O vereador Angelo Almeida(foto ao lado do governador Jaques Wagner) tem 43 anos e está exercendo o seu primeiro mandato em Feira de Santana pelo Partido dos Trabalhadores (PT). É filho de Antonio Carlos Pinto de Almeida, mais conhecido como Tatai do Banco do Brasil, que também foi vereador em 1982. É odontólogo e foi filiado ao PMN e PDT, inclusive sendo presidente das duas agremiações. Coordenou a campanha de João Durval Carneiro nas eleições de 1992 e já assessorou o Deputado Sérgio Carneiro. Esta semana, Angelo Almeida concedeu entrevista ao Blog. Durante o bate-papo, Almeida falou sobre sua trajetória política, opinou acerca das eleições 2010, defende o nome de Sérgio Carneiro como vice de Jaques Wagner, comentou a importância do seu partido e avaliou o mandato de Tarcízio Pimenta. Confira abaixo, a entrevista completa.
Jair Onofre: Vereador, o senhor veio de um partido de centro-esquerda, o PDT e PMN é um partido nacionalista. Como foi a sua acomodação dentro do PT?
Ângelo Almeida: Fui presidente desses dois partidos em Feira de Santana. O Deputado Federal Sérgio Carneiro me fez o convite para ingressar no quadro do PT. Antes de tomar a decisão, fiz questão de ouvir militantes e fundadores do partido, a exemplo de Jaime Cruz, atual presidente do partido, Gerinaldo Costa, Albertino Carneiro e do Deputado Estadual Zé Neto. Fui muito bem recebido. Quando o partido nos dá a oportunidade de disputar, exercitamos o debate político; isso é importante e acontece no PT.
J.O.: O senhor chegou ao PT e logo se elegeu vereador. Ficou o sentimento de que o senhor teria tirado uma vaga de um militante histórico. Isso é coisa do passado?
A.A.: Em alguns setores do partido esse sentimento existiu, mas foi algo bem fugaz. Não houve nada radical, por que quando eu fui para o partido eu fui somando. Trouxe bons companheiros; entre eles Suzana Pimentel, um quadro excelente da Universidade Federal do Recôncavo e que Feira de Santana também disputa. A companheira Railda, também professora, Pablo Roberto que é um dos grandes quadros que temos hoje na cidade, além de outros que contribuem com a gestão do governo do Estado. Temos que exercer a atividade política, tratando a todos com muita lealdade. É o que eu tenho feito dentro do PT, por que foi assim que conduzi toda a minha vida pessoal e política. Se colocarmos na balança, acredito que os fatos são muito mais positivos que negativos.
J.O.: Antes do processo eleitoral de 2008, o senhor participou do primeiro embate interno no partido que foram as prévias, que consistiu na escolha do candidato do partido a prefeito de Feira. A disputa foi entre Sérgio Carneiro – eleito candidato – e Zé Neto que tinha mais tempo de militância partidária, o que inclusive criou dificuldades na campanha de Sérgio Carneiro. O senhor acredita que com o PED que houve recentemente isso é coisa do passado?
A.A.: Iniciar um processo de encaminhamento político dentro de um partido como o PT, participando de uma disputa acirrada como a das prévias que aconteceu dia 20 de janeiro de 2008 foi uma prova de fogo. Mas esse embate, no qual prevaleceu a vontade da maioria dos filiados, foi fundamental para que pudéssemos realizar uma outra disputa política em 2009 (o PED), com muito mais tranqüilidade. No PED, quatro chapas concorreram às vagas dos diretórios estaduais e municipais do partido. Na disputa, eu apoiei a chapa liderada pelo companheiro Marialvo Barreto. Conquistamos um bom espaço no diretório e na executiva do partido, mas não vencemos. Acredito que saiu vencedor aquele que se organizou mais, que estava mais preparado para vencer, por que na verdade o companheiro Jaime Cruz fez uma bela campanha. Por outro lado, hoje há o sentimento de que o companheiro Jaime Cruz é uma pessoa talhada a pacificar o partido em Feira de Santana.
J.O.: O que lhe vislumbra ser PT?
A.A.: Ter uma vida pública partidária com 26 anos de idade é uma grande responsabilidade. O então candidato a prefeito e ex-governador João Durval me deu essa oportunidade. Ele me convocou para assumir a presidência do PMN e organizar o partido para a disputa de 1992, da qual saímos vencedores. Depois o deputado Sérgio Carneiro me convidou para assumir a presidência do PDT. Essas experiências me proporcionaram um embasamento e uma estrutura política que me permitem hoje estar no maior partido do país. Em Feira de Santana o PT precisa estar à altura do que ele é em nível estadual e federal. Para mim é um desafio muito grande com todos os companheiros do PT poder fazer este fortalecimento do partido em Feira de Santana, cumprindo um de seus papéis fundamentais de desenvolver boas disputas políticas. Além disso, fazer a sustentação dos movimentos sociais, dos movimentos sindicais dos trabalhadores de Feira de Santana. No PT existe hoje uma situação muito favorável por conta de todas as políticas públicas que ele conseguiu implementar não só no Brasil, como também na Bahia. É hora do PT de Feira de Santana se fortalecer para ter as condições necessárias de potencializar essas políticas públicas, das quais ele é um dos pilares.
J.O.: O senhor tem feito um mandato de oposição ao governo do município, posição inclusive que o eleitorado lhe colocou, junto com o candidato Sérgio Carneiro. Mas o senhor tem dado sinais de que pode votar em propostas do prefeito como, por exemplo, a escolha do procurador do município. Qual a avaliação que o senhor faz do governo Tarcízio Pimenta depois de um ano de mandato?
A.A.: Eu acredito que o prefeito está fazendo um esforço enorme para superar os mandatos do ex-prefeito (referindo-se a José Ronaldo). Esse esforço vem se realizando em uma posição exageradamente midiática em relação a informações que são passadas para a sociedade do que está acontecendo. Um exemplo disso é a Cidade Digital, bebedouros digitais. Eu acho que está havendo certo excesso na forma como o prefeito está querendo aparecer, como melhor do que o outro. Eu tenho impressão de que se o mesmo esforço feito pelo prefeito para acelerar essas obras e dar essa visibilidade digital à cidade, fosse estendido para proporcionar as condições necessárias à população para melhorar a qualidade de vida, talvez ele estivesse realizando um trabalho melhor e mais completo. Contudo, acho que o esforço que ele faz é importante. A nenhum prefeito de Feira de Santana será dado o direito de ser medíocre por que a cidade cresceu demais e possui uma receita que não permite a um gestor cometer atrocidades políticas ou erros drásticos. O prefeito tem feito um governo mediano.
J.O.: Tem havido um diálogo entre Tarcízio Pimenta e o governador Jaques Wagner. Há espaço como aliado dentro do grupo de Jaques Wagner para Tarcízio Pimenta?
A.A.: Eu acho que isso vai depender muito mais do prefeito do que do governador, por que este tem dado sinais à Bahia de que é uma pessoa que tem sensibilidade social e política. A forma com que o governador dialoga não é mais segredo para ninguém. É um homem de diálogo amplo e aberto a esse tipo de entendimento político, e já deu demonstrações de que aceitaria conversar tranquilamente com o prefeito Tarcízio Pimenta. Entretanto, me parece que o discurso feito pelo prefeito ao povo de Feira de Santana de que ele seria o terceiro mandato do ex-prefeito José Ronaldo, o deixa numa certa dificuldade. Talvez tenha sido justamente aquele discurso excessivo do terceiro mandato que o impede de, após um ano de governo, fazer uma inflexão política. E isso pode lhe gerar prejuízo político.
Nenhum comentário:
Postar um comentário