"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

sábado, 23 de outubro de 2010

BNDES já liberou R$ 2,2 bi para estádios da Copa

Esportes: Pernambuco, cujo projeto soma R$ 532 milhões, deve ser o sexto Estado beneficiado pela linha oficial

André Borges | VALOR

De Brasília

O Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai liberar empréstimo de R$ 400 milhões para a construção da Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, região metropolitana do Recife, capital escolhida para ser uma das 12 cidades que receberão os jogos da Copa do Mundo de futebol de 2014. O relatório técnico e de viabilidade financeira já foi entregue ao banco e o financiamento deve ser anunciado nos próximos dias. A arena, que será construída pelo consórcio formado pela Odebrecht Investimentos em Infraestrutura e a operadora International Stadia Group (ISG), terá custo total de R$ 532,6 milhões.

Com Pernambuco, já são seis os Estados que bateram na porta do BNDES para financiar a construção ou a reforma de estádios. Na semana passada, o banco liberou R$ 400 milhões para a reforma do Maracanã e do entorno do estádio carioca. A obra completa é estimada em cerca de R$ 700 milhões.

Os empréstimos do banco também estão nas planilhas das arenas de Salvador, Cuiabá, Fortaleza e Manaus. O BNDES já liberou mais de R$ 2,2 bilhões para os estádios da Copa. A tendência é de que essa cifra cresça até o fim do ano, segundo Élvio Gaspar, diretor da área de inclusão social e de crédito do BNDES. “Em alguns Estados há projetos em fase de licitação para escolha de quem fará a obra. A partir daí haverá procura por mais crédito”, diz. É o caso do estádio das Dunas, em Natal, onde a abertura do envelope de quem fará a obra de R$ 420 milhões está marcada para 5 de novembro.

O BNDES tem mantido diálogo com os demais Estados, diz Gaspar, mas não há acordos firmados. A lista dos indecisos inclui Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e o Distrito Federal. Desses, os Estados mineiro e gaúcho estão entre os mais cotados para recorrer ao empréstimo do banco. Em Curitiba, segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, já foi decidido que a reforma da Arena da Baixada, orçada em R$ 150 milhões, vai ser bancada com recursos da gestão municipal, do governo do Estado e do Clube Atlético Paranaense, proprietário do estádio.

As indefinições sobre garantias financeiras e financiamento para a construção de estádios são as principais causas dos desarranjos entre a Fifa e os gestores dos projetos em cada Estado. Em Porto Alegre, a diretoria do clube Internacional alega que já tinha em caixa metade dos R$ 150 milhões orçados para executar a reforma do Beira-Rio. A outra metade viria da receita gerada pelo estádio. “Isso já estava aprovado, mas agora a Fifa passou a exigir que a reforma tenha um agente financeiro para garantir a conclusão da obra”, informou a diretoria do Internacional por meio da assessoria de comunicação. De acordo com a assessoria do clube, o Internacional “terá que buscar um banco para ser agente financeiro ou uma empreiteira para tomar o dinheiro que falta”.

Em São Paulo, a arena do Corinthians já foi dada como certa pela prefeitura e pelo governo do Estado como palco da abertura da Copa, mas o próprio clube se mostra cauteloso quando o tema é o financiamento da obra. A arena do Corinthians, um projeto de R$ 335 milhões, será feita pela Odebrecht, que já conta com uma linha de financiamento com o BNDES. Ocorre que esse é o valor de um estádio com capacidade para 45 mil pessoas, mas a Fifa exige que a arena para abertura dos jogos tenha espaço para 65 mil pessoas. “Temos um projeto para construção do estádio do Corinthians, não para a abertura da Copa”, informou o clube, por meio de sua assessoria de comunicação. Segundo a diretoria do clube, a ampliação da arena esportiva custaria algo entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões adicionais, dinheiro que o clube não está disposto a pagar e nem concorda que o recurso venha do poder público.

O ProCopa Arenas, como foi batizado o programa do BNDES, permite que cada projeto tome recursos com um teto de R$ 400 milhões. O valor obtido não pode ser superior a 75% do orçamento total projeto. Segundo Élvio Gaspar, do BNDES, a concessão do empréstimo tem levado em conta três exigências para as obras: a viabilidade econômica, as alternativas de acesso ao local e o cumprimento de ações ambientais, como coleta seletiva de lixo e aproveitamento da água da chuva para banheiros e gramados. Hoje o banco trabalha com uma equipe de 20 pessoas para cuidar exclusivamente dos projetos da Copa do Mundo de 2014.

BLOG DO FAVRE


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