da Controladoria Geral da União. A implantação da Lei de Responsabilidade Fiscal foi um marco na regulação do uso de verbas públicas em todos os níveis administrativos do país.
Sei que “crise” parece ser uma palavra da moda, que se usa negativamente para rotular situações que nem sempre são a pura expressão da verdade.
O PSDB está evoluindo, se moldando aos novos desafios, se atualizando sobre temas relevantes, como a questão ambiental, a questão trabalhista, os movimentos sociais da mulher, dos jovens, das minorias, sem fugir do desafio de manter o Estado do bem-estar social e sem abrir mão da responsabilidade econômica e fiscal, compromissos tradicionais de nossa legenda.
Não vamos hesitar em contestar, em fiscalizar, em questionar os métodos e os desvios praticados pelo Governo Dilma e pelo PT. Mas sempre com responsabilidade, com a noção de que a Oposição é um componente fundamental da democracia, que deve ser respeitada.
Falta, muitas vezes, compreensão da própria pluralidade de uma legenda das dimensões do PSDB, suas vozes nem sempre unânimes. Ora, se toda a unanimidade é burra, como dizia o mestre Nelson Rodrigues, é possível sim construir a unidade em meio à diversidade. E transformá-la em grande força nacional, a serviço do País. Desse objetivo nosso partido não se afastará.
SÉRGIO GUERRA-PRESIDENTE NACIONAL DO PSDB
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