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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

HANSENÍASE: COMBATENDO O ESTIGMA E A DISCRIMINAÇÃO


Lançado Apelo Global pelo fim do estigma e da discriminação contra hanseníase

Com leitura do documento” Global Appeal 2012”, o evento aconteceu na segunda-feira, 30 de janeiro, e reuniu artistas e autoridades públicas
Defensores da Campanha, entre os quais: Dra. Linamara, Ney Matogrosso, Elke Maravilha e a Miss Itália
Aconteceu nesta segunda, 30 de janeiro, a cerimônia de Lançamento Mundial da Campanha GLOBAL APPEAL 2012 to End Stigma and Discrimination against People Affected by Leprosy, na sede da Associação Paulista de Medicina – APM. 
Até o presente momento foram realizados seis Apelos Globais como este para chamar a atenção sobre a discriminação e o estigma que as pessoas afetadas pela hanseníase carregam. De acordo com a organização do evento, a campanha tem o objetivo central de restaurar a dignidade e preservar os direitos humanos não só da pessoa com hanseníase, mas também de seus familiares. 
A abertura do evento contou com participações ilustres como a Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Dra. Linamara Rizzo Battistella, que esteve presente representando o Governador Geraldo Alckmin; o Dr. José Luiz Gomes do Amaral - Presidente da Associação Médica Mundial; e a Dra. Rosa Nakasaki, Diretora do Programa de Hanseníase da Coordenação de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, que representou o prefeito da Cidade de São Paulo, Gilberto Kassab. 
Logo após a abertura, houve a leitura do documento “Global Appeal 2012”, feita pelo cantor Ney Matogrosso, a atriz Elke Maravilha e a Miss Itália no Mundo 2011, Silvia Novais. 
Durante toda a tarde, médicos especialistas no assunto discursaram, como Dr. Fernando Oréfice - Membro da Comissão Científica do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e expert internacional em hanseníase ocular e a Dra. Bogdana Victoria Kadnuc - Presidente da Associação Brasileira de Dermatologia. 

Hanseníase: 30 mil novos casos, em 2011 

A Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Dra. Linamara Rizzo Battistella, que também é médica, agradeceu o convite para participar deste importante lançamento. “Agradeço  ao Dr. José Luiz (Gomes do Amaral, presidente da Associação Médica Mundial) que viu a hanseníase como causadora de deficiência e por isso me convidou para participar desse apelo global que tem uma importância enorme, quando nós falamos de 30 mil novos casos só no ano de 2011. Portanto, ao lado de celebrar a oportunidade de São Paulo sediar este evento, eu trago aqui as esperanças deste grupo de pessoas com deficiência, para que nós efetivamente possamos construir uma porta de saída”. 
A Secretária destacou a importância da ação filantrópica gerada pela sociedade organizada, por meio das fundações, para levar apoio para dentro das ações do Estado. “Esta é a verdadeira filantropia, que reúne recursos, troca expertise com a sociedade civil, para que juntos, Estado e sociedade civil, se organizem em defesa de toda a população”, ressaltou, reiterando cumprimentos à iniciativa, “com a certeza de que nós estamos juntos mudando de novo a sociedade, buscando a verdadeira equidade. Acredito que quando os médicos se envolvem fortemente em campanhas como essa, a exemplo do que já ocorreu com a AIDS, nós temos sim a chance de mudar o mundo”. 
Dra. Linamara destacou, ainda, que os determinantes sociais da saúde não podem mais ser negligenciados.  “Os determinantes sociais dizem quem são as pessoas e que doenças elas terão ao longo de seu ciclo da vida. São esses mesmos determinantes sociais que originaram uma grande reunião acontecida no Rio de Janeiro, no ano passado, com a presença marcante da Associação Médica Mundial, mas sequer se tocou sobre o problema que é a hanseníase. Mostrando que entre o discurso e a prática ainda temos uma grande distância. Precisamos fazer de cada palavra um plano de ação. Precisamos fazer de cada palavra um compromisso, ou nós estaremos fazendo algo que não se reverte em mudanças que a sociedade teima em esperar”, disse, acrescentando que “essa sociedade que espera de maneira calma, garantindo um alinhamento com as estruturas públicas, merece um pouco mais de respeito, um novo olhar”. 
Após expressar sua indignação por ainda termos em nossa realidade problemas como o preconceito contra a hanseníase, a Secretária destacou a alegria de saber que o Ministério da Saúde está atento e alinhado a essas propostas, mostrando uma nova visão, trazendo de volta pessoas que tiveram grande destaque na vigilância. “Certamente caminha uma nova proposta, que agora nós podemos, como sociedade civil, como profissionais da área da saúde, ficar mais vigilantes, mais atentos e certamente com maior controle social”. 
Ela destacou também a evolução estatística no estado de São Paulo. “Hoje estarmos em torno de 3,1% de infecção, o que é muito, mas melhor do que os 7,8% dos estados do Mato Grosso, do centro oeste, mostra que São Paulo encontrou um caminho, achou uma direção”.


Apelo Global 
O Apelo Global é uma iniciativa criada pela Nippon Foundation, em 2006, com apoio de vários líderes do mundo, visando promover o aumento da consciência internacional sobre a Hanseníase. Até o momento, foram realizados seis Apelos Globais, com focos específicos: líderes do mundo (2006); representantes das pessoas atingidas pela hanseníase (2007); ONGs ativas em direitos humanos (2008); líderes religiosos (2009); líderes empresariais (2010); e líderes das melhores universidades do mundo (2011). Dentre os brasileiros e entidades nacionais que já endossaram o Apelo Global estão o ex-Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; o empresário Roger Agnelli, ex-CEO da Vale; e a Universidade de São Paulo (USP). 
Em 2012, o Apelo Global será endossado pela Associação Médica Mundial e seus afiliados em diversos países, visando unir cada vez mais a classe médica na luta pelo fim do preconceito e melhorias da saúde pública. 
“Pessoas atingidas pela doença há muito tempo são vistas como ‘amaldiçoadas’ e sofrem discriminação. São rejeitadas pela sociedade e abandonadas. Foram forçadas a viverem segregadas e confinadas em áreas distantes, isoladas ou até mesmo em ilhas remotas, por acreditar-se que seja um mal altamente contagioso, o que não é verdade. Cerca de 99% das pessoas têm imunidade natural ou resistência ao bacilo causador da Hanseníase. É uma doença curável, o tratamento é gratuito e, portanto, não há espaço para a discriminação social”, explica Yohei Sasakawa, Embaixador da Boa Vontade da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Eliminação da Hanseníase e chairman da Nippon Foundation, entidade que há mais de 40 anos é referência internacional em campanhas para eliminação da Hanseníase no mundo. 

Mais sobre a Hanseníase 

É causada pelo bacilo de Hansen, o Mycobacterium leprae: um parasita que ataca a pele e nervos periféricos, mas pode afetar outros órgãos como o fígado, os testículos e os olhos. 
Quando não tratada e diagnosticada precocemente, resulta em deficiências sociais e  físicas.

Embora já exista a cura para a hanseníase, quem apresenta a doença e seus familiares ainda sofrem preconceito e discriminação em todos os aspectos de suas vidas. Em pleno século XXI, quando a doença já é facilmente tratada, o estigma ainda persiste gerando violação de direitos humanos.
FONTE:NIPPON FOUNDATION E SECRETARIA DE DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA HUMANA/SÃO PAULO
ENVIADO PELO COLABORADOR CARLOS LACERDA

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