"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

segunda-feira, 23 de abril de 2012

HOSPITAL DA MULHER: O SONHO E A REALIDADE

Embora não exiba assinaturas de quaisquer profissionais envolvidos com prestação de serviços no Hospital Inácia Pinto dos Santos, o Hospital da Mulher, percebe-se,  e o teor e a qualidade das sugestões elencadas na postagem anterior indica, que este movimento, embora tímido, aponta algumas dificuldades vividas por este importante nosocômio. Não é intelectualmente honesto negar que existe uma crise ,cada dia mais grave , na Assistência Materno Infantil em Feira de Santana. Hospitais como o HDPA voltados ,agora , para a Alta Complexidade, perderam o interesse em reinvestir em Obstetrícia e o HGCA vê-se às voltas com um sorvedouro sem fim de recursos públicos que se chama Emergência Médica. Os Hospitais Clériston Andrade e da Mulher mantém Unidades Intensivas e Semi-intensivas Neonatais e o HDPA não a possui, exibindo um berçário primitivo que resiste a mudanças e à reestruturação e modernização. Ainda que se deseje reestruturá-lo é honesto e prudente admitir que os interesses da Nova Santa Casa e do Novo HDPA voltam-se para o cumprimento das exigências da Portaria n°62 do MS que trata de Assistência Integral em Oncologia .Há, ainda, suas novas e avançadas relações com a Cardiologia Intervencionista e de Alta Complexidade ,sonho do ex-provedor e alcançado ,nos dias atuais,por parceria  com a inteligente e objetiva rêde privada. Como há área disponível e não me parece difícil construir uma Maternidade, o futuro Complexo Hospitalar defendido pelo Secretário Jorge Solla pode trazer um novo alento para esta tão importante ,vital e sesquicentenária Casa de Misericórdia. Teremos que esperar, contudo. E talvez esperar muito! O nó górdio é como investir recursos públicos em entidades privadas sem assumir o seu controle? É bom caminhar e esperar!

As demais Instituições Hospitalares de Feira são de perfil privado e regidas pelas relações contratuais com Planos de Saúde Privados. Algumas ,que atendiam SUS, devido à baixa remuneração ofertada por este Convênio , descartaram esta opção e investem,hoje, em ações que geram lucro,ou um "prejuízo" administrável,se preferirem.

O Inácia é um caso especial. Os profissionais, médicos e enfermeiras, diz a minha intuição, que encaminharam estas reinvindicações, amenas,diga-se de passagem, mostram preocupação com exercício da medicina ameaçada por uma grave onda de precarização, oriunda de contratos com cooperativas ,que os ignora solenemente e agem como empresas privadas com "donos" que enriquecem enquanto os médicos sobrevivem. Esta é uma distorção ,grave, que precisa ser corrigida.

Os bons companheiros do Inácia reclamam mais vagas e mais leitos obstétricos e reestruturação da Unidade de Tratamento Intensivo Neo-Natal, o que surpreende considerando que os atuais governantes prometem moderna UTI-Neonatal, alocada no famoso "puxadinho" do ex-Prefeito Zé Ronaldo e para isto,receberam milhões de reais em Modernos Equipamentos enviados pelo Ministério da Saúde e teem o dever de utilizar estes recursos da forma mais adequada possível. Desejo,sinceramente, que o façam.

Dentre as sugestões,há algumas delas que surpreendem e entristecem,a exemplo do pedido de aparelhos de baixo custo e de fácil aquisição, o Sonar Doppler e Aparelhos para  "aferir" a pressão sanguínea, disponíveis nos pré-partos ,que custam tão pouco que só a mais deslavada incompetência gerencial pode permitir esta grave omissão.

Preocupam-me as queixas sobre climatização e salas de cirurgia. O Inácia tem três grandes salas de cirurgia: 1-sala destinada á realização de cesáreas com sala anexa para Perinatologia; 2- salas de cirurgia com pé direito de 3,50 a 4 m que , de modo geral foram historicamente destinadas a cirurgias eletivas; 3- uma pequena sala de curetagem, acanhada, mas útil e bastante utilizada. Impõe-se construir uma UTI para adultos e reformar estas salas de cirurgia, mas parece não haver mais tempo levando-se em conta os interesses de reeleição do Alcaide que mergulhará, a partir de junho/julho em convenções e batalha eleitoral. 


Deixei este nosocômio em maio de 2010 esperançoso que o meu sacrifício funcional trouxesse melhoras reais para a Unidade Hospitalar. Uma nova mesa de cirurgia foi adquirida mas, infelizmente, continuam faltando apetrechos para a realização de procedimentos rotineiros como caixas de instrumentos e "laps" cirúrgicos.Alguns funcionários fizeram elogios à climatização,mas,agora,vê-se que a queixa é geral e ,médicos e enfermeiras denunciam a baixa qualidade da climatização realizada no Bloco Operatório. 

O que fizeram com recursos da ordem de R$26 milhões disponíveis para o gerenciamento da Fundação Hospitalar no Orçamento 2011?

O que fizeram com  dezenas de climatizadores disponibilizados pela municipalidade? Fizeram um planejamento para a sua utilização racional?

O que fizeram com dezenas de ventiladores , incubadeiras, berços aquecidos, unidades multisystem e respiradores microprocessados enviados pelo Ministério da Saúde?

Os níveis de insegurança aumentam ,segundo os poli-queixosos profissionais. A superlotação, resultante da crise, pune a todos. Desde os gerentes, na sua maioria despreparados, improvisados como gerentes de pé-quebrado, até médicos ,enfermeiras, técnicos e ,por fim, os próprios pacientes. 

O Inácia tem um extraordinário potencial e deve ser modificado de forma radical para voltar a dar certo. Gosto da idéia e compartilho-a com os colegas , não de um cardiologista por sala de pré -parto ,como está na pauta, mas da criação de um Serviço de Cardiotocografia que permitiria triar de modo científico os fetos com sofrimento intra-útero. Trata-se de muito boa sugestão e de fácil execução se considerarmos que custa bem menos do que contratar bandas milionárias para oferecer Circo ao Povo.
Voltaremos à análise desta lista ,em novos artigos, entretanto temos a mais profunda convicção ,que futuros governantes discutirão com a Comunidade Hospitalar uma reforma e ampliação deste Hospital,séria e responsável. É fundamental não esquecer o seu papel regional irreversível e a sua duplicação  física e  a criação de novos serviços será inevitável. 
A revolução do Novo Hospital da Mulher terá início com uma revisão arquitetônica e culminará com uma intensiva e ostensiva política de Humanização que passará por melhores condições de trabalho para a constelação de profissionais que aí ganha o pão de cada dia e oferecerá atendimento de qualidade ao seu público alvo, mulheres  e crianças pobres e de classe média que  necessitam do apoio das Instituições Públicas.

OLDECIR MARQUES 

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