"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

FOME DE JUSTIÇA


Hoje, aqueles que estão ameaçados pela fome crônica,somam 950 milhões de seres humanos.Foram 800milhões em 2007.Seu número aumentou neste meio tempo, devido à expansão do agronegócio-cujas tecnologias elevam os preços dos alimentos- e da extensão das áreas de cultivo para produção de bio-combustíveis e produtos para suprir a fome de máquinas e não de pessoas.
A fome é a arma mais mortal inventada pela injustiça humana.Ela causa mais mortes que todas as guerras e elimina 23.000 vidas /dia, quase 1000 pessoas/hora.As principais vítimas são crianças.
Quase ninguém morre por falta de alimentos. O ser humano suporta quase tudo:políticos corruptos,humilhações, agressões, indiferença e a opulência de uns poucos. E até mesmo o prato vazio. Por isto não se pode afirmar que se morre da completa ausência de alimentos. Os famintos, quando não tem nada para comer, consomem restos de lixo, lagartos, ratos, gatos, formigas e vários insetos.A falta de vitaminas, carbohidratos e de outras substâncias essenciais, debilitam o corpo e o torna vulnerável às doenças.As crianças raquíticas e desnutridas morrem de resfriado comum por falta de defesas orgânicas.
Há quatro fatores de morte precoce: acidentes de diversas modalidades( no trabalho, nas estradas,etc...); doenças como câncer e AIDS e a fome. Êste último produz o maior número de vítimas.Entretanto , é fato que provoca menos mobilização. Há campanhas repetidas contra o terrorismo ou para deter a AIDS, mas, quem protesta contra a fome? Os miseráveis não protestam. Só quem come protesta de forma veemente e, ocupando as ruas, manifesta publicamente o seu descontentamento e suas reinvindicações. Como estas pessoas não sofrem fome, os famintos são ignorados.
Os líderes das nações mais ricas e poderosas do mundo,unidos no G8, no início de junho em Aquila, na Itália decidiram liberar U$ 15 bilhões de dólares para aliviar a fome no mundo. Quanto cinismo do G8! Êles são responsáveis de fato pela multidão de famintos. Os famintos não existiriam se as nações metropolitanas não adotassem políticas protecionistas, barreiras alfandegárias, multinacionais de agro-tóxicos e de sementes transgênicas.Quase 5 milhões de crianças não morreriam a cada ano se os países membros do G8 não manipulassem a OMC, não estimulassem a desigualdade social e tudo que a agrava: a grande propriedade, a especulação sobre os preços dos alimentos e a apropriação privada da riqueza.Se o G8 tivesse realmente a intenção de erradicar a fome do mundo,promoveria mudanças nas estruturas mercantilistas que regem a produção e o comércio mundiais e alocariam mais recursos para as nações pobres do que para o mercado financeiro e a indústria da guerra.
Se os donos do mundo desejassem realmente acabar com a fome declarariam o latifúndio crime contra a humanidade e permitiriam a livre circulação dos alimentos como acontece com o dinheiro.Dizer que o G8 tenta acabar com a fome e tenta salvar o planeta da degradação ambiental equivale a acreditar em Papai Noel e suas promessas de vida digna para as crianças pobres.A desfaçatez é tamanha que os dirigentes mundiais prometem estabelecer as bases para uma sustentabilidade ambiental a partir de 2050.
Ora,um dos ensinamentos evidentes da natureza é que, a médio prazo,estaremos todos mortos. Se a Terra já perdeu 25% de sua capacidade de regeneração o que acontecerá se a Humanidade esperar 40 anos para tomarmos medidas eficazes?
Se aqueles que não tem fome, tivessem pelo menos fome de justiça- virtude classificada de bem-aventurança por Jesus Cristo- a esperança de um futuro melhor , não seria vã.Frei Beto


Artigo original publicado em 27/07/2009. Traduzido por Thierry Pignolet e editado por Fausto Giudice.

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