Entomologistas descobrem maneira de impedir proliferação do Aedes aegypti
A descoberta pode reduzir o número de internações e os gastos com a saúde onde a dengue e a febre amarela são endêmicas
A cada ano, a dengue infecta cerca de 100 milhões de pessoas, enquanto a febre amarela é responsável por cerca de 30 mil mortes em todo o mundo. Ambas as doenças são transmitidas pelas fêmeas do mosquito Aedes aegypti, que necessitam de sangue de vertebrados para produzir ovos. O repasto sanguíneo e o desenvolvimento dos ovos estão intimamente ligados à forma como o mosquito transmite o vírus causador da doença.
Agora, uma equipe de entomologistas da Universidade da Califórnia (UC), em Riverside (EUA), identificou um microRNA (uma molécula de ácido curto ribonucléico), em fêmeas do mosquito Aedes aegypti que, quando desativado atrapalha a digestão do sangue e o desenvolvimento de ovos - uma descoberta que poderia ajudar a controlar a propagação não só da dengue e da febre amarela, mas potencialmente, de todas as doenças transmitidas por vetores.
Os microRNAs não codificam produtos de proteína, mas desempenham poderosos papéis reguladores de crescimento e desenvolvimento celular; sua mis-regulação leva a defeitos, inclusive o câncer.
Os pesquisadores perguntaram se microRNAs foram envolvidos em funções essenciais em fêmeas de mosquitos, como a alimentação de sangue e maturação do ovo. Estas funções são necessárias não só para a reprodução bem-sucedida, mas também servem de base para a capacidade do mosquito de transmitir patógenos de doenças humanas.
Em seus experimentos em laboratório, os pesquisadores triaram uma série de microRNAs em fêmeas do mosquito Aedes aegypti para estudar seu comportamento durante o repasto sanguíneo e reprodução, encontraram um microRNA, miR-275, em níveis bastante elevados durante o desenvolvimento dos ovos.
Os pesquisadores, então, desenvolveram um método para a desativação específica de miR-275 em fêmeas de Aedes aegypti.
Eles descobriram que esses mosquitos se alimentavam de sangue não digerido, que permaneciam em suas entranhas. Os pesquisadores também descobriram que, nesses mosquitos, o desenvolvimento do ovo, cujo sucesso depende da digestão de sangue, foi severamente inibido.
"Agora podemos derrubar uma série de acontecimentos - a começar com a digestão de sangue e a maturação do óvulo - simplesmente eliminando esta pequena molécula, miR-275. Em áreas tropicais do mundo, onde a dengue e a febre amarela são muitas vezes causas de hospitalização e morte entre adultos e crianças, uma redução no número de mosquitos Aedes aegypti seria tremendamente benéfica", disse Alexander Raikhel, professor emérito de entomologia.
Os resultados do estudo aparecem esta semana na edição online da revista Proceedings, da Academia Nacional das Ciências.
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