"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

sábado, 4 de dezembro de 2010

DIÁRIOS DA TERCEIRIZAÇÃO


Não trabalhamos à exaustão, como de hábito cá pelas bandas do Hospital Inácia Pinto.O motivo da redução de fluxo de pacientes internados é a superlotação.Apesar disto , os obstetras não pararam de realizar consultas equivalentes a pré-natal, embora estejamos em um nosocômio destinado a urgências e emergências obstétricas.O tema que dominou todas as conversas foi a demissão sumária de dezenas de companheiros e companheiras que, segundo os gestores, tornaram-se desnecessários. Companheiros cooperados, fapespianos, e sabe-se lá quantos regimes jurídicos de trabalho, com 14 anos de casa, viram-se demitidos, sem maiores explicações. Não somos contra o enxugamento racional do quadro de funcionários,entretanto é preciso ter cuidado para não atropelar-se o senso de justiça e a legalidade.É preciso estar atento para não sacrificar os melhores quadros, com muitos anos de experiência,úteis à Instituição, produtivos, dominando todas as rotinas, em favor de novos contratados com notório despreparo para as funções de um centro cirúrgico ou centro obstétrico, este último bastante movimentado.Falam-se em quinze demissões e a rádio corredor já admite uma lista com mais cinquenta.O Complexo tornou-se deficitário desde a criação da Unidade Hospitalar de Pediatria como módulo funcional independente apesar de compor um Complexo Hospitalar, segundo a lei.Diretores em número desnecessário, com superposição de funções.Quadro de funcionários que evolui ou regride ao sabor das necessidades político-eleitorais dos agentes políticos. Abolido o concurso público como preceitua a Constituição Federal,tornado prática rara e extemporânea, adaptando-nos à realidade, temos que admitir o papel do agente político sabidamente independente das ideologias ou partidos. Contudo, o bom senso orienta para que se tenha o mínimo de critérios na admissão ou demissão, submetendo as cotas dos agentes políticos à avaliação interna do corpo técnico da Unidade. Se um Bacharel em Direito precisa de um exame da Ordem dos Advogados (OAB) para ser autorizado a advogar, como admitir que um técnico em Enfermagem ou Enfermeira substitua um colega, não tendo experiência ou vivência hospitalar?Para mim o princípio ideal é o concurso e o remédio paliativo é a Criação de uma Comissão Interna de Examinadores. Na verdade a avaliação deve ser permanente e para tanto os Gestores deveriam criar Planilhas de Avaliação de Desempenho. Baseados nestas Planilhas os funcionários seriam promovidos, estimulados ou convidados a afastar-se.É fundamental preservar o mínimo de Profissionalismo já que as garantias trabalhistas foram trituradas pelo privatismo maquiado de cooperativismo.Com quem montar a Unidade Semi-Intensiva da Instituição? Com que grupo de enfermeiras e /ou técnicas podemos contar, se estão sendo substituidas por funcionárias inexperientes? É preciso ter cuidado com as demissões indiscriminadas sob pena de perdermos vários anos de esforços em treinamentos e qualificação profissional. Quem acaba ganhando é a iniciativa privada,que paga um pouco melhor, oferece garantias trabalhistas e, via de regra, absorve quadros com os quais não investiu um centavo sequer em treinamento.Concordamos com a racionalização das contratações ,mas consideramos imprescindível uma revisão do modelo trabalhista implantado na Instituição que pode ser traduzido por uma só palavra:precariedade.Não alimento utopias , entretanto,considero imprescindível convivermos com o mais mínimo senso de justiça. Que se aplique bom senso e justiça no Inácia!
Este aparelho mostrado na fotografia custa alguns milhares de dólares.Existem três deles na futura Unidade Semi-Intensiva do Inácia Pinto.A pergunta a ser feita é quando funcionarão? Quem os manipulará? Podemos dizer , os anestesistas. Mas , quais técnicos os auxiliarão nesta tarefa? Quanto custa um aparelho de alta tecnologia parado, sem utilização? Pode-se argumentar que é preciso treinar os novatos. Verdade cristalina. Serão demitidos e serão cooptados pela iniciativa privada, que lhes oferece 13°,Férias, Plano de Saúde, Cesta Básica e, nós da rede pública voltamos à estaca zero.Em razão disto defendo a perenização do funcionário e a recondução aos seus cargos originais de funcionários que acumularam conhecimento e são insubstituíveis.
OLDECIR MARQUES

Nenhum comentário:

Postar um comentário