"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Cientistas brasileiros sequenciam, pela primeira vez, DNA humano completo

Estudo coincide com os 10 anos do projeto que desvendou o DNA da bactéria Xylella fastidiosa e iniciou a pesquisa genômica no país

Foto: Divulgação/Impactlab
Imagem de uma sequência de DNA
Imagem de uma sequência de DNA

Cientistas brasileiros sequenciaram, pela primeira vez, no país, dois genomas completos: o de uma célula tumoral e o de um linfócito sadio - célula de defesa do sangue, que vieram de uma mulher indiana de 61 anos, com câncer de mama. O objetivo foi identificar diferenças no DNA que ajudem a entender a doença. O estudo coincide com os dez anos do projeto que desvendou o DNA da bactéria Xylella fastidiosa e iniciou a pesquisa genômica no Brasil.

O Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, em São Paulo, coordenou a investigação com amostras que vieram de um banco de células em Nova York. Em trabalho conjunto, o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ), sequenciou os dois tipos de células e gerou dados que permitiram a identificação de mutações pontuais.

Uma filial do Ludwig em San Diego, na Califórnia, também realizou o sequenciamento completo, mas produziu informações para o estudo de rearranjos nos cromossomos. As sequências geradas nos dois centros foram enviadas para a unidade paulistana do Ludwig, que fez uma análise minuciosa.

De acordo com a coordenadora da pesquisa, Anamaria Camargo, "um dos motivos pelos quais escolhemos o câncer de mama é sua prevalência entre as mulheres brasileiras". O estudo recebeu financiamento de R$ 2 milhões repassados pelos Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O Ludwig aportou quantia semelhante.

O diretor científico do Instituto Ludwig mundial, o inglês Andrew Simpson, entende que "esta é uma pesquisa de fronteira, semelhante à realizada pelos principais grupos que estudam genômica do câncer no mundo".

Até o momento, somente nove artigos sobre o genoma do câncer foram publicados. O estudo brasileiro será o décimo e o primeiro a comparar o DNA completo de um tumor com o de uma célula sadia.

Há 10 anos, 200 pesquisadores participaram do sequenciamento da Xylella, que obteve repercussão internacional, colocando o Brasil na vanguarda da pesquisa biotecnológica mundial. Na época, revistas científicas como a The Economist e a "Nature", confirmaram a posição dos pesquisadores brasileiros entre os cientistas dos países ricos.

Interessados na genômica do câncer, Simpson e Anamaria já desenvolveram um projeto que sequenciou o DNA de uma praga dos laranjais. Como a maioria dos 35 grupos que participaram do projeto, eles não queriam estudar uma bactéria, mas aprender a revelar as letras químicas que constituem o código genético - idênticas para todos os seres vivos.

Para o diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique de Brito Cruz, "o Projeto Xylella atingiu plenamente seu objetivo principal: formar pesquisadores capazes de utilizar as ferramentas de sequenciamento". A entidade foi responsável pelo projeto, em 1997, que consumiu recursos da ordem de US$ 15 milhões.

O sequenciamento completo do genoma humano para estudo do câncer está sendo considerado como resultado de uma das mais produtivas pesquisas científicas nacionais e será publicado em uma revista científica internacional.

"O Projeto Xylella foi o pontapé inicial de tudo o que foi feito com genoma no Brasil desde então", apontou Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, pesquisadora do Laboratório de Bioinformática do LNCC e coordenadora da Rede Nacional de Sequenciamento de DNA.

Fonte: Isaude.net

IBOPE CONFIRMA :DILMA CRESCE

Dilma lidera com 39% e Serra tem 34%, segundo pesquisa Ibope

Portal Terra

DA REDAÇÃO - A candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, aparece na liderança da corrida presidencial com 39% das intenções de voto, contra 34% do candidato do PSDB, José Serra, segundo pesquisa Ibope divulgada nesta sexta-feira (30) pelo Jornal Nacional . A candidata do PV ao Palácio do Planalto, Marina Silva, registra 7%.

Segundo o levantamento, os votos brancos e nulos somam 7%. Enquanto 12% dos entrevistados não souberam ou não responderam. A margem de erro de é dois pontos percentuais.

O Ibope também fez uma simulação de um segundo turno entre Dilma e Serra, a petista aparece com 46% e o tucano com 40%.

Encomendada pela Rede Globo, a pesquisa foi realizada entre os dias 23 e 30 de julho e registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 24 de julho de 2010, sob o número 20809/2010.

Agricultura familiar trouxe a paz para o campo

FOTO:

Agricultura familiar trouxe a paz para o campo

30.07.2010

A candidata Dilma Rousseff declarou hoje que a existência de um clima atual de paz no campo se deve à execução de um amplo programa de estímulo à agricultura familiar, envolvendo financiamento, assentamento de famílias e assistência técnica.

“Nós construímos a paz no campo através do único jeito que é permanente: através de oportunidades para os pequenos agricultores”, disse a candidata, em entrevista a rádio Guaíba, de Porto Alegre.
Para ela, a combinação de medidas efetivas como o aumento do volume de financiamento para o segmento – de R$ 2 bilhões em 2002 para R$ 16 bilhões neste ano – e o diálogo com os movimentos sociais viabilizou o cenário atual de distribuição e geração de renda na área rural.

“A única eficácia de política social é não tratá-la como questão de polícia; é mudar as condições”, afirmou ao acrescentar, porém, que qualquer ilegalidade deve ser tratada com providências drásticas.
Dilma chegou a Porto Alegre, na tarde de ontem, onde participou, à noite, com a presença do presidente Lula, de um comício, no ginásio Gigantinho. Nesta capital, Dilma viveu parte de sua vida e assumiu cargos políticos antes de vir para Brasília.

Bolsa Família

Ela destacou que o programa Bolsa Família faz parte de um conjunto de ações responsáveis pela saída de 24 milhões de pessoas da pobreza, do campo ou da cidade. No caso da área rural, Dilma lembrou que o programa é combinado com projetos voltados para a agricultura familiar.

“Nós queremos alavancar a renda rural e permitir que se forme uma classe média no campo”, disse, lembrando que os pequenos agricultores têm acesso a crédito, assistência técnica e condições facilitadas de financiamento para a compra de máquinas e tratores.

Pleno emprego

O conjunto de programas sociais desenvolvidos pelo governo federal está permitindo, segundo Dilma, aos brasileiros viver uma situação nova: “ É impossível não perceber que hoje tem uma situação de quase pleno emprego no Brasil”. A meta do atual governo é chegar até o final deste ano com a geração de 16 milhões de empregos com carteira assinada.

É um cenário que, para a candidata, mostra a capacidade e a vontade política do atual governo e de sua candidatura em realizar mudanças. Segundo Dilma, há uma tentativa da oposição de transformar a eleição numa discussão sobre medo, a exemplo do que ocorreu em 2002.

Ela questiona: “sabe como vou responder a essa patética tentativa de transformar essa eleição numa discussão sobre o medo? Nós vamos responder com todas as realizações que fizemos como governo”.
Dilma lembrou que o país deixou para trás uma era de estagnação e está numa situação de progresso, na qual a discussão hoje é se o Brasil cresce de 6,5% a 7,5% ao ano.

Metrô

Dilma concedeu também entrevista a rádio Gaúcha, durante a qual assegurou que se eleita, vai trabalhar para concretizar a implantação do metrô de Porto Alegre, previsto no PAC 2. Além disso, segundo ela, são necessárias obras de duplicação, de forma selecionada, de rodovias importantes para escoamento da produção agricultura e industrial do estado.


Apoio de Ciro alavanca campanha de Dilma

Autor(es): Ana Paula Siqueira
Jornal do Brasil - 30/07/2010

Deputado almoça com petista, de quem se diz admirador


O apoio de Ciro Gomes (PSB-CE), que chegou a ser cotado para concorrer à Presidência, pode ser um divisor de águas para a presidenciável petista Dilma Rousseff. Pela primeira vez, após ter sua candidatura minada, ele conversou com Dilma, durante almoço ontem, em Brasília. E garantiu que ela poderá contar com seu apoio.

Ciro, que chegou a dizer que ficou bastante triste com o PSB por tê-lo trocado em nome de Dilma, tentou deixar transparecer que o estremecimento é coisa do passado.

Ele preferiu não falar sobre uma possível participação em propagandas de rádio e televisão ou em comícios. Mas, garantiu que receberá a candidata no Ceará.

Você acha que se chegar uma pessoa como a Dilma, de quem eu sou amigo a tantos anos, de quem eu sou companheiro, admirador, quem o meu partido está apoiando, eu deixaria de recebêla? Em nenhuma circunstância garantiu.

A medida do engajamento é ainda uma incógnita.

Ciro afirmou que o entusiasmo será incrementado na proporção em que as suas preocupações com o futuro do país forem se revelando.

Poder de Minerva O cientista político da UnB, Davi Fleischer, avalia que o simples apoio de Ciro a Dilma poderá alavancar ainda mais sua candidatura.

Principalmente, no Nordeste e em São Paulo, onde ele foi cotado para concorrer ao governo estadual.

Para o cientista, o ex-pré-candidato ao Planalto tem certa reserva moral que poderá favorecer Dilma. Afinal, ele passou incólume no escândalo do mensalão, em 2005.

Quando a candidatura dele acabou, as pesquisas mostraram que a preferência em torno de Ciro migrou para Dilma disse.

O também cientista político, Leonardo Barreto, afirma que é um apoio importante.

Isso porque Ciro, afirma, tem representatividade também entre setores do empresariado.

Certamente renderá dividendos eleitorais para Dilma acredita.

A petista sabe bem do poder de Ciro. Depois do encontro, a presidenciável afirmou que seu aliado terá o papel que quiser em sua campanha. Lembrando a lealdade dele durante o escândalo de 2005, Dilma se mostrou otimista: Tenho a impressão de que ele vai participar muito ativamente da campanha para nós e para o Cid Gomes, no Ceará.

À noite, Dilma partipou de um evento no Ginásio Gigantinho, em Porto Alegre, onde estava prevista a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

.Fotos: 20 mil pessoas no comício de DilmaRousseff em Curitiba. Minguados 400 militantes no comício de Jose Serra em Duque de Caxias – RJ

Posted: 31 Jul 2010 04:38 PM PDT

Foto: Divulgação

Foto: divulgação

Foto: Felipe Fittipaldi, Folhapress (Nenhuma foto foi publicada para constatar o fracasso do comício de José Serra, foto só em plano fechado, fechadinho!)

Posted: 31 Jul 2010 09:45 AM PDT

Cristiana Lobo, G1

“A pesquisa Ibope divulgada nesta sexta-feira mostra que o PT atingiu o objetivo estabelecido: o de levar a candidata Dilma Rousseff à dianteira nas pesquisas eleitorais até o início do propaganda na televisão, que vai começar dia 17. Dilma abriu uma diferença de cinco pontos porcentuais sobre José Serra – 39% a 34%. Segundo a pesquisa, Dilma subiu três pontos e Serra caiu dois pontos porcentuais.

Segundo dados da pesquisa, Dilma subiu nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Apenas na região Sul José Serra recuperou pontos, onde subiu de 42% para 46% das intenções de votos, contra Dilma que perdeu quatro pontos – de 35% para 31%. Esta é a única região em que Serra está na frente.

A principal virada de Dilma foi na região Sudeste – a mais populosa, com 58,9 milhões de eleitores ou 43,3% do eleitorado. Nesta região que reúne os Estados do Rio, Minas e São Paulo, Dilma fica com 37% das intenções de votos contra 35% para Serra que, aliás, se segura em São Paulo, mas perde a dianteira para Dilma em Minas. Ela ainda abre vantagem de 19 pontos porcentuais sobre Serra no Rio de Janeiro – terra do vice de Serra, Índio da Costa. Dilma ainda avança sobre o eleitorado de Serra nas regiões Norte e Centro-Oeste – ela sobe 5 pontos porcentuais e Serra perde.

A esta altura da campanha, portanto, vê-se que Dilma superou a marca do PT que era de algo em torno de 33%. Com 39% das intenções de votos, ela está agregando votos que lhe são transferidos pelo presidente Lula – por exemplo, da faixa dos menos escolarizados e voto feminino, eleitorado nitidamente beneficiado pelos programas sociais do governo.”
Matéria Completa, ::Aqui::
BRASIL,BRASIL


quinta-feira, 29 de julho de 2010

NÚMERO DE MORTES DE IDOSOS POR QUEDAS AUMENTA QUATRO VEZES.

O índice, segundo a SES/SP, passou de 7,6 mortes a cada 100 mil, em 2000, para 28,4 para cada 100 mil, em 2008

Foto: Divulgação/Hospitals
Homens idosos exercitando-se com acompanhamento médico
Homens idosos exercitando-se com acompanhamento médico

O número de mortes de pessoas com mais de 60 anos provocadas por queda aumentou quatro vezes em dez anos, segundo levantamento divulgado hoje (23) pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. O índice passou de 7,6 mortes a cada 100 mil, em 2000, para 28,4 para cada 100 mil, em 2008. Foram registradas 253 mortes há oito anos e no ano retrasado o número subiu para 1.240.

Segundo o médico geriatra e coordenador clínico do Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia , Anderson Della Torre, o aumento da expectativa de vida da população é uma das razões do crescimento das mortes. Ele destaca ainda que também houve melhoras na notificação das mortes por quedas e dos registros de dados.

" A outra questão é que houve um aumento do número de idosos com mais de 85 anos. E esses cresceram muito mais do que os idosos jovens (com menos de 85 anos)" , ressaltou o médico.

Della Torre enfatizou que todos sofrem com quedas, mas os mais velhos são mais suscetíveis.

De acordo com os dados divulgados, 32% dos pessoas com 65 a 74 anos caem uma vez por ano e entre aqueles que estão acima o percentual aumenta para 51%. " Os muito idosos caem mais e têm um risco de óbito muito maior porque sua capacidade de recuperação é menor, devido à sua reserva funcional ser mais deficitária. Por isso a mortalidade aumenta nessa faixa etária" .

O ambiente onde vive a pessoa pode ser uma das causas para os acidentes. Segundo o geriatra, móveis em locais impróprios, pisos escorregadios, muitas escadas, iluminação precária, podem expor a pessoa ao acidente, além dos fatores intrínsecos ao organismo. " Com o envelhecimento, a visão fica prejudicada, a sensibilidade com relação ao piso diminuída, há perda de audição, alterações osteomusculares, o que causa menos força, reflexo e equilíbrio, além das doenças crônicas, como hipertensão, diabetes ou das neurológicas, como o Parkinson" .

Para evitar os tombos o médico aconselha que o ambiente seja revisto, com atenção para os tapetes, móveis, escadas, rampas, sinalização, corrimões nos banheiros, pisos não escorregadios, calçados adequados. " Essas medidas são aplicáveis e é preciso também fazer sempre uma avaliação clínica. Quando há um histórico de queda é um sinal de que algum evento agudo aconteceu. É preciso entender a queda como um sinal de que algo está errado, podendo ser até um medicamento que cause algum desequilíbrio" .

Dalla Torre afirmou também que as quedas envolvem até uma questão social, porque causam no idoso uma " síndrome de pós-queda" , que é o medo de cair que leva o leva a evitar a exposição fora de sua casa. " Ele fica em um isolamento social, então não podemos ver só a consequência física, temos que olhar também o resultado psicológico e social de uma queda porque isso afeta a qualidade de vida dele o que provoca a perda de autonomia e da independência" .

Fonte: AGÊNCIA BRASILCola para os nervos

Cientistas da Unicamp estudam combinação de células-tronco e selante derivado de veneno de serpente para reimplantar raízes nervosas após lesões na conexão entre o sistema nervoso central e o periférico (foto: Laboratório de Regeneração Nervosa/Unicamp)

Especiais

Cola para os nervos

29/7/2010

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – A realização de reparos eficientes em lesões do sistema nervoso é um desafio para a medicina. Compreender o rearranjo dos circuitos neurais provocado por essas lesões pode ser um passo fundamental para otimizar a sobrevivência e a capacidade regenerativa dos neurônios motores e restabelecer os movimentos do paciente.

A partir de investigações sobre esses mecanismos de rearranjo dos circuitos nervosos, um grupo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está desenvolvendo um modelo inovador que associa terapia celular ao reimplante das raízes nervosas.

Para restabelecer a conexão entre o sistema nervoso periférico e o central, os pesquisadores utilizam células-tronco mononucleares de medula óssea e uma “cola” desenvolvida a partir do veneno de serpentes.

O projeto é coordenado por Alexandre Leite Rodrigues de Oliveira, professor do Departamento de Anatomia, Biologia Celular e Fisiologia e Biofísica, e conta com apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.

Participam também do projeto Roberta Barbizan, orientanda de doutorado de Oliveira no Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Estrutural da Unicamp, Rui Seabra Ferreira Júnior, professor do Departamento de Doenças Tropicais e Diagnóstico por imagem da Faculdade de Medicina (FMB) da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), em Botucatu e Antônio de Castro Rodrigues, professor da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), da USP.

Coordenador do Laboratório de Regeneração Nervosa da Unicamp, Oliveira apresentou na segunda-feira (26/7), durante o 15º Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular, em São Paulo, modelos utilizados por sua equipe para investigar os mecanismos de regeneração do sistema nervoso central e periférico.

Este ano, o grupo já publicou artigos sobre o tema nas revistas Neuropathology and Applied Neurobiology, Journal of Comparative Neurology e Journal of Neuroinflammation.

“Após lesão no sistema nervoso – periférico ou central –, ocorre um rearranjo considerável dos circuitos neurais e das sinapses. Entender esse rearranjo é importante para determinar a sobrevivência neural e a capacidade regenerativa posterior”, disse Oliveira à Agência FAPESP.

Para estudar os mecanismos de regeneração, os cientistas utilizam técnicas que unem microscopia eletrônica de transmissão, imuno-histoquímica, hibridação in situ e cultura de células gliais e neurônios medulares.

“Procuramos associar a terapia celular ao reimplante das raízes nervosas. Para isso, temos usado células-tronco mesenquimais e mononucleares no local da lesão ou nas raízes reimplantadas. A ideia não é repor neurônios, mas estimular troficamente essas células e evitar a perda neural, de modo a conseguir otimizar o processo regenerativo”, disse.

O projeto mais recente do grupo envolve o uso de um selante de fibrina – uma proteína envolvida com a coagulação sanguínea –, produzido a partir de uma fração do veneno de jararaca pelo Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu.

“Os axônios dos neurônios motores saem da medula espinhal e entram na raiz nervosa, dirigindo-se aos nervos. O nosso modelo emprega essa ‘cola’ biorreabsorvível para reimplantar as raízes nervosas na superfície da medula, onde o sistema nervoso periférico se conecta ao sistema nervoso central. Associamos essa adesão às células-tronco, que produzem fatores neurotróficos – isto é, moléculas proteicas capazes de induzir o crescimento e a migração de expansões das células neurais”, explicou Oliveira.

Quando as raízes motoras são arrancadas, cerca de 80% dos neurônios motores morrem duas semanas após a lesão. Mas os motoneurônios que sobrevivem têm potencial regenerativo após o reimplante de raízes nervosas.

“Porém, na maioria das vezes, o reimplante das raízes não é suficiente para se obter um retorno da função motora, porque a lesão causa uma perda neuronal grande demais. Por isso, é preciso desenvolver estratégias para diminuir a morte neuronal após a lesão. Achamos que o uso do selante de fibrina pode auxiliar nesse processo”, indicou.

Segundo Oliveira, quando há uma lesão periférica – comum em acidentes de trabalho, por exemplo –, com transecção ou esmagamento de nervos, ocorre uma resposta retrógrada, isto é, uma reorganização sináptica visível na medula espinhal, onde se encontram os neurônios.

“O interessante é que, quando a lesão é periférica, o neurônico sinaliza de alguma forma para a glia – o conjunto de células do sistema nervoso central que dão suporte aos neurônios –, que se torna reativa. Essa reatividade está envolvida no rearranjo sináptico por meio de mecanismos ainda pouco conhecidos. Nosso objetivo é compreender e otimizar esse processo de rearranjo sináptico para, futuramente, criar estratégias capazes de melhorar a qualidade da regeneração neuronal”, afirmou.

Rearranjo sináptico

No laboratório da Unicamp, os cientistas induzem em ratos e camundongos doenças como a encefalomielite autoimune experimental – que é um modelo para estudar a esclerose múltipla. Após a indução de uma forma aguda da doença, os animais apresentam todos os sinais clínicos, tornando-se tetraplégicos de 15 a 17 dias após a indução.

“Por outro lado, eles se recuperam da tetraplegia muito rapidamente, entre 72 e 96 horas. O rearranjo sináptico induzido pela inflamação é tão grande que paralisa completamente a funcionalidade tanto sensitiva como motora, mas de forma transitória”, disse Oliveira.

No entanto, a esclerose múltipla destrói a bainha de mielina, uma substância que isola as terminações dos nervos e garante o funcionamento dos axônios. Segundo Oliveira, porém, essa bainha se recupera em surtos temporários: em alguns momentos há desmielinização; em outros, a resposta imune fica menos ativa, permitindo que a bainha de mielina se recomponha.

“O paradoxal é que, mesmo que a remielinização não tenha se completado, o animal volta a andar normalmente. Nossa hipótese é que o processo autoimune causa lesões cuja repercussão no sistema nervoso central é similar àquela que ocorre após uma injúria axonal. Transitoriamente, os neurônios param de funcionar. Quando a inflamação cede, as sinapses retornam muito rapidamente. No modelo animal, em algumas horas a função é retomada e os sinais clínicos vão desaparecendo”, disse.

Além do modelo da esclerose múltipla, os cientistas trabalham também com um modelo de lesão periférica dos nervos e na superfície da medula espinhal.

“Quanto mais perto da medula ocorre a lesão, mais grave a lesão em termos de morte neuronal. Todas são graves, mas aquela que ocorre perto da medula causa perda neuronal e aí não há perspectiva de recuperação. Mesmo com as vias íntegras, o neurônio que conecta o sistema central com o músculo morre e nunca mais haverá recuperação”, explicou o professor da Unicamp.

“Tanto no animal como no homem, ocorre uma perda grande de neurônios, mas da pequena porcentagem que resta, apenas cerca de 5% consegue se regenerar. No homem, entretanto, há uma demora de mais de dois anos para que se recupere alguma mobilidade. No rato, a mobilidade é recuperada em três ou quatro meses”, disse.

“Uma vez que isso foi descoberto, começou-se a tentar reimplantar as raízes, desenvolvendo estratégias cirúrgicas e tratamentos com drogas que evitem a morte neuronal nesse período em que há desconexão. Essa parece ser a saída mais promissora para evitar a perda neuronal e otimizar a regeneração”, afirmou.