Câmara recebe lideranças estudantis em audiência pública sobre o transporte coletivo
A Câmara Municipal realizou nesta quinta-feira (14), uma audiência pública sobre o transporte coletivo em Feira de Santana. O evento, promovido por iniciativa do presidente da Casa, Antônio Francisco Neto - Ribeiro, a partir de uma solicitação do movimento estudantil, intermediada pelo vereador Angelo Almeida (PT), reuniu vereadores, lideranças estudantis e convidados como o deputado Zé Neto (PT), o professor da Uefs, Rosevaldo Ferreira da Silva, entre outros. O vereador Marialvo Barreto (PT) presidiu os trabalhos por ser o presidente da Comissão de Direitos do Consumidor, Meio Ambiente e Direitos Humanos.
O professor Rosevaldo Ferreira da Silva, da Universidade Estadual de Feira de Santana, foi o principal palestrante da audiência pública. De acordo com levantamento feito por ele, o usuário local de transporte urbano paga a segunda passagem mais cara do Nordeste, perdendo apenas para Salvador. Como exemplo, ele citou Aracaju, João Pessoa, São Luiz e Maceió, todas com passagem custando R$ 2,10, e Fortaleza (R$ 1,80). “Note-se que são capitais, com fluxo turístico, que conseguem ter uma passagem menor que Feira”, afirmou.
Conforme o professor, os ônibus do transporte urbano, em Feira, rodam menos que em outras cidades onde a tarifa, contraditoriamente, é menor. São 77 mil quilômetros por ano, em média. Em Aracaju, 89 mil km. Aqui, também é disponibilizada a menor frota dentre as cidades com mais de 500 mil habitantes que foram analisadas. Os feirenses dispõem de 179 ônibus, enquanto Aracaju conta com 400.
Ele questionou também a planilha utilizada para definição do reajuste da tarifa. Não conseguiu a planilha mais recente. Mas os parâmetros são os mesmos, já que se trata de dados recomendados pelo Geipot, órgão criado em 1984 para ajudar prefeituras a nortear a cobrança de passagens. “Os carros são mais econômicos hoje. Os parâmetros de consumo têm que ser revistos”.
De acordo com o professor, a planilha acusa que um ônibus roda 2,7 km por litro de óleo diesel. “Mas esse é um dado irreal. Qualquer ônibus faz 5 km por litro. A planilha continua com parâmetros dos anos 90, quando os ônibus consumiam mais”, comenta. A planilha registra seis pneus novos por ano. “Mas nas ruas o que se vê são dois pneus novos apenas nos veículos. Os outros são recauchutados. Nas décadas passadas, um pneu recauchutado não tinha a vida útil que tem hoje”. Na opinião do professor, seria possível uma tarifa de R$ 2,15 em Feira de Santana, ou seja, o mesmo valor praticado no ano passado. “E até baixar, em vez de subir”.
Rosevaldo lamentou que não houvesse ninguém na audiência pública representando as empresas. Para o professor, as gratuidades na tarifa de ônibus deveriam ter o Município como fonte de custeio, e não o usuário. “Como ocorre em Campinas Grande. No Brasil inteiro é assim. É preciso desonerar a tarifa”. Além disso, salientou, a planilha atual inclui 6% de depreciação do veículo, mais 10% de percentual de remuneração de investimento, valores que não são desembolsados pelas empresas e que constam como custos na majoração da tarifa.
ASCOM/PONDÉ
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