"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

sábado, 23 de outubro de 2010

DIREITOS HUMANOS-PRÊMIO SAKHAROV


Guillermo Fariñas caminha com a ajuda de um andador. O corpo esquálido carrega sequelas da greve de fome de 134 dias. O gesto desesperado que quase matou o psicólogo e jornalista de 48 anos, foi em protesto à morte de Orlando Zapata Tamayo - o ativista também não resistiu a um jejum político. Três meses depois do fim do ato que comoveu o mundo, Fariñas foi homenageado ontem com o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, a mais importante distinção à luta pelos direitos humanos conferida pelo Parlamento da União Europeia, sediado em Estrasburgo (França).

"Do ponto de vista físico, estamos com uma inflamação no abdômen e uma trombose na parte esquerda do pescoço", afirmou o cubano ao Correio Braziliense/Diario, por telefone, desde sua casa na cidade de Santa Clara, 270km a leste de Havana. Quando fala sobre sua saúde, Fariñas sempre usa a terceira pessoa. Ele se disse "um pouco surpreso" com o prêmio. "Com essa distinção, estão dando uma visualização paraa ilha", destaca. "Os governantes cubanos deverão levar em conta isso, já que o tema das violações dos direitos humanos dentro de Cuba passa a ser evidente com esse prêmio", acrescenta.

De acordo com o Parlamento Europeu, o Prêmio Sakharov 2010 - referência ao dissidente e físico nuclear soviético Andrei Sakharov (1921-1989) -, Fariñas já realizou 23 greves de fome para protestar contra a censura na ilha e mostrar oposição ao regime castrista. Pela terceira vez, a União Europeia (UE) contempla com a distinção um movimento opositor cubano. Em 2002, o ativista Oswaldo Payá recebeu a honraria e foi impedido de viajar a Estrasburgo. O mesmo ocorreu com Laura Pollán, líder das Damas de Branco, em 2005.

Fariñas nega ter sido ameaçado pelos castristas. Ele não teme ser impedido de retornar a Cuba, caso escolha receber pessoalmente a láurea e 50 mil euros em dinheiro, em 15 de dezembro. "Aqui temos um mecanismo que é a saída definitiva e a saída temporal. Se eu for, terei de assinar um termo", diz. No entanto, não descarta nova greve de fome, em resposta a uma proibição.
PERNAMBUCO.COM

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