Sucessão em SP pode aliar Kassab a petistas
No PMDB, prefeito poderia fazer campanha para ex-adversários na disputa pela prefeitura, em troca de apoio para governo em 2014
As negociações para uma eventual troca de partido do prefeito paulistano Gilberto Kassab (DEM) começaram a alimentar articulações para unir no mesmo projeto político petistas e kassabistas em 2012 e 2014, de modo que haja um "revezamento" eleitoral nas próximas eleições.
A ida de Kassab para um partido da base da presidente eleita Dilma Rousseff (PT) animou petistas, que viram na provável dança de cadeiras a chance de enfraquecer os adversários tucanos em São Paulo, Estado que é reduto do PSDB há 16 anos.
Na última semana, o prefeito intensificou as conversas com o PMDB, por meio do presidente da legenda e vice-presidente eleito, Michel Temer. Com a possibilidade de Kassab ingressar em um partido aliado ao PT no plano federal - as conversas chegaram ao PSB também -, petistas e peemedebistas passaram a cogitar uma aliança que passe pela eleição municipal, em 2012, e pela estadual, em 2014.
Não podendo concorrer a uma nova reeleição para a prefeitura paulistana, o projeto político de Kassab passa necessariamente pelo Palácio dos Bandeirantes. Para viabilizar o plano, ele precisa controlar uma legenda com verbas e tempo de TV e que não sirva de apêndice aos projetos do PSDB, que tem como caminho natural lançar Geraldo Alckmin à reeleição.
O PMDB paulista serviria a esse propósito. Com a liderança de Orestes Quércia enfraquecida por questões de saúde, o partido tende a passar por um rearranjo de poder em torno de Temer, que atribuiria a Kassab a tarefa de reestruturar o partido no Estado. O PMDB paulista se enfraqueceu tanto regionalmente que só conseguiu fazer um deputado federal na última eleição.
Petistas e peemedebistas dizem que a ida de Kassab para a legenda daria novo gás à discussão de uma aliança entre os dois partidos, de modo a isolar os tucanos. Em 2014, o prefeito poderia contar com o apoio dos adversários históricos no PT para disputar o Palácio dos Bandeirantes. A contrapartida seria o apoio ao PT na disputa pela prefeitura paulistana daqui a dois anos - ou o compromisso de que a candidatura do PMDB seria "de fachada".
O principal atingido pelas articulações de Kassab é Alckmin, com quem o prefeito mantém uma relação, no mínimo, distante. O governador eleito, que pretende dar as cartas no processo de sucessão na Prefeitura de São Paulo em 2012, perderia um importante aliado - e precioso tempo de TV - num cenário em que buscasse a reeleição.
"Uma aliança com o PMDB de São Paulo em 2012 seria muito boa. Kassab pode se tornar um grande aliado, o que seria bom para o PT, que sabe que precisa ampliar sua política de aliança no Estado", afirmou um líder petista, destacando que a "fidelidade" de Kassab é a José Serra e não a Geraldo Alckmin, e que "o projeto de Alckmin não é o mesmo do de Serra".
Enquanto Kassab articula seu futuro político, o DEM trabalha para mantê-lo na sigla. O problema é que talvez isso já não seja mais possível politicamente. O ex-senador Jorge Bornhausen (DEM-SC) colocou em campo uma operação para alterar o comando nacional da legenda e manter o prefeito paulista nas hostes democratas. Só que hoje essa articulação é de difícil execução, uma vez que o atual presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), tem o apoio de diretórios influentes, como Rio, Bahia, Minas Gerais e Goiás.
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