"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

sábado, 18 de fevereiro de 2012

FREIRE CRITICA POLÍTICA INDUSTRIAL DO GOVERNO



Quando achávamos que já tínhamos visto tudo em matéria de incompetência governamental na condução da política industrial, somos brindados com uma inacreditável solução para nossas crescentes dificuldades: nosso governo pedirá ao chinês que controle as exportações para o Brasil. É a mais absoluta confissão de que não sabe o que fazer com um quadro que se agrava rapidamente.Apontei em artigo de janeiro ("A balança preocupa") que, apesar do elevado superávit apresentado em 2011, havia sinais preocupantes de uma crescente dependência da China. Mas ainda havia superávit. Isso se reverteu em janeiro, conforme dados da Secex, a balança comercial apresentou déficit de US$ 1,29 bilhão somente em um mês. Caso esse resultado se repita ao longo do ano, teremos um déficit monumental.Enquanto isso, o Plano Brasil Maior, a resposta do governo à desindustrialização do país, bate cabeça na gestão e execução de suas propostas e patina nos resultados. O crescimento pífio da produção industrial em 2011, meros 0,3%, mostra que o plano não alcançou nenhum dos resultados pretendidos. O que, aliás, precisa ser dito é que esse plano não é apenas inócuo ao não enfrentar os problemas estruturais da indústria brasileira. Mas sua concepção geral é atrasada por conta de uma não confessada visão estatizante da economia.As reformas estruturais da economia brasileira não foram realizadas nos últimos 9 anos de governo petista, por desinteresse e incompetência. O que fez com que a indústria fosse perdendo competitividade ao longo do tempo, até chegar ao ponto desastroso em que nos encontramos. O que governo precisa enfrentar é a inescapável agenda de reformas, a tributária em primeiro lugar. Não lhe falta base de apoio no Congresso para tanto.Não temos resposta para o câmbio sobrevalorizado e os altíssimos juros para o crédito produtivo que afetam a indústria - se compararmos com os países emergentes - é um elemento importante de amplificação de nossas dificuldades. Falta infraestrutura logística, por exemplo, sem a qual é impossível aumentar a produção. Nesse sentido, a privatização dos aeroportos, antes demonizada pelo PT, é uma boa notícia, mesmo que muito atrasada. Mesmo que essa mudança de postura do governo seja fruto da necessidade imperativa para a realização da Copa do Mundo, e não resultado de um planejamento para aumento da capacidade produtiva do país.O ponto decisivo a ser enfrentado é a capacidade de inovação da indústria, para que esta consiga enfrentar a concorrência internacional. Faltam investimentos pesados em educação, ciência e tecnologia. Além destes investimentos, é necessária uma agressiva política de incentivo com contrapartidas claras da indústria. Entretanto, cortar o orçamento do Ministério de Ciência e Tecnologia em R$ 1,486 bi, como recém-anunciado, vai na contramão desse esforço.Enquanto a China utiliza de todos os recursos para aumentar a competitividade de seus produtos, o governo brasileiro se curva de joelhos para pedir, gentilmente, que a China diminua as exportações para o Brasil. Isso até parece uma chanchada brasileira com ares de tragicomédia. 

AUTOR:ROBERTO FREIRE-BRASIL ECONÔMICO

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