Divulgação Científica
Transcriptoma do diabetes será mapeado
17/11/2009
Por Fábio Reynol
Agência FAPESP – A cada ano, 7 milhões de pessoas desenvolvem diabetes e se somam aos mais de 250 milhões que sofrem da doença no mundo, de acordo com levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). O problema já é considerado uma epidemia que tende a afetar principalmente os países em desenvolvimento.
Um passo importante para a compreensão das bases moleculares dessa enfermidade foi dado em setembro, quando pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo iniciaram o Projeto Temático “Controle do transcriptoma no diabetes mellitus”, apoiado pela FAPESP.
“O transcriptoma é o conjunto dos RNAs [ácido ribonucleico] da célula, incluindo os RNAm e os microRNAs. O objetivo de sua análise é descobrir como e quando os genes funcionam. É uma espécie de 'fisiologia genética', explicou o professor Geraldo Passos, coordenador do projeto.
Segundo ele, ao saber como um gene atua numa doença, poderemos pensar em desenvolver drogas específicas para tentar atenuar sua expressão, se for o caso. Ou, por outro lado, estimular a expressão de outros genes na tentativa de controlar a manifestação da doença.
Formada pelos professores Elza Sakamoto Hojo e Eduardo Antonio Donadi, além de alunos de pós-graduação, a equipe de Passos terá um longo trabalho pela frente.
Das mostras de sangue periférico coletadas desses pacientes serão separados os linfócitos, nos quais se encontram os RNAs. A equipe então aplicará a técnica de microarrays para avaliar a expressão gênica da amostra incluindo os RNAm e os microRNAs.
A enorme quantidade de dados obtidos será então processada por softwares de bioinformática. Outro detalhe da pesquisa é que o material humano será comparado ao de camundongos NOD, que possuem semelhança genética significativa com o ser humano e também desenvolvem o diabetes do tipo 1 (DM-1).
“Há tipos de estudos que só podem ser feitos nos camundongos. Um gene ligado à doença pode iniciar sua manifestação na fase fetal, por exemplo, o que só podemos analisar nos animais”, explicou Passos.
O grande diferencial desse projeto, de acordo com o coordenador, é o fato de ele analisar simultaneamente os três tipos de diabetes: DM1 (de caráter autoimune e herdado geneticamente), DM2 (provocado por hábitos como ingestão de calorias em demasia e sedentarismo) e DMG (ou diabetes gestacional, desenvolvido pela mulher durante a gravidez).
Com isso, será possível levantar semelhanças e diferenças na expressão gênica nos três tipos da doença, dando uma visão mais ampla do diabetes, do ponto de vista genético.
“Trata-se de um ramo de pesquisa que depende de altos investimentos, pois exige equipamentos importados de última geração que conseguimos graças ao apoio da FAPESP”, salientou Passos.
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