O jogo da direita
A direita desistiu de ganhar. Se rendeu à imensa maioria nova que se constituiu no Brasil a partir do governo Lula e de suas conseqüências sociais. Já despejou sua decepção e sua raiva no seu candidato, incapaz de manter uma dianteira que eles mesmos nunca souberam explicar, mas que os acalentava de ter o candidato mais viável. Se rendeu a direita a um candidato que não era o da sua preferência, mas o mais viável para voltar ao governo. Sofreu com a crise de identidade dessa Viúva Porcina, que foi sem nunca ter sido – foi um bom economista, sem nunca ter sido; foi grande governante, sem nunca ter sido; tinha uma trajetória exemplar como político, sem nunca ter tido.
Pelos editoriais, a linha da direita é tudo, menos o Lula, tudo contra a Dilma, candidata da continuidade do governo Lula. A preocupação das ultimas semanas é diminuir o poder do próximo governo. A FSP fala na necessidade de limitar o poder (dos outros, nunca o deles). O Globo se preocupa com a maioria no Congresso (como se o Lula não tivesse, até mesmo para buscar um terceiro mandato, não fosse democrático, ao contrario de FHC, que mudou a Constituição durante seu mandato, para ter dois).
Agora, é buscar o segundo turno, como forma de demonstrar limitações no apoio ao Lula, mais semanas de embate e tentar demonstrar que seu denuncismo ainda tem poder de influencia. Sabem que o Serra é um cadáver político. Com tudo o que fizeram com ele (como diz o meu primo Zé Simão: se parece ao Atlético Mineiro, cada vez que aparece na televisão, perde 3 pontos), não conseguem alavancá-lo.
Daí a operação Marina. Era a ministra mais criticada do governo, com suas picuinhas, que brecavam obras de infra estrutura, se tornou a queridinha da mídia, trogloditas de repente descobrem e se tornam ecologistas de ocasião. A soma dos dois, mais nanicos, mais dificuldades de gente do povão de votar para tantos candidatos (para presidente é a sexta votação) e a necessidade de levar documento com fotos, anima a oposição. Pelo menos para não levar uma goleada desmoralizante.
Já têm como seguro Senado e Câmara com grande maioria governista, maior parte de governadores a favor do governo e eleição da Dilma, no primeiro ou segundo turno, como estabelecidos. O plano agora, para salvar os dedos é:
- garantir São Paulo, Minas e o Paraná
- conseguir chegar ao segundo turno
- tentar diminuir a maioria governista no Parlamento.
Para esta ultima, a oposição busca evitar o mês de janela que se anuncia para logo depois da eleição, que sangraria mais ainda os já combalidos partidos da oposição. DEM e PPS com riscos de desaparição, PSDB tornando-se um partido médio na representação parlamentar.
Conta, para a operação final, com o monopólio privado da mídia, seu elemento forte, aquele em que são claramente majoritários. A operação Data Folha era previsível. Pode ser que mantenham uma diferença baixa ou que, para tentar segurar um pouco que seja de credibilidade, voltem a aumentá-la, depois que esse DF tenha os efeitos possíveis. O Globo, a FSP, o Estadão e a Veja, se jogam com tudo, sem pensar nas conseqüências pós-eleitorais, com uma derrota que demonstra como perderam totalmente a capacidade de influência. Tentam agora sobreviver a todo custo, contra ventos e tempestades, depois que seu candidato naufragou espetacularmente.
Postado por Emir Sader às 11:00
José Serra não vence em nenhuma região
Publicado em 28-Set-2010
José Serra
O Datafolha de hoje leva a algumas conclusões elementares, dentre as quais, a principal é que o candidato da oposição a presidente da República, José Serra (PSDB-DEM-PPS) não vence em nenhuma região do país e permanece estacionado desde a última pesquisa.
Outro dado que salta à vista é que em um eventual 2º turno, Dilma Rousseff (governo-PT-partidos aliados) o venceria fácil, com 52% contra 39% do tucano. Por este Datafolha, Dilma tem 51% dos votos válidos; José Serra apenas oscilou 1 ponto - de 31% para 32%; e a candidata do PV, Marina Silva está longe de ambos e de um 2º turno, tendo oscilado de 14% para 16%.
Nas regiões Centro-Oeste/Norte, Dilma lidera com folgados 44%, contra 31% de José Serra e 17% de Marina. No Sul, Dilma aparece em 1º lugar, com 39% dos votos, fora da margem de erro técnico de empate com José Serra, que tem 35%. Marina tem aí 10%. Na região Sudeste, Dilma está disparada na frente de Serra: 41 x 31. Aí Marina amarga 10%. Dilma está vencendo simplesmente nos quatro Estados que compõem a região: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Desta forma, Dilma vence em todas as regiões do país. No Nordeste tem 59% contra 19% de José Serra e 11% de Marina, o que representa nada mais, nada menos que 20 milhões de votos de frente. Resumo da história: Dilma vence em todas as regiões e faixas; Serra é o mais rejeitado e está empacado; Marina é a 3ª, longe dos dois e de um 2º turno e, também, está estacionada.
Blog do Zé
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