"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

terça-feira, 2 de novembro de 2010

APOIO DO CONGRESSO DEPENDERÁ DE INTENSAS NEGOCIAÇÕES

Wanderley Preite Sobrinho, do R7

Dilma Rousseff saiu vitoriosa das urnas e chega à Presidência tendo à sua disposição ainda mais deputados e senadores aliados do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu em dois mandatos.

Para especialistas ouvidos pelo R7, no entanto, eleger maioria no Congresso não é suficiente para garantir a governabilidade porque, para isso, será preciso usar uma tática usada tanto por Lula quanto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: negociar com os partidos aliados a distribuição de cargos em ministérios e estatais.

Uma das principais vitórias de Lula em seu primeiro mandato (2003-2007) não foi nas urnas, mas na mesa de negociações. Ainda em 2003, o PMDB decidiu barrar até nomeações do governo para cargos no segundo e terceiro escalões. Lula não conseguiu emplacar nem o nome do ex-deputado Luiz Alfredo Salomão para uma diretoria da ANP (Agência Nacional do Petróleo). O jeito foi atrair os então opositores.

À medida que o PMDB entrava no governo e ganhava postos de comando, seu apoio ao governo aumentava. Do primeiro para o segundo mandato, os peemedebistas saltaram de três para seis ministérios. No mesmo período, o apoio do partido aos projetos do governo pulou de 56,9% para 63,7%, de acordo com levantamento da consultoria política Arko Advice.

Para o cientista político da USP (Universidade de São Paulo) Brasílio Sallum Júnior “qualquer combinação eleitoral não significa coalizões para governar”.

- Eleito o governo, é preciso ver a montagem dos ministérios e secretarias. É isso que vai determinar se o governo tem ou não maioria do Congresso.

plenario-senado-tv

Crédito: Agência Senado

Além da distribuição de cargos, a cientista política da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) Maria do Socorro acha que a petista não terá problema para conseguir a adesão de outras legendas.

- Os partidos brasileiros estão caminhando para o centro. Eles estão cada vez mais parecidos ideologicamente, o que torna fácil atraí-los para o governo.

Para ela, a oposição minúscula (veja gráfico abaixo) terá de ser criativa para fazer frente ao governo:

- A oposição pode protelar, adiar pauta e atrapalhar o processo. Mas uma alternativa é buscar apoio na sociedade civil.

Mesmo distribuindo cargos e atraindo partidos rivais para o guarda-chuva do governo, nem sempre é fácil vencer as batalhas no Senado e na Câmara. Em 2007, por exemplo, Lula sofreu sua maior derrota ao não conseguir prorrogar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que tirou do governo uma arrecadação anual de cerca de R$ 40 bilhões.

Lula também reclama da reforma tributária, enviada ao Congresso nos primeiros meses de seu primeiro mandato e que até agora não foi votada. Em agosto último, o presidente voltou a tocar no assunto.

- Por que [a reforma tributária] não foi aprovada? Porque a verdade é que, tanto quanto a reforma política que todo mundo fala que é necessária, as pessoas não querem. Porque cada um quer a sua reforma. E ela não acontece.


Nenhum comentário:

Postar um comentário