Ao menos 1.000 homens do Exército, da Força Nacional de Segurança e da Tropa de Choque da Polícia Militar cercam, na manhã desta segunda-feira, a Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, onde os PMs acampam com suas famílias desde terça-feira, dia em que deram início à greve. Houve confronto entre as forças federais de segurança e os familiares dos grevistas nesta manhã, quando parentes de PMs tentaram entrar no local. As tropas dispararam balas de borracha contra os manifestantes.
Com o apoio das tropas federais, o governo baiano tenta desocupar o prédio, além de cumprir 11 mandados de prisão expedidos pela Justiça baiana contra os líderes do movimento, que estão no local. O abastecimento de energia elétrica na Assembleia foi cortado por volta das 19 horas deste domingo. As tropas federais fizeram incursões no entorno do edifício, usando, entre outros veículos, os blindados Urutu do Exército, que chegaram ontem à cidade, e helicópteros. A iluminação de alguns pontos e dos holofotes instalados do lado externo é mantida por geradores de energia, usados para casos de emergência.
O Exército fechou todo o acesso à região da Assembleia. De acordo com a assessoria da Secretaria de Segurança Pública, o general Gonçalves Dias, comandante da 6º região militar, e a PM estão negociando com os grevistas, mas não há previsão de resolução do conflito.
Os policiais grevistas dizem não querer confronto com as tropas do Exército ou com os 40 integrantes do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal (PF), que chegaram neste domingo a Salvador para cumprir os mandados de prisão. Contudo, avisam que vão responder eventuais atos de violência com violência. Além do Exército, homens da Companhia de Operações Especiais da Polícia Militar estão nas proximidades da Assembleia. Segundo o tenente-coronel Márcio Cunha, responsável pela área de Comunicação do Exército, depois do isolamento da área, os mandados de prisão serão cumpridos.
"Nosso objetivo não é invadir a Assembleia", afirmou Cunha. "Fizemos uma operação de isolamento para garantir a ordem na região com o objetivo de permitir o livre trânsito no centro administrativo da Bahia para que as pessoas pudessem trabalhar e exercer suas funções no local". O tenente-coronel informou que uma equipe da Secretaria de Segurança Pública do estado está dentro do prédio realizando as negociações, "que estão evoluindo gradativamente", garantiu. "Houve um confronto com algumas pessoas que tentaram entrar no perímetro de isolamento, mas foi um incidente rápido e sem feridos. Queremos manter o clima de harmonia".
O pedido para a desocupação do prédio da Assembleia foi feito no domingo à tarde pelo presidente da Casa, deputado Marcelo Nilo, ao general Dias. Nilo disse que "os trabalhos legislativos precisam voltar à normalidade e que a Assembleia não pode ser usada como abrigo para foragidos da Justiça". O deputado falou ainda que o pedido partiu dele mesmo e não do governador.
Cerca de 300 PMs amotinados aglomeram-se na frente da Assembleia. "Chamem seus colegas, esta é uma noite fundamental para nossa luta", disse o líder da greve, Marco Prisco, presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), em discurso feito por volta das 21h30. De acordo com Prisco, o comando da PM do Estado teria feito uma proposta pelo fim do movimento e da ocupação. "Falei com o coronel (Alfredo) Castro (comandante-geral da PM) e ele propôs anistia total e irrestrita a todos os companheiros grevistas, a incorporação de duas gratificações aos salários e a revogação de todos mandados de prisão, menos o meu", disse, aos PMs que estão no local.
Em seguida, Prisco perguntou aos grevistas se aceitavam essas condições. Eles negaram. Segundo o governo, porém, não foi feita nenhuma proposta aos amotinados. "A única proposta do governo é: voltem a trabalhar", rebateu o secretário de Comunicação, Robinson Almeida. "Os mandados de prisão serão cumpridos, mais cedo ou mais tarde. Isso já saiu da esfera do Estado, é uma determinação do governo federal.
Onda de crimes - Desde terça feira, 31 de janeiro, quando começou a greve da Polícia Militar na Bahia, a Secretaria de Segurança Pública do estado registrou 96 homicídios, de acordo com os boletins diários divulgados pelo órgão. Somente nesta segunda-feira, quatro mortes foram contabilizadas, todas no município de Camaçari. Neste fim de semana, foram 36 homicídios.
FONTE:VEJA.COM
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