"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

terça-feira, 24 de novembro de 2009

RENDIMENTO E ETNIAS



Valores mais baixos são registrados pelas mulheres negras

Na RMSP, o rendimento médio das trabalhadoras, em 2000, era de R$ 652, o equivalente a 62% daquele obtido pelos homens ocupados (R$ 1.051). A desagregação dos rendimentos, segundo a cor dos ocupados, evidencia que valores mais baixos são os registrados pelos trabalhadores negros, independentemente do sexo (Tabela 6). Assim, o rendimento da mulher negra alcançava R$ 412, ao passo que o do homem negro correspondia a R$ 639. Esses valores são muito menores que aqueles recebidos pelas mulheres não-negras (R$ 765) e pelos homens não-negros (R$ 1.236).

A remuneração das mulheres e dos homens negros equivale respectivamente, a 33,3% e 51,7% daquela recebida pelos homens não-negros. Já as mulheres não-negras recebem 61,9% da remuneração auferida pelos homens não-negros. Isto evidencia a diferenciação de acesso entre as raças aos tipos de ocupação, aos ramos de atividade econômica e aos contratos de trabalho ou posição na ocupação.

A diferenciação na remuneração entre homens e mulheres pode estar relacionada à jornada menos intensa praticada pelas mulheres, o que é, sem dúvida, um dos problemas essenciais para as trabalhadoras, já que acumulam as atividades fora de casa e suas responsabilidades familiares. A jornada dupla caracteriza um número considerável de mulheres, mas a tentativa de conciliar estas duas atividades leva muitas delas a trabalhar menos horas por dia. De fato, a Tabela 6 revela que, em média, as mulheres possuem uma jornada de trabalho menor que a dos homens.

Para controlar esta situação e verificar se os diferenciais por rendimento se mantêm, calculou-se o rendimento por hora trabalhada. A situação de desigualdade permanece, com os trabalhadores negros obtendo menores rendimentos. Os ocupados negros recebiam, em média, R$ 2,86 por hora trabalhada, muito menos que os não-negros (R$ 5,49). Tomando-se por base o rendimento obtido por hora trabalhada dos homens não-negros (R$ 6,14), verifica-se que as mulheres negras recebem 39,3% deste valor, os homens negros obtêm 51,8% e as mulheres não-negras auferem 74,6%.

Tabela 6 – Rendimento Real Médio (1) por Jornada Semanal Trabalhada e Rendimento
Médio Real por Hora dos Ocupados (2) no Trabalho Principal, por Sexo, segundo Cor (3)
Região Metropolitana de São Paulo
2000

Rendimento e Jornada

Total

Homens

Mulheres

Rendimento Médio (em R$)

878

1.051

652

Negros

538

639

412

Não-Negros

1.033

1.236

765

Jornada Semanal Trabalhada (em horas)

44

47

39

Negros

44

47

40

Não-Negros

44

47

39

Rendimento Médio por Hora (em R$)l

4,66

5,22

3,91

Negros

2,86

3,18

2,41

Não-Negros

5,49

6,14

4,58

Fonte: SEP. Convênio Seade-Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego - PED.
(1)Inflator utilizado - ICV do Dieese. Valores em reais de novembro de 2000.
(2)Exclusive os que não trabalharam na semana de referência. Exclusive os assalariados e empregados domésticos assalariados que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os trabalhadores que ganharam exclusivamente em espécie ou benefício.
(3)Negros: incluem a população preta e parda. Não-Negros: incluem a população branca e amarela.
Nota: Meses de pesquisa: de dezembro a novembro.

Por posição na ocupação, apenas para as empregadas domésticas verificam-se rendimentos semelhantes entre negras e não-negras: R$ 1,87 e R$ 1,88, respectivamente (Tabela 7).

De modo geral, observa-se que as mulheres negras recebem por hora pouco mais da metade do auferido pelas não-negras. Esta disparidade no rendimento por hora é menor entre as assalariadas do setor público, em que uma ocupada negra recebe R$ 4,85, ou seja, 61,5% do valor obtido pela mulher não-negra (R$ 7,88). Isto também se verifica entre as autônomas que trabalham para o público: a renda por hora das mulheres negras é 68,9% da recebida pelas não-negras. Comparando-se aos rendimentos obtidos pelos homens, verifica-se que o rendimento das mulheres negras, no setor público, é muito próximo aos dos homens negros.

Tabela 7 – Rendimento Médio Real (1) por Hora dos Ocupados (2) no Trabalho Principal, por Sexo e Cor (3), segundo a Posição na Ocupação
Região Metropolitana de São Paulo
2000

Posição na Ocupação

Mulheres

Homens

Total

Negra

Não-

Negras

Total

Negros

Não-

Negros

Total (4)

3,91

2,41

4,58

5,22

3,18

6,14

Assalariados Com Carteira Assinada

4,22

2,78

4,92

5,20

3,27

6,07

Assalariados Sem Carteira Assinada

2,66

1,57

3,07

3,49

2,17

4,15

Assalariados do Setor Público

7,13

4,85

7,88

7,91

5,02

9,05

Autônomos que Trabalham para Empresa

3,47

-(5)

4,05

4,98

2,96

5,83

Autônomos que Trabalham para o Público

2,17

1,66

2,41

3,36

2,73

3,71

Empregadores

7,78

-(5)

8,34

10,74

-(5)

11,42

Empregados Domésticos

1,88

1,87

1,88

-(5)

-(5)

-(5)

Fonte: SEP. Convênio Seade-Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego - PED.
(1) Inflator utilizado - ICV do Dieese. Valores em reais de novembro de 2000.
(2) Exclusive os assalariados e empregados domésticos assalariados que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os trabalhadores que ganharam exclusivamente em espécie ou benefício. Exclusive os que não trabalharam na semana de referência.
(3) Negros: incluem a população preta e parda. Não-Negros: incluem a população branca e amarela.
(4)Inclusive as demais ocupações.
(5)A amostra não comporta desagregação para esta categoria
Nota: Meses de pesquisa: de dezembro a novembro.

Por setor de atividade, observa-se que os rendimentos obtidos por negros e não-negros são mais próximos nos ramos de Reforma e de Limpeza e de Serviços Domésticos, sendo que nos demais setores os valores são mais elevados para os não-negros.

Os dados evidenciam a existência de diferenciais de rendimentos entre os trabalhadores negros e não-negros que possuem os mesmos níveis de instrução (Gráfico 12).

Entre as mulheres com baixo nível de instrução, os rendimentos são semelhantes (R$ 1,83 para as negras e R$ 1,92 para as não-negras). No entanto, tanto as mulheres negras quanto as não-negras recebem um valor menor que os homens. As negras percebem 72,6% do rendimento auferido pelo homem negro (R$ 2,52) e a mulher não-negra obtém 63,0% daquele recebido pelo homem não-negro (R$ 3,05), indicando que o sexo discrimina mais entre os menos instruídos.

Quando se analisam os rendimentos dos trabalhadores com no máximo ensino fundamental completo, observa-se que os rendimentos auferidos pelas ocupadas negras (R$ 2,11) corresponde a 82,7% daquele obtido pelas mulheres não-negras (R$ 2,55), relação idêntica à observada entre os rendimentos dos homens negros (R$ 3,13) e dos não-negros (R$ 3,78).

A conclusão do ensino médio pelas negras, aparentemente, não significou uma maior igualdade em relação seja às trabalhadoras não-negras, seja aos homens negros. As ocupadas negras recebem 67,1% do valor obtido pelas não-negras e 63,2% daquele auferido pelo homem negro.

Já a conclusão do ensino superior demonstra a manutenção da disparidade existente entre os sexos, mesmo entre os mais instruídos: as mulheres não-negras recebem 65% do rendimento dos homens não-negros com igual nível de instrução. A comparação segundo a cor mostra que o valor médio recebido pelos ocupados negros com superior completo corresponde a 64,0% daquele auferido pelos não-negros com igual escolaridade (R$ 9,33 e R$ 14,67, respectivamente).

Fonte: SEP. Convênio Seade-Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego - PED.
(1)Inflator utilizado - ICV do Dieese. Valores em reais de novembro de 2000.
(2)Exclusive os assalariados e empregados domésticos assalariados que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os trabalhadores que ganharam exclusivamente em espécie ou benefício. Exclusive os que não trabalharam na semana.
(3)Negros: incluem a população preta e parda. Não-Negros: incluem a população branca e amarela.
(4)A amostra não comporta desagregação para os homens e mulheres negros.
Nota: Meses de pesquisa: de dezembro a novembro.

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