Agência FAPESP – Uma exposição com 26 reproduções da artista Tarsila do Amaral (1886-1973) foi inaugurada nesta quarta (18/11) na sede da FAPESP, em São Paulo. Os painéis, que ilustram o Relatório de Atividades 2008 da Fundação, lançado no mesmo dia, ficarão expostos ao público até 9 de dezembro.
Uma das figuras centrais da pintura brasileira e um dos ícones do Modernismo no país, Tarsila inaugurou com sua célebre obra Abaporu, em 1928, o movimento antropofágico nas artes plásticas.
Os 26 painéis da exposição percorrem a produção da artista desde 1922 e incluem outros trabalhos importantes como Operários (1933), A Gare (1925), Antropofagia(1929) e Passagem de Nível III (1965).
Pelo quarto ano consecutivo, o Relatório de Atividades homenageia artistas plásticos que nasceram ou se radicaram em São Paulo. A edição de 2005 apresentou obras de Francisco Rebolo (1902-1980), seguida por Aldo Bonadei (1906-1974) no ano seguinte e Lasar Segall (1891-1957) em 2007.
“A edição 2008 do Relatório de Atividades apresenta dados referentes ao número e perfil dos projetos de pesquisa contratados – aprovados e outorgados no período retratado na publicação. Revela também os valores desembolsados pela FAPESP, no consolidado no ano e especificados por linha de fomento e por programas, além de fazer um balanço das ações de divulgação científica realizadas pela Fundação”, destacou Celso Lafer, presidente da FAPESP.
A FAPESP registrou, em 2008, o maior gasto com pesquisa na história da Fundação, com R$ 637,85 milhões – em 2007 foram R$ 519,75 milhões. Um terço foi destinado à formação de recursos humanos, por meio das diversas modalidades de bolsas. Os valores cresceram 25,79% na comparação com o ano anterior. Houve aumento no número de bolsas vigentes, isto é, em andamento simultaneamente, com média de 10.017, traduzindo a preocupação da instituição com o futuro da atividade científica em todas as áreas do conhecimento.
Dois terços do dispêndio com pesquisa foram aplicados nas chamadas pesquisa acadêmica e pesquisa voltada a aplicações. “Essas pesquisas se desenvolvem por meio de Auxílios Regulares à Pesquisa, individuais ou Temáticos – que têm enorme peso na produção do conhecimento –, auxílios concedidos no âmbito de programas especiais voltados para o avanço do conhecimento ou para a modernização da infraestrutura laboratorial do Estado de São Paulo e auxílios no âmbito de programas com resultados voltados para a aplicação tecnológica ou para a formulação de políticas públicas”, explicou Lafer.
Segundo ele, com o relatório a FAPESP “cumpre a obrigação de prestar contas ao contribuinte paulista sobre a aplicação, no exercício de 2008, dos recursos provenientes do repasse de 1% da receita tributária do Estado de São Paulo à Fundação”.
O Relatório de Atividades 2008 destaca que a FAPESP contratou, no ano, 4.389 novos projetos de Auxílios Regulares, incluindo 69 Temáticos. Outro dado relevante é que, em 2008, os Projetos Temáticos tiveram o prazo de duração estendida de quatro para cinco anos.
O ano de 2008 também marcou o lançamento de dois programas de pesquisa em temas que se apresentam como grandes desafios atuais da humanidade: o Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e o Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN).
“Com eles, a Fundação pretende reunir a expertise em estudos articulados e sistêmicos que assegurem a São Paulo e ao Brasil um papel ativo nas discussões internacionais que se realizam sobre esses temas”, disse Lafer.
Além disso, a Fundação contratou 123 novos projetos no âmbito do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), sinalizando seu empenho com a pesquisa aplicada e com a pequena empresa de base tecnológica.
Cores à brasileira
A obra de Tarsila, marcada pelos traços do cubismo, pelas cores “caipiras" e pelo elemento onírico, transformou a arte brasileira a partir da década de 1920.
Nasceu em 1886, em Capivari, interior de São Paulo. Iniciou seus estudos em desenho e pintura com Pedro Alexandrino, em São Paulo, e seguiu para Paris em 1920, ingressando na Académie Julian. Voltou ao Brasil em 1922, integrou-se ao grupo modernista e começou a namorar o escritor Oswald de Andrade.
Em 1923, seguiu novamente a Paris, iniciando estudos do cubismo com Fernand Léger. No ano seguinte, depois de uma viagem às cidades históricas de Minas Gerais, acompanhada de um grupo de modernistas e do poeta franco-suíço Blaise Cendrars, Tarsila iniciou a fase Pau-Brasil em sua pintura, usando as cores caipiras que tanto a atraíram em sua infância no interior paulista.
Obteve repercussão em duas mostras realizadas em Paris antes de sua primeira exposição no Brasil, em 1929. Em 1951, participou da primeira Bienal no país. Em 1963, teve sala especial na 7ª Bienal. Participou também da Bienal de Veneza, em 1964. Morreu em 17 de janeiro de 1973.
“Para nós é uma emoção muito grande poder apoiar e incentivar um órgão tão importante como a FAPESP. O colorido da Tarsila deixou o relatório muito bonito e mostra a preocupação da Fundação em criar diálogos da ciência com as várias formas de expressão artística”, disse Tarsila do Amaral, sobrinha-neta e homônima da artista, presente na inauguração da exposição.
“Neste ano realizamos uma grande exposição na Espanha que terminou em agosto. Ainda para o fim deste ano, algumas obras vão circular por museus brasileiros. Para o ano que vem, estamos organizando outras exposições e um documentário, já aprovado pela Agência Nacional do Cinema, que deverá ser lançado ainda em 2010”, disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário