"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

MILITÂNCIA PETISTA

ENTREVISTA: Vereador Ângelo Almeida
Postado em 29/1/2010 às: 04:13:40

O vereador Angelo Almeida(foto ao lado do governador Jaques Wagner) tem 43 anos e está exercendo o seu primeiro mandato em Feira de Santana pelo Partido dos Trabalhadores (PT). É filho de Antonio Carlos Pinto de Almeida, mais conhecido como Tatai do Banco do Brasil, que também foi vereador em 1982. É odontólogo e foi filiado ao PMN e PDT, inclusive sendo presidente das duas agremiações. Coordenou a campanha de João Durval Carneiro nas eleições de 1992 e já assessorou o Deputado Sérgio Carneiro. Esta semana, Angelo Almeida concedeu entrevista ao Blog. Durante o bate-papo, Almeida falou sobre sua trajetória política, opinou acerca das eleições 2010, defende o nome de Sérgio Carneiro como vice de Jaques Wagner, comentou a importância do seu partido e avaliou o mandato de Tarcízio Pimenta. Confira abaixo, a entrevista completa.

Jair Onofre: Vereador, o senhor veio de um partido de centro-esquerda, o PDT e PMN é um partido nacionalista. Como foi a sua acomodação dentro do PT?

Ângelo Almeida: Fui presidente desses dois partidos em Feira de Santana. O Deputado Federal Sérgio Carneiro me fez o convite para ingressar no quadro do PT. Antes de tomar a decisão, fiz questão de ouvir militantes e fundadores do partido, a exemplo de Jaime Cruz, atual presidente do partido, Gerinaldo Costa, Albertino Carneiro e do Deputado Estadual Zé Neto. Fui muito bem recebido. Quando o partido nos dá a oportunidade de disputar, exercitamos o debate político; isso é importante e acontece no PT.

J.O.: O senhor chegou ao PT e logo se elegeu vereador. Ficou o sentimento de que o senhor teria tirado uma vaga de um militante histórico. Isso é coisa do passado?

A.A.: Em alguns setores do partido esse sentimento existiu, mas foi algo bem fugaz. Não houve nada radical, por que quando eu fui para o partido eu fui somando. Trouxe bons companheiros; entre eles Suzana Pimentel, um quadro excelente da Universidade Federal do Recôncavo e que Feira de Santana também disputa. A companheira Railda, também professora, Pablo Roberto que é um dos grandes quadros que temos hoje na cidade, além de outros que contribuem com a gestão do governo do Estado. Temos que exercer a atividade política, tratando a todos com muita lealdade. É o que eu tenho feito dentro do PT, por que foi assim que conduzi toda a minha vida pessoal e política. Se colocarmos na balança, acredito que os fatos são muito mais positivos que negativos.

J.O.: Antes do processo eleitoral de 2008, o senhor participou do primeiro embate interno no partido que foram as prévias, que consistiu na escolha do candidato do partido a prefeito de Feira. A disputa foi entre Sérgio Carneiro – eleito candidato – e Zé Neto que tinha mais tempo de militância partidária, o que inclusive criou dificuldades na campanha de Sérgio Carneiro. O senhor acredita que com o PED que houve recentemente isso é coisa do passado?

A.A.: Iniciar um processo de encaminhamento político dentro de um partido como o PT, participando de uma disputa acirrada como a das prévias que aconteceu dia 20 de janeiro de 2008 foi uma prova de fogo. Mas esse embate, no qual prevaleceu a vontade da maioria dos filiados, foi fundamental para que pudéssemos realizar uma outra disputa política em 2009 (o PED), com muito mais tranqüilidade. No PED, quatro chapas concorreram às vagas dos diretórios estaduais e municipais do partido. Na disputa, eu apoiei a chapa liderada pelo companheiro Marialvo Barreto. Conquistamos um bom espaço no diretório e na executiva do partido, mas não vencemos. Acredito que saiu vencedor aquele que se organizou mais, que estava mais preparado para vencer, por que na verdade o companheiro Jaime Cruz fez uma bela campanha. Por outro lado, hoje há o sentimento de que o companheiro Jaime Cruz é uma pessoa talhada a pacificar o partido em Feira de Santana.

J.O.: O que lhe vislumbra ser PT?

A.A.: Ter uma vida pública partidária com 26 anos de idade é uma grande responsabilidade. O então candidato a prefeito e ex-governador João Durval me deu essa oportunidade. Ele me convocou para assumir a presidência do PMN e organizar o partido para a disputa de 1992, da qual saímos vencedores. Depois o deputado Sérgio Carneiro me convidou para assumir a presidência do PDT. Essas experiências me proporcionaram um embasamento e uma estrutura política que me permitem hoje estar no maior partido do país. Em Feira de Santana o PT precisa estar à altura do que ele é em nível estadual e federal. Para mim é um desafio muito grande com todos os companheiros do PT poder fazer este fortalecimento do partido em Feira de Santana, cumprindo um de seus papéis fundamentais de desenvolver boas disputas políticas. Além disso, fazer a sustentação dos movimentos sociais, dos movimentos sindicais dos trabalhadores de Feira de Santana. No PT existe hoje uma situação muito favorável por conta de todas as políticas públicas que ele conseguiu implementar não só no Brasil, como também na Bahia. É hora do PT de Feira de Santana se fortalecer para ter as condições necessárias de potencializar essas políticas públicas, das quais ele é um dos pilares.

J.O.: O senhor tem feito um mandato de oposição ao governo do município, posição inclusive que o eleitorado lhe colocou, junto com o candidato Sérgio Carneiro. Mas o senhor tem dado sinais de que pode votar em propostas do prefeito como, por exemplo, a escolha do procurador do município. Qual a avaliação que o senhor faz do governo Tarcízio Pimenta depois de um ano de mandato?
A.A.: Eu acredito que o prefeito está fazendo um esforço enorme para superar os mandatos do ex-prefeito (referindo-se a José Ronaldo). Esse esforço vem se realizando em uma posição exageradamente midiática em relação a informações que são passadas para a sociedade do que está acontecendo. Um exemplo disso é a Cidade Digital, bebedouros digitais. Eu acho que está havendo certo excesso na forma como o prefeito está querendo aparecer, como melhor do que o outro. Eu tenho impressão de que se o mesmo esforço feito pelo prefeito para acelerar essas obras e dar essa visibilidade digital à cidade, fosse estendido para proporcionar as condições necessárias à população para melhorar a qualidade de vida, talvez ele estivesse realizando um trabalho melhor e mais completo. Contudo, acho que o esforço que ele faz é importante. A nenhum prefeito de Feira de Santana será dado o direito de ser medíocre por que a cidade cresceu demais e possui uma receita que não permite a um gestor cometer atrocidades políticas ou erros drásticos. O prefeito tem feito um governo mediano.

J.O.: Tem havido um diálogo entre Tarcízio Pimenta e o governador Jaques Wagner. Há espaço como aliado dentro do grupo de Jaques Wagner para Tarcízio Pimenta?
A.A.: Eu acho que isso vai depender muito mais do prefeito do que do governador, por que este tem dado sinais à Bahia de que é uma pessoa que tem sensibilidade social e política. A forma com que o governador dialoga não é mais segredo para ninguém. É um homem de diálogo amplo e aberto a esse tipo de entendimento político, e já deu demonstrações de que aceitaria conversar tranquilamente com o prefeito Tarcízio Pimenta. Entretanto, me parece que o discurso feito pelo prefeito ao povo de Feira de Santana de que ele seria o terceiro mandato do ex-prefeito José Ronaldo, o deixa numa certa dificuldade. Talvez tenha sido justamente aquele discurso excessivo do terceiro mandato que o impede de, após um ano de governo, fazer uma inflexão política. E isso pode lhe gerar prejuízo político.

Sérgio Carneiro como vice-governador na chapa de Jaques Wagner
Postado em 29/1/2010 às: 04:08:40

J.O.: No passado, o PMDB de Feira de Santana tinha uma expressão nacional que foi Chico Pinto. O PFL teve João Durval, governador da Bahia que se transformou também numa expressão nacional. Neste momento o DEM tenta colocar o nome de José Ronaldo como expressão estadual com a vaga de senador. O PDT já tem um nome municipal com expressão nacional que é João Durval, novamente como senador. O PT é um partido forte no Brasil, forte na Bahia, forte em Feira de Santana. Qual a receita que o senhor dá para que o PT de Feira de Santana possa inserir também no contexto estadual uma expressão política?

A.A.: Se me fosse dada a oportunidade de fazer alguma sugestão ao nosso governador eu faria. Sinceramente, o PT de Feira de Santana tem um dos melhores quadros em níveis estadual e federal, que é o deputado Sérgio Carneiro. Com a sensibilidade política e social, com o exercício da intuitividade que o presidente Lula tem nos ensinado a exercitar, eu diria ao governador Jaques Wagner que é preciso avaliar a possibilidade de termos Sérgio Carneiro na chapa para vice-governador do estado, junto com ele. Por que essa avaliação? Por que a inserção de Sérgio como candidato a vice iria estimular muito Feira de Santana a fazer a luta da disputa política para o governo do estado com o governador Jaques Wagner. Iria estimular também o nosso senador João Durval a ir a campo, à televisão, aos grandes comícios fazer a disputa para reelegermos o governador Wagner no primeiro turno. É preciso destacar que Sérgio tem 12 anos de partido e é um quadro que honra o PT de Feira de Santana, da Bahia e do Brasil. Trata-se de um político que possui visibilidade nacional e além do seu próprio potencial, traria o senador João Durval para a disputa.

ANGELO ALMEIDA FALA SOBRE JOÃO DURVAL E O GOVERNADOR JAQUES WAGNER
Postado em 29/1/2010 às: 03:52:37

J.O.: O senhor admite que existe um distanciamento hoje entre o senador João Durval e o governador Jaques Wagner?
A.A.: A pessoa ideal para fazer esse comentário é o próprio senador. Eu posso falar como filiado do PT, como vereador do partido e como feirense – até por que a nossa cidade está numa posição prioritária em meus debates e em minhas posições políticas. Acredito que o senador João Durval deveria merecer do PT e do governador Wagner – pela importância que teve na caminhada – uma atenção especial. Assim como o governador, o senador também é aberto ao diálogo e ao debate. Ainda não é hora de ficarmos imaginando que o senador não vai fazer a disputa eleitoral. Ele vai fazer e eu espero que esteja do nosso lado.

J.O.: Essa indicação de Sérgio Carneiro ´é para trazer João Durval com toda a força para a campanha na região de Feira de Santana seria uma forma de frear essa possível candidatura do José Ronaldo de Carvalho a senador?
A.A.: A candidatura do deputado Sérgio Carneiro representaria uma série de vantagens para o governador e para a nossa chapa. A inserção do deputado Sérgio Carneiro na juventude é algo fantástico e deve-se à qualidade do mandato que ele vem exercendo. O deputado Sérgio Carneiro poderia contribuir com a articulação da campanha pela experiência que obteve, por exemplo, quando coordenou a campanha de João Durval aqui em Feira de Santana. É lógico que o governador tem hoje uma situação muito confortável, mas eu, se pudesse dar sugestão ao governador, diria que não é hora de abrir a guarda. Se nós pudéssemos fazer um enfrentamento na maior cidade do interior do estado da Bahia para fazer um contraponto ao ex-prefeito José Ronaldo, seria muito interessante por que daria uma repercussão em toda a região. Venho dizendo em toda a minha caminhada política: o que acontece em Feira de Santana reflete em cerca de três milhões de habitantes que estão gravitando em torno da cidade.

J.O. : Como é a sua relação com o Movimento dos Sem Terra?

A.A.: Muito boa. Tenho no MST grandes amigos. Em alguns momentos participamos de disputas, unidos do mesmo lado ou não. No PED, por exemplo, não estivemos juntos, mas isso não implica em diminuir a admiração que tenho pela luta do MST, que busca transformar a nossa sociedade, tornando-a mais igual. É o que eles querem e é o que nós do PT queremos também.

J.O.: Comenta-se sobre uma possível candidatura sua a deputado estadual...

A.A.: Essa é uma postulação que não é só minha. Há um grupo de pessoas que nos acompanha e fomenta no PT, a oportunidade de dizer para a sociedade que não podemos imaginar que o PT queira crescer numa cidade com aproximadamente 400 mil eleitores, tendo apenas um deputado estadual como representante na Assembléia Legislativa. É preciso que nós cresçamos também. Nós temos a pretensão de um dia governar, de ser poder, de lutar mais por Feira de Santana e para isso precisamos ousar. E ousar é fazer isso. É ir para a disputa, ir para o debate. Tanto eu, como o companheiro Marialvo Barreto estamos e vamos colocar os nomes à disposição do partido. Se o partido nos der essa possibilidade, Feira de Santana pode ter certeza que eu procurarei zelar da minha campanha e do meu mandato, se o povo assim quiser, da mesma forma que tenho feito enquanto vereador.

J.O.: Qual o diferencial de seu mandato na Câmara de Vereadores?

A.A.: Como a minha família já está construída e graças a Deus todos bem encaminhados, eu estou me dedicando integralmente a política. Não há mais nela, espaço para pessoas que querem usar e fazer da política um meio de vida, com objetivos pessoais. Isso eu aprendi em minha caminhada de quase 30 anos acompanhando, e agora, participando efetivamente. Portanto, estou devidamente preparado para exercer tanto um mandato de vereador quanto um de deputado. Não deve ser motivo de orgulho para ninguém falar que é direito, por que isso é uma obrigação de todos. Ser direito é algo que aprendi com o meu pai desde cedo. O que a nossa sociedade e o nosso eleitorado querem hoje é ter políticos honestos, exercendo mandatos públicos e sendo, verdadeiramente, representantes do povo. Essa é uma fórmula básica e não há mais o que inventar. Eu vou conduzir a minha vida pública enquanto vereador ou enquanto deputado, se Feira de Santana me der essa oportunidade, da mesma forma.

J.O.: Não poderia deixar de perguntar. Como está a sua relação com o deputado Zé Neto?

A.A.: Deveria ser melhor e vou trabalhar pra que isso aconteça. Tenho boas relações com alguns assessores dele e acredito que a nossa caminhada vai cuidar de melhorar todas elas, não só nossas, mas também entre os deputados Zé Neto e Sérgio Carneiro e outros companheiros, para que o PT de Feira de Santana alcance uma uniformidade e demonstre que há maturidade política para sermos capazes de aplicar a essência do modo petista de governar, em Feira de Santana.

J.O.: No último PED o senhor arriscaria dizer quem ganhou? Sérgio Carneiro, Zé Neto ou ninguém ganhou na disputa interna entre os dois?

A.A.: Pelo equilíbrio do presidente Jaime Cruz e pelo que tenho acompanhado não tenho nenhuma dúvida que ninguém perdeu. O PT de Feira de Santana foi quem ganhou com essa disputa e com a nova conjuntura política do partido na cidade.

Fonte Blog do Jair Onofre




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